Prefeito de Aracaju no período de 21 de abril de 1994 a 31 de dezembro de 1996, o advogado Almeida Lima volta a se apresentar como uma alternativa ao eleitorado aracajuano para as eleições de outubro deste ano.
Reconhecido por ter sido um gestor que cuidou bem das praças públicas e saneou as finanças do município, o pré-candidato a prefeito da capital pelo Partido Verde (PV) se mostra renovado e preparado para dar uma cara nova à cidade.
Nesta entrevista concedida ao Hora News com exclusividade, Almeida Lima diz o que pretende fazer por Aracaju, caso seja eleito prefeito, bem como a forma que adotará para se relacionar com o governador Belivaldo Chagas, com quem tem uma relação arranhada desde quando deixou a Secretaria de Estado da Saúde.
Ainda, na entrevista, Almeida Lima, que também já exerceu os mandatos de deputado estadual e federal e senador da República, critica a forma de administrar do prefeito Edvaldo Nogueira e garante que em sua possível gestão a Prefeitura será desprivatizada e o servidor público terá seus direitos constitucionais respeitados.
“A prefeitura foi completamente privatizada por Déda e Edvaldo que prometeram desprivatizá-la. Lembram-se? Pois é, mentiram. Privatizaram tudo, até a saúde. Vou acabar isso imediatamente”. Vamos à entrevista.
Hora News – Seu nome foi aprovado pelo PV como o pré-candidato do partido a prefeito de Aracaju, o que a população aracajuana pode esperar do Almeida Lima, caso eleito prefeito?
Almeida Lima – Ah… muita coisa boa. Primeiro, pode esperar honestidade com o dinheiro público, e a certeza de que ele não será desperdiçado. Pode esperar uma equipe de auxiliares de altíssimo nível em todos os aspectos, e pode esperar trabalho de forma efetiva e permanente porque o povo é credor de bons serviços públicos, e hoje padece pela sua falta. A experiência que tenho me leva a não precisar paralisar a gestão para arrumar a casa pelos primeiros cem dias como é costume fazerem, ou passar um ano para aprender a ser prefeito para, só depois apresentar resultados. Chegarei com a equipe pronta, anunciada com muita antecedência, e preparada para iniciar a execução dos projetos em cada uma das áreas da administração já a partir do primeiro dia, momento em que as decisões serão anunciadas, os decretos necessários assinados indo para a publicação. Tudo isso eu garanto porque já fiz exatamente assim quando fui prefeito. Segundo, eu asseguro que Aracaju passará a ser uma cidade moderna. Isso implica em resolver problemas ambientais gravíssimos como a poluição das águas dos rios, canais e córregos, como a inexistência de macrodrenagem capaz de evitar as enchentes e alagamentos, como, também, aumentar a cobertura vegetal com a plantação de mudas de árvores, cuja diminuição tem deixado a cidade quente e sufocada, e a adequação e ampliação dos parques e praças para o lazer. A modernidade da cidade importa, também, em resolver, definitivamente, o gravíssimo problema da mobilidade urbana e do transporte coletivo, já que vem sendo tratado ao longo dessas duas décadas perdidas de forma atabalhoada e incompetente, com gastos exorbitantes e sem qualquer retorno em resolutividade, bem assim, dar uma repaginada urbanística super arrojada no centro da cidade, ao nível do que nunca foi feito, e sem ficar a dever a nenhuma cidade desse país. Terceiro, pode esperar que iremos cuidar da nossa gente como ela nunca foi tratada. A geração de emprego será solução para a primeira hora e por toda a gestão, não apenas por conta de uma secretaria de desenvolvimento econômico, mas, também, pela política de incremento ao turismo, sobretudo de eventos e negócios, além, é claro, das áreas de saúde, educação, esporte, cultura, segurança, habitação e lazer.
HN – O que você faria de diferente da atual administração, por exemplo?
