Impressionou-me a forma descortês como o deputado Gilmar Carvalho falou na Rede Ilha a respeito da anulação do pleito realizado pela Assembleia Legislativa para escolha de membro do Tribunal de Contas.
No seu programa matinal, possivelmente levado por uma contrariedade pessoal ou frustração em face de um resultado que momentaneamente lhe é adverso na Justiça, proferiu ataques que no todo atingiram ao Poder Judiciário e a honra da desembargadora Suzana Carvalho, como também, pelas insinuações maldosas, ofendeu-me, ao procurar ligar o meu nome e o de minha filha à concessão da liminar que determinou a nulidade do processo de votação ocorrido na Assembleia Legislativa.
Nunca foi do meu feitio pressionar membros do Poder Judiciário para arrancar deles sentenças favoráveis. Sou de opinião que se alguém tiver uma postulação na Justiça, o melhor a fazer é contratar um advogado com preparo e qualificação adequados para agir em sua defesa e acompanhar todos os atos do processo. E usar de todos os recursos a que tem direito sem jamais, no intervalo, entre um recurso e outro, partir para a pressão ou intimidação de quem, no Poder Judiciário, de forma serena e justa tenha obrigação e competência para decidir.
Luciana Valadares é servidora concursada do Poder Judiciário há 12 anos e não tem, no gabinete da Desembargadora Suzana Carvalho qualquer cargo em comissão.
Exalto a sua competência profissional e conduta ética, qualidades que me deixam tranquilo e orgulhoso como pai.
Ao longo desse período serviu ao Tribunal de Justiça trabalhando com vários desembargadores, graças aos seus próprios esforços, sempre com empenho e extrema discrição.
É mais do que legítima a pretensão do deputado e radialista Gilmar Carvalho querer assumir em caráter permanente o mandato de deputado estadual, caso a referida eleição, que no momento está sendo contestada na Justiça venha ser confirmada pelo TJ ao julgar o mérito do Mandado de Segurança. Mas ainda assim, se o plenário do TJ lhe for desfavorável tem recurso para as instâncias superiores que poderão reformar a decisão dos desembargadores.
Se queremos uma Justiça que assegure os direitos da cidadania devemos ter o máximo de cuidado para não colocá-la sob suspeição em nenhuma hipótese, a não ser nos autos, quando, de forma justificada, podemos requerer o afastamento de qualquer Juiz que seja incompatível com a causa.
O momento é de calma. Sobretudo de respeito às decisões do Poder Judiciário e a uma desembargadora como Suzana Carvalho que tem uma carreira marcada pelo equilíbrio, competência e autonomia -, construída com devotamento e notável espírito público.
Antonio Carlos Valadares
Senador da República
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