Estados Unidos não têm moral para condenar a Rússia: a paz precisa prevalecer

A invasão da Rússia à Ucrânia é uma medida reprovável sob qualquer aspecto, porém essa guerra está servindo também para revelar a hipocrisia de países europeus, mas principalmente dos Estados Unidos da América do Norte, principal instigador da guerra, pois ao invés de promover o diálogo com as duas nações europeias e negociar a paz, prefere a expansão do conflito ao exportar para a Ucrânia armamento pesado, como se isso fosse evitar a guerra. Pelo contrário, o governo norte-americano inflama os ânimos jogando mais combustível no conflito armado.

Todos condenamos a ação militar russa, independentemente das argumentações de Putin, se é que há justificativas para promoção de guerra. O mundo mais do que nunca precisa de paz, ainda mais que nem saímos da guerra contra a Covid-19, em que um inimigo invisível decretou contra a humanidade a morte de milhares de vidas.

Os países que têm o histórico em seu DNA de promover a paz, a exemplo do Brasil, Portugal, Suíça e tantos outros, têm toda legitimidade para criticar o governo russo, mas os norte-americanos, não. Estes são PHD em levar a discórdia ao mundo. Basta lembrar das inúmeras guerras criadas pelos governos estadunidenses nos países do Oriente Médio, África e até mesmo em nações das Américas. Sem falar em uma das maiores tragédias da humanidade que ocorreu nos dias 6 e 9 de agosto de 1945: a bomba atômica que atingiu as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, que matou aproximadamente 220 mil pessoas em apenas dois dias.

Sempre é bom relembrar os fatos para que eles não caiam no esquecimento. Entre os anos de 1950 até 2015, os governos dos Estados Unidos articularam ou se envolveram em mais de 30 guerras. Foram elas, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU): Coreia e China (1950-1953), Guatemala (1954), Indonésia (1958), Cuba (1959 – 1961), Guatemala (1960), Congo (1964), Laos (1964 – 1973), Vietnã (1961 – 1973), Cambodia (1969 – 1970), Guatema (1967 – 1969), Grenada (1983), Líbano (1983 – 1984), Líbia (1986), El Salvador (1980), Nicarágua (1980), Iran (1987), Panamá (1989), Iraque (1991), Kuwait (1991), Somália (1993), Bósnia (1994 – 1995), Sudão (1998), Afeganistão (1998), Iugoslávia (1999), Iêmen (2002), Iraque (1991 – 2003), Iraque (2003 – 2015), Afeganistão (2001 – 2015), Paquistão (2007 – 2015), Somália (2007 – 2008, 2015), Iêmen (2009, 2011), Líbia (2011, 2015) e Síria (2014-2015).

Quantos se solidarizaram com os povos destas nações? Quantos também condenaram as ações militares dos Estados Unidos, que mataram milhares de inocentes? E a imprensa? Quando deixará de seguir uma única narrativa e fazer o verdadeiro jornalismo, ouvindo todos os envolvidos no conflito?

Portanto, com tantas intervenções militares e agressões territoriais em várias partes do mundo, os Estados Unidos não têm moral nenhuma para aplicar sanções e, muito menos, condenar as ações militares, mesmo que inaceitáveis, do governo de Moscou. Por ser a principal potência econômica e militar do mundo, o governo de Washington deveria estar preocupado em restabelecer a paz e a harmonia entre esses dois países, que há poucas décadas eram uma única nação. Desta forma, os Estados Unidos estariam dando um exemplo de país que prega a paz, mesmo com suas contradições, mas o que vemos na prática é uma potência mundial incendiando o conflito de olho no protagonismo da geopolítica internacional. Enquanto isso, os ucranianos sendo usados como bucha de canhão pelas grandes potências.

Não bastassem as ações de incentivos à violência na região ucraniana, os Estados Unidos e os países da União Europeia se contradizem em seus discursos de ampla defesa das liberdades de expressão e imprensa ao bloquearem os sinais de rádio e TV de emissoras russas, que operavam nos Estados Unidos e Europa, forçando as populações desses países terem acesso a uma só narrativa. Um verdadeiro atentado ao direito universal à informação pluralista.

Até certo ponto entendemos as preocupações da Rússia com a segurança do seu território, mediante a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), mas condenamos sua interferência nos destinos do povo ucraniano, que tem autonomia e independência, sendo soberanos para traçar seu próprio futuro.

A nossa defesa é pela paz, pelo imediato cessar-fogo, pelo diálogo e contra as sanções econômicas que penalizam sobretudo as populações mais vulneráveis do planeta.

É inconcebível que esta guerra, que já produziu uma das maiores crises humanitárias da história, com mais de meio milhão de refugiados, inclusive, colocando o mundo à beira de uma catástrofe nuclear, continue avançando por falta de racionalidade dos principais envolvidos nesta ação militar.

Que o Brasil se mantenha distante deste conflito armado, mas que assuma o papel histórico que lhe cabe: ser o mediador da paz.  

Comente

Participe e interaja conosco!

Arquivos

/* ]]> */