Todas as regiões estão na zona de risco, diz Fiocruz sobre Covid-19

Divulgado nesta sexta-feira (30), o Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que nenhum dos 27 estados apresenta sinal de crescimento até a Semana Epidemiológica (SE) – de 16 e 23 – e mostram tendência de queda. Apesar deste quadro, todas as regiões do país encontram-se na zona de risco e com ocorrências de casos muito altas.

A análise, que tem como base os registros do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), é referente ao período de 18 a 24 de abril. Cerca de 90% dos casos positivos de Síndrome Respiratoria Aguda Grave (SRAG) foram associados à Covid-19.

Em um momento em que o país registra mais de 400 mil mortes pela Covid-19, o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, ressalta que esses sinais reforçam a importância da cautela em relação às medidas de flexibilização das recomendações de distanciamento para redução da transmissão da Covid-19, enquanto a tendência de queda não for mantida por tempo suficiente para que o número de novos casos atinja valores significativamente baixos.

Gomes alerta que a retomada das atividades de maneira precoce pode levar a um quadro de interrupção da queda ainda em valores muito distantes de um cenário de segurança.

“Tal situação, caso ocorra, não apenas manterá o número de hospitalizações e óbitos em patamares altos como também manterá a taxa de ocupação hospitalar em níveis preocupantes, impactando todos os atendimentos, não apenas aqueles relacionadas às síndromes respiratórias e Covid-19”, destacou o pesquisador.

Estados

Entre estados que indicam interrupção no processo de queda estão Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul, embora em valores muito elevados. Por outro lado, outros estados apresentam indícios de redução no ritmo de queda, como Bahia, Ceará, Paraná, Santa Catarina, Tocantins. Além disso, diversos estados ainda estão com valores similares ou até mesmo superiores aos picos observados ao longo de 2020, como é o caso de Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo e Tocantins, que ainda mantém queda; e Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, e Rondônia, entre os que entraram em estabilização.

Maranhão segue como único estado que ainda não registrou início de queda desde a retomada de crescimento ao longo de 2021, embora tenha interrompido a tendência de crescimento ao final de março. Desde então mantém um platô no número de novos casos semanais.

Capitais

A exemplo da tendência nos estados, nenhuma das 27 capitais apresenta sinal de crescimento. Vinte e uma delas têm indícios de queda, com destaque para o Rio de Janeiro, que passa a ter sinais de diminuição no número de casos e mortes. Já São Luís volta a dar indícios de estabilidade após apenas uma semana com tendência de queda, sugerindo manutenção de platô após o longo período de crescimento. Para os dados referentes à Manaus, as notificações provenientes de unidades de saúde de administração pública e entidades empresariais apresentam sinal moderado de crescimento.

Algumas capitais, que até então apresentavam sinal de queda, dão sinais de possível interrupção ainda em patamares extremamente elevados. É o caso de Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS), Manaus (AM), Natal (RN), Teresina (PI), confirmando a sinalização apresentada na SE 14. Curitiba (PR) também apresenta situação similar, principalmente para as notificações provenientes de unidades de administração pública.

Alerta para casos associados a outros vírus respiratórios

O Boletim observou aumento no número de casos confirmados de vírus sincicial respiratório (VSR). Foram registrados cerca de 200 novos casos semanais entre as semanas 7 a 13 de 2021 (14/2 a 3/4), atingindo 340 casos confirmados referentes à SE 11. O aumento foi verificado em todas as regiões do pais – as regiões Sudeste e Centro-Oeste são as que apresentam a maior incidência acumulada até o momento. A análise constatou ainda a presença de casos confirmados para rinovírus, com média de aproximadamente 40 casos semanais em 2021.

“Como sabemos, nem todas as unidades federais estão conseguindo manter a testagem do painel de vírus respiratórios para todos os casos negativos para Sars-CoV-2 (Covid-19). O aumento de casos confirmados de VSR pode estar associado ao relaxamento em relação às medidas de distanciamento, que também levou ao aumento explosivo nos casos de Covid-19”, conclui o pesquisador.



Fonte: Fiocruz
Foto: Lacen/Divulgação

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