“Reabertura do comércio é um atentado e gestores serão responsabilizados pelas mortes”, diz presidente da CUT

A Central Única dos Trabalhadores em Sergipe (CUT-SE) reafirmou nesta quinta-feira (2) o apoio às autoridades municipais e estaduais em manterem em vigor os decretos que proíbem a reabertura do comércio neste momento de pandemia causada pelo coronavírus.

Preocupada com o resultado da reunião do governador Belivaldo Chagas com representantes do empresariado sergipano, realizada na terça-feira (31), em que o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Sergipe, Marco Pinheiro, afirma que o governador avaliará a possibilidade de reabertura gradual do comércio, a principal central de trabalhadores no estado avalia que a possível medida neste momento seria um grave erro e colocará a perder todo o esforço dos sergipanos para controlar a disseminação da doença em Sergipe por meio do isolamento social.

Segundo a secretária de Relações do Trabalho da CUT/SE, Caroline Santos, caso o contágio se espalhe de forma descontrolada e haja um crescente número de mortes dos trabalhadores, os gestores públicos deverão ser responsabilizados por essa decisão política perversa que expõe os trabalhadores.

“Sabemos que enquanto os empresários vão trabalhar em seus carrões de luxo, de vidro fechado e ar-condicionado, a maioria da população vai ao trabalho em ônibus lotados. Já no trajeto para o trabalho, dentro do transporte coletivo, o risco de transmissão do coronavírus é enorme. Os gestores públicos, governadores e prefeitos precisam agir com responsabilidade diante desta doença altamente contagiosa e letal, ao invés de tomar medidas para agradar os patrões que só pensam no lucro e não pensam na saúde do trabalhador”, afirma Carol.

Admilson Ramos, secretário da Saúde do Trabalhador da CUT/SE alerta que vários países em todo o mundo acumularam mortes antes de aprender a importância do isolamento social. De acordo com o dirigente sindical, isso não precisa acontecer nem em Sergipe nem no Brasil.

“O mundo todo viu o que aconteceu em Milão, onde o prefeito disse que todo mundo deveria trabalhar e agora que as mortes chegaram a milhares e ele pede desculpas. Nos Estados Unidos, Trump estava numa linha de que todos tinham que trabalhar e agora, depois de acumular milhares de mortes da população, baixou um decreto de que toda a população deve entrar em quarentena. Estamos diante de uma doença que se espalha pelo mundo de forma rápida, uma doença que ainda está sendo estudada por pesquisadores de vários países. Não é momento do governador de Sergipe, visando o lucro dos empresários, decidir colocar em risco a saúde dos trabalhadores expondo Sergipe ao contágio comunitário”, avalia Admilson.

O presidente da CUT/SE, Roberto Silva, destaca que todas as vidas importam e salienta que os sindicatos não aceitarão calados a reabertura do comércio sergipano em meio à pandemia internacional do coronavírus.

“Parece que eles partem da ideia de que os trabalhadores são substituíveis. Podem adoecer e morrer, pois haverá outro trabalhador para substituí-lo, quando na verdade a vida vale mais que qualquer coisa e a vida de todas as pessoas importa. A CUT vai cobrar responsabilidade dos gestores pela morte dos trabalhadores se houverem medidas de flexibilização para expor o estado à contaminação comunitária”, adverte Roberto.

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