Mobilidade urbana: a importância da infraestrutura de embarque e desembarque

O serviço de transporte público coletivo de passageiros responde pela maior parte dos deslocamentos realizados nas cidades brasileiras. Os órgãos gestores desses serviços encontram dificuldades em regulamentar critérios e normas que possibilitem um equilíbrio entre os interesses do órgão gestor, empresas operadoras e usuários, o que implica, dentre outros impactos a perda da qualidade do serviço prestado e um consequente processo de migração de usuários do transporte coletivo para o individual.

Para quem utiliza o transporte, os terminais, pontos de ônibus e calçadas são fundamentais para uma experiência de qualidade, não é necessário apenas oferecer aos passageiros ônibus novos, confortáveis e limpos se o caminho até o veículo for cheio de barreiras e inconvenientes, tais como ausência de calçadas, terminais confusos e mal projetados, e pontos de parada depredados ou expostos à insegurança e às variações do clima. Assim, é impossível falar em melhoria do serviço sem considerar a importância da chamada infraestrutura de embarque e desembarque. 

Para o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Município de Aracaju (Setransp), a mobilidade urbana não se dá apenas com a estrutura viária, mas envolve também outros fatores, é o que afirma a superintendente do Setransp, Raissa Cruz. 

Infraestrutura das plataformas de embarque e desembarque é segurança para os usuários

“Tudo que for feito de melhoria envolvendo as calçadas, os pontos de paradas e os terminais de integração vai beneficiar a mobilidade para todos. O sindicato entende que é necessária essa infraestrutura e percebe uma sensibilidade do gestor municipal quanto ao assunto”, diz.

Segundo levantamento realizado junto ao Setransp, há cinco terminais e todos contam com estações de integração em Aracaju. A gestão dessas estruturas é administrada pelo poder público. E é aí que chegamos a um dos principais impasses: quem deve, realmente, cuidar desses terminais? Segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), os principais atributos de um terminal de ônibus são: pagamento antecipado, por que diminui o tempo de embarque e o tempo total de viagem, embarque em nível e acessibilidade, informações (linhas e horários dos ônibus) em tempo real para os passageiros, estações fechadas, bem iluminadas e seguras. Visitamos os principais terminais de Aracaju para saber o que as pessoas acham. Segundo os passageiros, as paradas fazem falta.

“Os pontos de ônibus e de paradas não são bons. Onde eu estou nem tem ponto, a gente fica procurando uma sombra para se proteger. Uma vez eu peguei chuva enquanto aguardava o transporte. Muito ainda precisa ser feito”, afirma o passageiro Júnior Lima. 

Carro estacionado em ponto de ônibus dificultando o embarque e desembarque de passageiros

A passageira Aline Melo utiliza o transporte duas vezes ao dia para ir e voltar do trabalho. Para ela, os terminais precisam de atenção especial do poder público.

“Os terminais da nossa capital não são bons. As estruturas estão precárias, os banheiros sempre sujos e com mau cheiro, as informações são incompletas nas placas, inclusive faltam fiscais para orientar os passageiros nos terminais. Sobre o ponto de ônibus, você está vendo minha situação. Tem cobertura, mas é mal projetada e o sol fica em nosso rosto, estou segurando uma bolsa para poder me proteger do sol”, relata. 

Segundo o superintendente da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), Renato Teles, dentro do plano de mobilidade urbana de Aracaju está a construção de um novo terminal e reformas em outros. “A construção do novo terminal do Mercado será totalmente requalificada com novos banheiros e nova estrutura. Além dele, está contemplado no plano de mobilidade urbana a reforma do terminal Dia e da Atalaia que passarão por uma remodelagem. Todos eles contemplam a parte de sinalização e informações das linhas de ônibus. Quanto a questão da segurança, os números mostram uma redução drástica de quase 80% graças a um esforço da Guarda Municipal, Polícia Militar, Secretaria de Segurança Pública e o Setransp”, salienta Renato Teles. 

Plataforma de embarque e desembarque de passageiros pichada e deteriorada

Sobre os pontos de parada e calçadas, a SMTT afirmou por meio de nota que “além do recapeamento asfáltico que está sendo executado nos quatro principais corredores da cidade, o da Beira Mar, Hermes Fontes, Augusto Franco e Centro/Jardins, nesses corredores serão instalados novos abrigos de ônibus. Com isso, os abrigos antigos serão recuperados e instalados em outros pontos da cidade, em que há maior necessidade. A SMTT está fazendo a avaliação desses pontos”.


Por Cris Silva
Fotos: Cris Silva

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