“Vivemos uma guerra de narrativas e sempre vão distorcer de acordo com os interesses”, diz Rogério Carvalho

O senador e pré-candidato ao Governo de Sergipe, Rogério Carvalho (PT) denunciou que a situação vivida pelos sergipanos e brasileiros tem relação direta com a falta de competência das administrações estadual e federal e com a covardia de parlamentares em relação à votação de medidas que prejudicam o povo.

Segundo o petista, a “população está desempregada por conta desse governo que notadamente é muito incompetente” e que apresentou, somente às vésperas da eleição, projetos para diminuir os impactos da grave crise econômica que o país vive.

“Não haveria outra alternativa, nesse momento, se não aprovasse essa PEC. Mas é importante lembrar que os 600 reais foram indicados pelo PT e o vale gás também foi indicação do PT. A PEC, apesar de ter o caráter eleitoreiro, diminui a fome e sofrimento da população brasileira e a gente não podia deixar as pessoas desamparadas. Mas o correto era que tivesse sido feito desde a pandemia. Ficamos meses em 2021 e 2022 sem esse auxílio”, declarou.

“Essa medida é importante porque, somente em Sergipe, temos aproximadamente 1 milhão de pessoas vivendo com menos de 500 reais por mês. Sergipe, que já foi a segunda melhor renda per capita da região Nordeste, hoje tem 1 milhão de sergipanos na linha da pobreza. Um auxílio nesse momento diminui o sofrimento, por isso fomos favoráveis”, acrescentou.

No entanto, o senador Rogério Carvalho revelou que o auxílio aprovado só começará a ser pago em agosto, por conta da vinculação política da medida.

“Essa dificuldade é a forma que o Governo Federal se propõe a trabalhar. Porque o Governo dificulta as famílias. Antes, nunca houve vinculação política desse projeto, porque a população recebia através de um cartão. No Governo Lula, esse cartão era dado às mulheres, e existia o cumprimento de algumas obrigatoriedades, como vacinação, exigência dos filhos nas escolas etc. Perdemos em qualidade com esse modelo atual que se desvincula de obrigações”, explicou.

Redução do ICMS não resolve crise econômica

Questionado sobre pontos ligados ao preço dos combustíveis e recente redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o senador Rogério Carvalho foi categórico ao afirmar que, além de ser uma medida eleitoreira do presidente Jair Bolsonaro (PL), essas razões não resolvem o problema da crise econômica que o país vive.

“A redução do ICMS, em si, não resolve o problema. Porque o grande dilema que a nossa economia vive atualmente tem relação direta com a dolarização dos nossos produtos. No Governo Lula, por exemplo, a gasolina era R$ 2,50 e tivemos o barril de petróleo chegando a 140 dólares naquela época. Mas a política praticada não era vinculada ao dólar, porque a gente já caminhava para autonomia. O povo ganha em reais e o Brasil está pagando em dólar”, comentou.

“É importante dizer que essa situação tem gerado uma inflação e essa, por sua vez, vai gerar uma despesa de R$ 800 bilhões de reais de juros no ano que vem e voltaremos a ter inflação. Isso significa menos comida na mesa, mais desemprego. Tudo mais caro em função da política de paridade de preços de importação. Quando importa produtos a preços internacionais, gera destruição a nossa economia porque traz a dolarização e nosso povo ganha em reais. O dólar é cinco vezes mais do que a gente ganha em real. O que compramos com um dólar, não compramos com um real. Isso é muito ruim para nossa economia”, complementou.

Além disso, o senador Rogério Carvalho pontuou sobre as consequências do abandono da Petrobras em Sergipe que, aliado com a inércia do Governo do Estado, gerou prejuízos às famílias sergipanas.

“Temos um poço de petróleo que estava prevista a sua exploração desde 2018 e a Petrobras não fez investimento. Deixamos de arrecadar mais de R$ 40 bilhões em royalties e participação. Imagine esse valor em nossa economia. É praticamente duas vezes o que o Estado arrecada por ano. Não estaríamos passando pela penúria e paralisia que estamos vivendo. Estamos com a economia paralisada. E o que o Governo do Estado fez? Nada. A Fafen parou porque não fizeram a revisão de um motor, que é único para a planta. Podemos ficar 90 dias com a fábrica parada”, denunciou.

“Diante disso tudo, Laércio Oliveira, que é da base governista, sugeriu abrir mão de 1,5 bilhão de reais em royalties do gás. Ele sugeriu abrir mão do desenvolvimento e infraestrutura do nosso estado. É muito descompromisso com o povo sergipano e com as dificuldades que o povo vive. Por isso buscamos alternativas para o estado e somos oposição”, disparou.

Saúde abandonada

Ainda durante a entrevista, o senador Rogério Carvalho fez severas críticas à qualidade do serviço à saúde ofertados ao povo sergipano atualmente. Em um dos momentos, ele citou a denúncia feita pelo vereador e médico Manoel Marcos, que é do PSD, mesmo partido do governador Belivaldo Chagas, que expôs a realidade dos pacientes que aguardam por cirurgia no Hospital de Urgência de Sergipe Governador João Alves Filho (Huse).

“O que o vereador e médico, Manoel Marcos, denunciou é a realidade que o povo está vivendo. Mas desde o ano passado estamos denunciando a paralisação da Saúde em nosso estado. A Saúde teve dinheiro durante a pandemia e faltou planejamento para fazer as cirurgias que ficaram represadas. Isso é uma falha grave. O governo diz que tem dinheiro em caixa e por quê isso não foi usado para tirar as pessoas das filas de cirurgia?”, questionou.

