A Central Única dos Trabalhadores está articulando uma audiência com o senador Rogério Carvalho, autor do projeto de lei 3.877/2020, que legaliza a sobra de caixa dos bancos, uma prática financeira considerada ilegal no Brasil, para convencê-lo a retirar o projeto do Senado.
Em entrevista ao Programa Boa Noite Brasil, no canal Hora News TV, o presidente da Central Única dos Trabalhadores em Sergipe (CUT-SE), Roberto Silva, criticou o projeto do senador petista o classificado de absurdo.
“É um projeto absurdo. Nós estamos dialogando com a CUT Nacional, inclusive para ver como é que a CUT discute nacionalmente dentro do Senado a retirada desse projeto. O projeto de remuneração de caixa de bancos é uma prática, é uma transação ilegal porque não tem previsão na legislação brasileira. Como os bancos pegam a sobra de caixa e recebem títulos do Tesouro, recebendo juros, ou seja, recebendo dinheiro público sobre o dinheiro da população, e o projeto tenta legalizar uma prática que hoje é ilegal. Os bancos pegam o dinheiro do povo e geram dinheiro, lucro para os seus acionistas, para os seus donos. Ou seja, é dinheiro que gera dinheiro, aquela prática que dinheiro que gera mercadoria gera lucro, gerando dinheiro, isso acaba com o mercado. O mercado financeiro quer legalizar uma coisa que é totalmente absurda”, diz Roberto Silva.
Ainda, segundo o sindicalista, com o dinheiro da sobra de caixa os bancos deveriam encontrar uma forma para emprestar dinheiro à população e as empresas, promovendo investimentos e gerando empregos. Para ele, a legalização da sobra de caixa é um processo extremamente cruel que vai gerar mais lucros para os banqueiros.
“O que o banco deveria fazer era ver formas de pegar essa grana da sobre de caixa e ver uma forma de empréstimo a população, empréstimos as empresas para que haja novos investimentos, geração de empregos e assim por diante. A legalização da sobra de caixa é um processo extremamente cruel, que o dinheiro que deveria circular na economia vai gerar lucro para os bancos sem qualquer prática de investimento. Vai estimular os bancos a dificultar emprestar dinheiro às empresas e a população, aumentar ainda mais as taxas de juros, porque é muito mais lucrativo receber título da dívida pública, por que há garantia que vai receber da União esse dinheiro, e a União sempre dá a garantia, sempre cumpre com essa prática. Hoje, por exemplo, o Orçamento da União já tem mais de 50% comprometidos com pagamentos de juros de título da dívida pública. Por isso que os bancos querem essa garantia e esse projeto é uma legalização de uma prática absurda que o mercado financeiro ganha muito com isso”, lamenta o dirigente sindical.
Roberto Silva salienta que a CUT solicitará do senador a imediata retirada do projeto. De acordo com ele, Rogério Carvalho e o PT deveriam se preocupar em taxar as grandes fortunas e não legitimar uma prática absurda que beneficia os banqueiros.
“A gente espera que o senador Rogério retire o projeto. É o que a gente vai inicialmente solicitar. Estamos vendo com a CUT Nacional isso, que ele retire o projeto, porque não dá para o Partido dos Trabalhadores legitimar uma prática absurda como essa, com um senador do Partido dos Trabalhadores apresentando um projeto absurdo como esse. O que a gente deveria na verdade está discutindo em relação ao mercado financeiro é a legalização do imposto sobre as grandes fortunas e transações financeiras, que existe na Constituição Federal esse imposto e que até hoje não foi regulamentado”, conclui.
A entrevista completa de Roberto Silva aos jornalistas Paulo Sousa e Rosalvo Nogueira está disponível no canal do Hora News no YouTube.
Por Redação
Foto: Hora News TV/Divulgação
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