Manifestantes enfrentam tropas federais em protestos contra política imigratória de Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autorizou neste sábado (7) o envio de 2.000 integrantes da Guarda Nacional à cidade de Los Angeles, em resposta aos protestos desencadeados pelas recentes operações de agentes federais de imigração.

A ordem foi formalizada por meio de um memorando presidencial, segundo informou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt.

“O envio visa lidar com a ilegalidade que foi permitida”, disse ela em comunicado oficial.

As manifestações ganharam força no Bairro de Paramount, onde a população majoritariamente latina se mobilizou após relatos de operações do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) nas redondezas. A área, que abriga cerca de 50 mil habitantes, registrou a segunda noite consecutiva de confrontos com as forças de segurança.

Segundo relatos de moradores e veículos da imprensa local, os manifestantes atiraram objetos contra os agentes do ICE, que reagiram com gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral. Partes de uma rodovia foram temporariamente fechadas pelas autoridades durante a operação.

A mobilização da Guarda Nacional, uma força de reserva militar geralmente acionada em desastres naturais, é considerada uma medida incomum para lidar com manifestações civis. A última vez que esse tipo de resposta foi utilizada em larga escala ocorreu em 2020, após os protestos decorrentes da morte de George Floyd.

O secretário de Defesa, Pete Hegseth, elevou o tom ao afirmar nas redes sociais que, se necessário, o Exército também poderá ser mobilizado.

“Os fuzileiros navais da base de Camp Pendleton já estão em alerta”, afirmou.

As ações do governo federal provocaram reações imediatas. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, classificou a medida como “propositalmente inflamatória”. Em publicação na rede social X (antigo Twitter), ele afirmou que a decisão “apenas aumentará as tensões”.

A prefeita de Los Angeles, Karen Bass, também se posicionou, defendendo o direito ao protesto pacífico e criticando os episódios de violência.

“Alguns moradores estão com medo após as ações dos agentes de imigração. A violência e a destruição são inaceitáveis”, escreveu.

Em sua plataforma Truth Social, Trump não poupou críticas a Newsom e Bass, sugerindo que ambos são incapazes de controlar a situação. Em tom agressivo, afirmou que o governo federal “resolverá o problema como deve ser resolvido”, fazendo um trocadilho ofensivo com o nome do governador, chamando-o de “Newscum” — junção entre “Newsom” e “scum” (“escória”, em inglês).

Durante os protestos, manifestantes carregaram bandeiras mexicanas e queimaram uma bandeira norte-americana, segundo o Los Angeles Times. Gritos de ordem contra o ICE foram registrados, reforçando o clima de tensão.

O vice-diretor do FBI, Dan Bongino, confirmou que diversas prisões foram realizadas desde o início dos confrontos na sexta-feira (6), quando as primeiras ações do ICE ocorreram em diferentes partes da cidade.

As operações fazem parte da política migratória de “tolerância zero” adotada por Trump desde o início de seu primeiro mandato. Reeleito em 2024, o republicano reforçou seu compromisso de intensificar a repressão à imigração ilegal, chegando a comparar migrantes sem documentação a “monstros” e “animais”.

Tom Homan, encarregado da política de segurança de fronteiras do governo, defendeu a ofensiva federal.

“Estamos tornando Los Angeles mais segura. A prefeita Bass deveria nos agradecer”, escreveu também no X.

Intervenção do “espetáculo”

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, criticou duramente a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de enviar 2.000 soldados da Guarda Nacional a Los Angeles, em resposta às manifestações contra operações de imigração no estado.

A medida federal, segundo Newsom, tem caráter provocativo e representa uma tentativa deliberada de intensificar os conflitos. A informação foi divulgada originalmente pela emissora russa RT (Russia Today).

Em publicação na rede social X (antigo Twitter), Newsom acusou o governo federal de querer transformar a situação em um show midiático.

“O governo federal está assumindo o controle da Guarda Nacional da Califórnia e enviando 2.000 soldados a Los Angeles – não porque há escassez de forças de segurança, mas porque querem um espetáculo. Não deem isso a eles”, escreveu o governador.

A Casa Branca justificou o envio das tropas alegando que autoridades locais falharam em conter os protestos, que já duram dois dias e registraram confrontos entre manifestantes e agentes do Departamento de Imigração e Alfândega (ICE). O presidente Trump afirmou que a presença da Guarda Nacional visa “restaurar a ordem” na cidade.

Newsom, no entanto, contestou a narrativa da administração federal, classificando a medida como uma manobra política.

“O governo federal está semeando o caos para ter uma desculpa para escalar. Isso não é o comportamento de um país civilizado”, declarou. O governador também pediu que os manifestantes mantenham os atos pacíficos e alertou contra o uso da violência.

As manifestações tiveram início após denúncias de ações agressivas do ICE em comunidades imigrantes, provocando indignação em diversos setores da sociedade civil californiana. O envio das tropas intensificou o debate sobre os limites da intervenção federal e o papel das autoridades estaduais na gestão de crises.



Por Redação, com informações de agências de notícias
Foto: AFP

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