“Aprovamos o estado de emergência para que os estados tivessem recursos durante a pandemia. Mas deveria ter havido planejamento para o pós-pandemia e não foi feito”, reforçou, lembrando que, quando foi secretário de Saúde na gestão do ex-governador Marcelo Déda (PT), a população tinha serviço de qualidade, com estrutura ampliada e atendimento de excelência.

“O Huse dobramos de tamanho. Hoje são 64 leitos de UTI adulto, temos leitos de terapia intensiva infantil, além de 20 leitos de urgência e emergência. A UTI Neonatal da Santa Isabel foi no nosso período, as UPAS Norte e Sul de Aracaju também. Nós criamos o Samu e todos os hospitais regionais que existem no estado. Fizemos muito pela Saúde, mas, ainda assim, tem gente que tenta criar narrativas diferentes da realidade. Mas para essas pessoas, deixo a sugestão: tire tudo que foi feito na gestão de Marcelo Déda em Sergipe e veja o que sobra”, provocou.

Deselegância da oposição

Recentemente, o senador Rogério Carvalho, foi alvo de diversas tentativas de deslegitimar sua trajetória de trabalhos em favor do povo sergipano. Inclusive, com a distribuição de uma série de notícias falsas sobre seu mandato e relacionamento com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esses ataques são, para o parlamentar, símbolo da “deselegância” dos seus opositores.

“É uma deselegância fazer fake news e fui vítima disso. Eles disseram que iam retirar minha candidatura, disseram que teriam dois palanques e que, depois de Lula ter vindo aqui, eu ainda não seria o candidato de Lula. Foi uma deselegância montar um áudio dizendo que Lula estava contra mim e ainda pegar um vídeo de 2013 para tentar descaracterizar o que tivemos aqui com o Lula”, especificou.

“Sabemos o que o presidente Lula fez. Mas o que o Bolsonaro fez? Quantos milhões de empregos ele gerou? Não dá para a gente enganar o povo. Se o povo tem preferência por Lula é porque ele mudou as pessoas de lugar. Não é retórica. É real. O povo sabe muito bem o que é real”, assegurou.

Atuação no Senado

Outro ponto abordado durante a entrevista teve relação com o mandato no Senado Federal, tendo em vista que outros parlamentares se licenciaram para a disputa do pleito eleitoral deste. Sobre o assunto, o senador Rogério Carvalho explicou que seguirá em defesa do povo em Brasília, tendo em vista que é possível acompanhar as discussões e votações remotamente.

“Vou permanecer no mandato porque teremos votações importantes no segundo semestre. Sou autor de uma PEC voltada a área da Justiça para que a gente dê mais agilidade às decisões federais. Consegui, na semana passada, pautar uma PEC sobre saneamento e aprovamos como direito constitucional. Na prática, o Estado passará a ter que fazer o saneamento. O primeiro passo é passar na CCJ, conseguimos aprovar. Agora vamos pedir ao presidente do senado para pautar. Porque a PEC transforma a oferta de água e esgoto tratados como direito constitucional, assim como saúde, educação e outros”, assegurou.

“Vivemos uma guerra de narrativas e sempre vão distorcer de acordo com os interesses. Mas somos relatores e pautamos, na CCJ, o direito ao saneamento básico como direito do cidadão brasileiro”, disse.

Sergipe merece transparência

E, por falar em narrativas, o senador Rogério Carvalho esclareceu, mais uma vez, sobre seu posicionamento em relação a algumas votações polêmicas.

“Sempre fui contra ao orçamento secreto. Votei na transparência, numa demanda do STF para dar transparência à RP9. Votei no mecanismo para dar transparência. Sempre nos posicionamos contra à emenda de relator e, agora, para evitar narrativas construídas, propus na bancada um destaque para votarmos com clareza à opinião pública. Fui ao plenário e pedi encaminhamento da matéria declarando a posição do PT. Coisa que não foi feita por outros parlamentares, a exemplo de Alexandre Figueiredo, Gustinho Ribeiro e outros que não apareceram na votação, como Fábio Reis e Laércio Oliveira. Precisamos deixar isso claro à população sergipana”, elucidou.

“Outra coisa que precisa ser dita é sobre a Reforma da Previdência. Quem votou nela, votou contra o povo brasileiro. Inclusive foi o voto do senador Alessandro Vieira que fez com que a aposentadoria especial de mergulhadores e mineiros fosse extinta. Esse voto não trouxe benefício nenhum”, contou.

Ainda nessa linha de esclarecimentos, o senador Rogério Carvalho também reforçou sobre as razões de o Governo do Estado ter realizado ações de reestruturação das estradas sergipanas.

“Sou cordial, sou respeitoso. Tenho boa relação e respeito às pessoas, não destrato ninguém, porque um parlamentar tem que ter responsabilidade e respeito ao seu estado. Mas, veja, os R$ 200 milhões que conseguimos liberar para reestruturar as estradas de Sergipe, o governador tenta esconder. André Moura, quando era líder do Temer, não liberou. O governador atual conseguiu porque eu consegui a liberação do empréstimo”, explicou.

A entrevista de Rogério Carvalho foi concedida na manhã desta sexta-feira, 15, ao radialista Narcizo Machado, no Programa Jornal da Fan, na Rádio Fan FM.




Por Janaína Santos
Foto: Divulgação

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