Lembro-me de estranhar os gritos de “sem partido” nas manifestações de 2013. Naquela época eu ainda não tinha adentrado no PSOL, mas já acompanhava e votava em quadros do partido.
Por coincidência, nessa época eu já via a atuação da então caloura da UFS e hoje deputada estadual Linda Brasil.
Por essa época eu presenciei alguns debates sobre a importância e o caráter positivo ou negativo de militar em movimentos e ao mesmo tempo estar filiado a partidos.
Pois bem, tanto o questionamento sobre a importância de partidos como a entrada de de pessoas como Linda nesses e a ocupação de espaços é fundamental para dar visibilidade às lutas sociais, tanto de maiorias minorizadas como na coincidência dessas lutas com os antagonismos das classes sociais.
A atuação de Linda a partir da universidade fez com foi se traduzindo gradualmente em bons resultados eleitorais até sua primeira vitória, em 2020.
A eleição de Linda é uma lufada de esperança para os movimentos sociais no sentido de que apesar de “tanta caretice, tanta babaquice e desta eterna falta do que falar”, como diria Cazuza, há um espaço público que pode ser ocupado por uma mulher trans, educadora carismática, inteligente, antenada, corajosa, espirituosa e que empunha e trava seus debates com a espontaneidade e certeza dos movimentos do seu já característico leque.
Com certeza será uma mandata voltada para a educação, a saúde, a moradia, os direitos humanos, a cidadania, a justiça, a segurança pública e a assistência social com a cara do PSOL. Uma cara que prima pela representatividade, pelo apoio e pelo acompanhamento das demandas das comunidades de dentro delas, pela participação e envolvimento dos sindicatos e das categorias e agora pela audição das demandas dos municípios.
Mais do que a clássica relação de clientela com as lideranças, será uma relação com as populações e entidades da sociedade civil.
Não será uma mandata para lacrar e monotemática. Teremos uma voz que a partir de seu lugar de fala vai dialogar a partir da esquerda com todos os setores que necessitar.
Afinal, “Amar e mudar as coisas” sempre interessa mais. Eis uma mandata diversa num Brasil e num Sergipe adversos.
Francisco Emanuel Silva Meneses Alves é cientista social, articulista político, professor e membro da Insurgência/PSOL.
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