AL – Não privatizarei a prefeitura, não farei obras malfeitas, não darei aumento exorbitante de tarifa de ônibus, não maltratarei o povo e as empresas cobrando IPTU caro e outros tributos, não gastarei o dinheiro do povo em festival de propaganda, não permitirei uma fábrica de multas de trânsito como tem hoje, não deixarei o servidor sem reajuste salarial, não irei fatiar a prefeitura com políticos e seus partidos, não darei calote aos forrozeiros, não endividarei a prefeitura para não inviabilizá-la. Como se sabe, a prefeitura foi completamente privatizada por Déda e Edvaldo que prometeram desprivatizá-la. Lembram-se? Pois é… mentiram. Privatizaram tudo, até a saúde. Vou acabar isso imediatamente. Aracaju se tornou um canteiro de obras mal projetadas. São viadutos sem alça, com acessos estreitos e alongamento de vão desnecessário, avenidas mal concebidas, logradouros de tipos diversos mal projetados e sem retornos adequados. Sistema de transporte desestruturado, sem licitação, caro e sem conforto, nem nos ônibus e nem nos terminais e abrigos. Não vou mentir como Edvaldo Nogueira fez no caso do IPTU. Vou revisar o IPTU e demais tributos para criar um melhor ambiente para novos negócios e geração de emprego. No mais, quero dizer que o povo, comigo na prefeitura, voltará a ter vez, porque hoje está esquecido pelo prefeito Edvaldo Nogueira.
HN – Sua gestão ficou conhecida por cuidar da cidade, mas principalmente das praças públicas. A forma de administrar a cidade será a mesma ou pretende renovar?
AL – O que fizemos de bom, de bem feito e correto será repetido de forma até melhorada por conta da experiência por que já fiz. No entanto, chegaremos com uma visão ampliada em virtude da vivência desses quase 24 anos nos quais incorporamos muitos valores, e enriquecemos os nossos conhecimentos. Mas faço aqui uma ressalva: de fato, as praças da cidade foram todas reurbanizadas e ficaram lindas, muito lindas, mas isso foi parte da grande gestão que realizamos, pois ainda acho que, com apenas dois anos e nove meses de gestão, sem dinheiro do governo do estado nem do governo federal, sem empréstimos nem emendas de André Moura, nós fizemos mais pavimentação nos bairros de Aracaju do que qualquer um outro prefeito, em qualquer tempo, inclusive mais que Edvaldo Nogueira que esse ano completará dez anos e nove meses como prefeito de Aracaju. Vejam, nós pavimentamos várias ruas do Bairro Industrial, todo o Residencial Santa Teresa atrás do moinho de trigo, o Porto D’Anta, o Japaozinho, Lamarão, Santa Madalena, toda a Soledade, mais de quarenta e cinco ruas no Santos Dumont, no Jardim Centenário, a Santa Gleide, no Bugio Três, toda a Veneza I e II, inclusive com a cobertura do Canal, Bairro Novo Paraíso, Bairro América, Campo do Vidro, Bairro Areias, Largo da Aparecida, Coroa do Meio, todo o São Conrado do lado da igreja católica, no 18 do Forte, Santo Antônio, Cidade Nova, Alto da Jaqueira, Palestina e Siqueira Campos, enfim, uma infinidade de ruas que servem ainda hoje ao bem estar das pessoas.
HN – Se observa que o prefeito Edvaldo Nogueira toma muitos empréstimos para administrar a cidade. Há quem diga que Aracaju hoje é dependente de empréstimos, você concorda?
