Foram inúmeras tentativas, mas a intransigência e insensibilidade do prefeito Bruno Covas às reivindicações dos condutores pode resultar em uma das maiores greves de ônibus em São Paulo, anunciada para acontecer nesta sexta-feira, dia 6.
Contrários à redução da frota, preocupados com a garantia dos postos de trabalho e com o atraso do pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) dos trabalhadores, o Sindmotoristas comandou uma manifestação que iniciou com uma caminhada da sede do sindicato na Liberdade até à Prefeitura, no centro de São Paulo.
Embora os dirigentes estivessem dispostos ao diálogo, aguardando uma reunião com o gestor da cidade, o mesmo preferiu ignorar o apelo dos condutores, menosprezando a força e a capacidade de mobilização da categoria.
A intransigência de Covas resultou em um protesto em frente à Prefeitura e o clima de revolta contagiou os trabalhadores que pararam, em um primeiro momento, os ônibus que fazem as linhas do Centro, depois, o movimento se estendeu para os terminais de todas as regiões.
O Secretário Municipal de Mobilidade e Transportes, Edson Caram, convocou uma reunião de urgência com a direção do sindicato, mas já era tarde, sem transporte público, São Paulo parou.
Sem acordo
O deputado federal e presidente licenciado do Sindmotoristas, Valdevan Noventa, veio de Brasília para, junto com os companheiros de direção, participar da reunião com o Secretário, que acabou sendo infrutífera. Edson Caram confirmou a decisão de retirar de circulação mais de mil ônibus até o final do ano, o que deve causar a demissão de 8 mil e 500 trabalhadores. Também, com a extinção da função de cobrador, outros 19 mil pais e mães de família perderão seus empregos. Quanto à PLR, disse que o pagamento será feito em até 10 dias.
Sem acordo, os dirigentes posicionaram os trabalhadores concentrados em frente à Prefeitura sobre a continuidade do impasse. Valdevan Noventa, falando pela categoria, assumiu o compromisso de que os ônibus voltariam a circular no final da tarde de hoje para levar a população para suas casas, mas que a partir da zero hora desta sexta-feira (06), nenhum ônibus vai sair das garagens.
“Lamentamos que a situação tenha chegado a tal ponto, devido ao descaso do prefeito Bruno Covas com os trabalhadores em transportes e com a população. O gestor da maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo prioriza o transporte clandestino em detrimento ao transporte público. Então, não restou aos condutores outro caminho para defender seus direitos e empregos. Vamos à luta, vamos pra greve”, finalizou Noventa.
Repercussão na grande mídia
Não demorou muito para que o protesto fosse repercutido pela grande mídia. Globo, SBT, Rede Record, Bandeirantes, UOL, Gazeta, entre outros veículos noticiaram a manifestação, anunciando a greve a ser realizada.
Fonte: Sindimotoristas
Foto: Denis Glauber
Comente