A declaração do governador Belivaldo Chagas (PSD) de que o Estado está quebrado e, por este motivo, pode não ter dinheiro para pagar o salário dos servidores públicos estaduais a partir de abril, revoltou o ex-deputado federal Valadares Filho (PSB), que ficou em segundo lugar na disputa pelo Governo do Estado nas eleições de 2018.
De acordo com Valadares Filho, a falta de uma política fiscal responsável e criativa, além do inchaço da máquina administrativa, levou o Estado a este caos. Falta competência administrativa para gerir o Estado, segundo Valadares.
“Atribuo a falta de uma política fiscal responsável, criatividade com uma gestão inovadora, máquina inchada e totalmente politizada, falta de diálogo com o setor produtivo que tem potencial em uma parceria geradora de emprego com o Estado. Infelizmente temos hoje empresários desestimulados em Sergipe, um governo sem projetos para bons investimentos aqui ou vindo de fora. Enfim, uma série de fatores que demonstra uma falta de competência administrativa levando o Estado a pior crise financeira da nossa história”, avalia.
Valadares Filho responsabiliza o governador Belivaldo Chagas e o ex-governador Jackson Barreto (MDB) pelo caos financeiro e administrativo. Ele acusa Belivaldo de querer impor o silêncio à oposição para continuar mentindo para a sociedade.
“Os culpados são os dois. Querem o silêncio da oposição em sua tática de continuar mentindo para a sociedade. Pelas declarações feitas por Belivaldo, “descer do palanque”, depois que lhe fiz críticas legítimas e acertadas sobre a situação caótica do Estado, o governador quer inviabilizar a oposição em Sergipe. Não se trata de um governo novo. Oficialmente, já tem 10 meses, em abril completa um ano, sem falar que esteve presente na gestão de Jackson Barreto como vice e chefe da Casa Civil, participando dos erros e acertos”, critica o ex-deputado.
Valadares relembra o saque do fundo previdenciário feito pelo governador Jackson Barreto, nas vésperas das eleições de 2016, segundo ele, para beneficiar Edvaldo Nogueira, na época, candidato a prefeito de Aracaju. A justificativa que não mais atrasaria o salário dos servidores não passou de uma falácia, na opinião do ex-parlamentar.
“Em setembro de 2016, às vésperas das eleições municipais, Jackson Barreto sacou o dinheiro do fundo de previdência para ajudar a Edvaldo, afirmando que dali em diante não mais atrasaria a folha dos servidores ativos e inativos. Mentiu. Critiquei e disse que o Estado estava sendo arrasado com decisões eleitoreiras, que iriam repercutir no futuro. Eu estava certo. É o próprio governador Belivaldo que faz um discurso na Assembleia Legislativa e afirma o que já prevíamos: a previdência está quebrada”, observa, salientando que Jackson e Belivaldo são os responsáveis pela crise financeira do Estado.
“Quem quebrou a previdência? Jackson Barreto e Belivaldo Chagas. Se eu falo a verdade, lembrando o slogan de sua campanha “chegou pra resolver”, Belivaldo procura me desqualificar, procurando em vão subtrair o meu direito de crítica, dizendo que eu tenho que descer do palanque, simplesmente porque perdi as eleições. O mesmo discurso de Edvaldo, que já tem mais de dois anos de mandato. Toda vez que algum membro do PSB lhe faz uma crítica, é porque não desceu do palanque e ainda não se conformou com a derrota. Essa tática demagógica de mudar o foco do principal, as mazelas do governo, colocando-se como vítima da oposição, não tem qualquer respaldo na opinião pública”, afirma Valadares.
Segundo o socialista, Belivaldo vendeu uma falsa esperança à população sergipana, com promessas mentirosas.
“Propagar mentiras e promessas inviáveis na campanha e depois pedi arrego à sociedade, dizendo “esqueça o que disse”, um dia vai cansar e eles terão a resposta que merecem do povo”, prevê.
O presidente regional do PSB, no entanto, poupa a Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) e o Tribunal de Contas (TCE) de qualquer responsabilidade sobre a crise que contaminou a administração estadual.
“Vejo o TCE buscando fazer a sua parte. Na Assembleia, acompanho deputados da oposição, que apesar de não serem muitos, cobram e fiscalizam o governo”, admite.
Valadares conclama os servidores públicos e a população em geral a cobrarem as promessas de campanha e a se indignarem contra o Governo Belivaldo. Ele cita as manifestações de 2013 que culminaram na derrubada da presidente Dilma Rousseff, como exemplo de movimento.
“Cobrar, fiscalizar, mostrar indignação com esse descaso, e na oportunidade que tiver de mudar tudo isso dar uma resposta. Tudo que respeita a democracia defendo como ação de cobrança. 2013 é um exemplo”, lembra Valadares, que reconhece não ser fácil enfrentar o sistema, mas se diz otimista quanto à possível mudança de governo no futuro.
“Não é fácil enfrentar o sistema em Sergipe, mas tenho muito otimismo que essa forma de governar dos mesmos para os mesmos está se exaurindo”, conclui.
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