AL – Não concordo, pois eu administrei essa cidade quando se dizia que ela era ingovernável e que o prefeito precisava ser amigo ou do mesmo partido do governador ou do presidente. Prefeito parecia mais um secretário de governador dado à sua dependência financeira do governo do estado. Eu revoguei isso. Dei dignidade ao cargo de prefeito e autonomia ao município, à prefeitura que deixou de ser uma secretaria de estado. Mas isso era também uma desculpa esfarrapada que davam e hoje outros continuam dando para justificar os descalabros que cometem. Não há crise financeira, existe, sim, é crise de gente séria, crise de gestor com capacidade. Vejam: quando assumi a prefeitura em 1994, o dinheiro estava bloqueado pelo Tribunal de Justiça por conta de dívida para com o servidor municipal. Não se podia comprar um rolo de papel higiênico ou pagar um giz sem que antes o secretário de finanças fosse ao tribunal pedir a autorização, e essa autorização só era dada se ele bem justificasse a necessidade. Pois bem, consegui regularizar a situação financeira pagando o atrasado do servidor e desbloqueei as contas. Daí para a frente realizei a gestão sem um centavo do governo estadual, e Albano está aí vivo para atestar que é verdade, e sem um centavo do governo federal, nem emenda parlamentar de quem quer que seja, e saí com aprovação de 87% de opinião pública. Logo, se hoje vive-se em tempos de vacas gordas e com muito dinheiro de emendas, para que endividar o município com empréstimos, e, mesmo assim, sem a realização de nenhuma obra estruturante na cidade, como a macrodrenagem ou a despoluição dos rios, canais e córregos? Alguém aí pode citar uma única obra estruturante realizada em Aracaju por Edvaldo que tem um mandato que vai para dez anos e nove meses de prefeito?
HN – Como fazer uma administração progressista, com grandes realizações sem depender do governo federal, já que você administrou Aracaju praticamente com recursos próprios, mesmo sabendo que hoje a realidade é diferente?
AL – Exatamente como eu fiz. Ali, em 1994 a 1996, eu mostrei como se fazer gestão pública. Mostrei o que é administrar com seriedade e competência. As condições eram totalmente adversas, o contrário do que é hoje. Há 24 anos não se recebia royalties como hoje, o trânsito não era municipalizado e não se tinha uma fábrica de fazer dinheiro com multas como Edvaldo tem hoje, o SUS não era municipalizado, mas hoje o município recebe rios de dinheiro, não tinha FUNDEB repassando dinheiro, pois a educação era toda mantida pela prefeitura. Ora, nós viabilizamos a prefeitura cortando o supérfluo e o mal feito, e aumentando a receita com várias e várias decisões que, normalmente, gestões comprometidas com empresários e políticos mal-intencionados não tomam, mas eu tomei e tenho costume de fazer isso. E o resultado foi um conjunto de ações em pouco mais de 2 anos que surpreenderam positivamente a todos os sergipanos.
HN – Você já escolheu quem será seu companheiro de chapa? Quais partidos o PV negocia para compor a chapa? O PV faz restrições a alguma legenda ou está aberto a todas, independentemente de ideologia?
AL – Tenho discutido essa questão com o presidente do partido, companheiro Reynaldo Nunes, e temos uma opinião conjunta no sentido de que aliança não é prioridade para a gente. Temos como certo que a nossa prioridade é conversar com o povo levando a nossa proposta na esperança de que ele vai nos compreender e nos apoiar. As alianças que os partidos costumam fazer não são publicáveis, por se tratar de conchavos imorais, não republicanos, e isso sai mais caro para o povo, pois quando isso ocorre e o candidato é eleito ele passa a não ter autoridade para governar para o povo, mas somente para a classe política e para os interesses empresariais. Quanto ao vice deixaremos lá para a frente, próximo da convenção.
HN – Você deixou a Secretaria de Estado da Saúde com uma relação política arranhada com o governador Belivaldo Chagas. Em caso de se eleger prefeito, como pretende se relacionar com o governo do estado?
AL – De forma republicana, cordial como sempre sou e com a legitimidade das urnas. Afinal, as tratativas todas elas devem ser de interesse do povo e, em nome dele é que se fala. É preciso que se entenda que o espaço de poder a ser ocupado é público, é da sociedade, e como tal deve ser exercido em nome do povo. E, da mesma forma, deve se comportar o governador.
Foto: Rosalvo Nogueira
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