Risco de extinção de carreira de cobrador desafia trabalhadores a planejar o futuro

Na linha de tantas outras carreiras, a tecnologia pode mandar desembarcar do mercado uma profissão tão tradicional quanto o próprio sistema de transporte coletivo de Aracaju: a de cobrador de ônibus. A medida que o transporte público se moderniza, o cobrador de ônibus vem perdendo a função.

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UnB), divulgada em fevereiro de 2019, colocou os cobradores como a terceira categoria com maior chance de ser extinta pela tecnologia. Com a bilhetagem eletrônica crescendo, os cobradores se preocupam quanto as oportunidades disponíveis no mercado de trabalho.

A nossa equipe de reportagem conversou com alguns cobradores que preferiam não se identificar sobre o que eles esperam do futuro.

“Com a modernização da bilhetagem eletrônica teremos muito desemprego para os cobradores no futuro. Aqui em Aracaju a realidade não está muito distante. Eu já estou pensando em fazer curso de qualificação em outra área”, afirmou. Outro cobrador também falou sobre o assunto.

“Nas outras cidades do país já vemos poucos cobradores e mais bilhetagem eletrônica, aqui não será diferente, mas é preciso reforçar que nem sempre o motorista vai ter aquela atenção de estar cobrando e dirigindo. Nós ajudamos muito os motoristas”.

Novas tecnologias facilitam a vida dos usuários e ameaçam emprego dos cobradores

Na profissão há quatro anos, a cobradora que não quis se identificar afirmou que ela e seus colegas já buscam outras qualificações para quando o momento chegar.

“A gente já está em uma situação difícil de emprego, com a extinção da profissão muitas pessoas ficarão desempregadas. Os cobradores estão começando a pensar agora sobre a situação e estão buscando outras qualificações para quem sabe sermos recolocados na empresa”, relata. 

Segundo levantamento da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), o posto de cobrador já não existe em 32 cidades brasileiras. E outros 31 municípios operam a função de forma parcial, ou seja, uma parte da frota atua com cobrador e a outra sem.

Apesar de ser em poucas linhas, em Aracaju o transporte público também opera de forma parcial. É o que explica a superintendente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Município de Aracaju (Setransp), Raissa Cruz. 

“Em Aracaju alguns ônibus não contam com cobrador, isso acontece em locais com pequena movimentação de passageiros, mas na grande maioria, os ônibus ainda estão com motoristas e cobradores exercendo cada um sua função, mesmo com a gente contando com 70% dos passageiros utilizando a bilhetagem eletrônica”, afirma.

A superintendente do Sentransp, Raissa Cruz, explica as vantagens que as mudanças trarão.  

“A gente tem acompanhado que é uma realidade nacional algumas capitais já extinguindo a movimentação de dinheiro no ônibus utilizando apenas a bilhetagem eletrônica e muitas outras caminhando para isso, investindo na ampliação da bilhetagem até chegar ao ponto de que no ônibus seja apenas com ela. Isso gera ao passageiro comodidade, segurança e mobilidade. Essa realidade deve chegar de forma total em Aracaju, essa é a expectativa do Setransp”, diz.

Para o Setransp, a alguns caminhos que poderão ser adotados pelos operadores do transporte coletivo quando o momento chegar. 

“Estamos nos preparando investindo na capacitação deste para quem sabe se tornarem motoristas ou outros funcionários no setor do transporte”, salienta Raissa Cruz. 

Como oportunidade de qualificação de cobradores, o SEST SENAT, oferece gratuitamente aos cobradores de ônibus que desejam trabalhar como motoristas profissionais um curso na área.  O objetivo é qualificá-los diante das constantes transformações e demandas do mercado de trabalho; dessa forma, o projeto contribui para a empregabilidade, principalmente frente à crescente adoção da bilhetagem eletrônica nos ônibus urbanos.


Por Cris Silva
Foto: Cris Silva

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