A Policia Civil de Minas Gerais (PCMG) prendeu o promotor André Luis Garcia de Pinho na manhã deste domingo (4), em meio à investigação sobre a morte da esposa, Lorenza Maria Silva Pinto. Ele foi detido na manhã deste domingo (4), na casa onde a esposa morreu na madrugada de sexta-feira (2), no Bairro Buritis, na região Oeste de Belo Horizonte.
Os cinco filhos menores de idade do casal também estavam em casa quando os policiais chegaram acompanhados por dez atiradores de elite da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), segundo um deles.
Por volta das 9h20, quase 10 carros da Polícia Civil chegaram à Rua Engenheiro Alberto Pontes, onde vive o promotor. Havia, inclusive, um carro da perícia policial. O quarteirão foi bloqueado pelos policiais, com um carro em cada extremo da rua.
O pai de Lorenza, Marco Aurélio Silva, 72, foi chamado para buscar os netos. Muito abalado, ele contou que ficou desconfiado assim que recebeu a notícia, na sexta-feira (2), por meio de mensagem de WhatsApp da neta de 15 anos.
“Ela me mandou mensagem por volta das 9h da manhã, avisando que a mãe tinha falecido. Mas eu achei estranho, não parecia ter sido escrito por uma adolescente que tinha acabado de perder a mãe. Acho que o pai dela pode ter pegado o celular e mandado”, relatou. Só por volta das 11h30 o marido da filha teria entrado em contato.
Quando foi avisado, Marco Aurélio estava em Uberaba, no Triângulo Mineiro, onde mora. A primeira reação foi não acreditar.
“Por várias vezes, eu recebi mensagens falando que ela estava internada, morta. Uma vez, mandaram até informações do funeral, depois falaram que o celular dela teria sido clonado. Mas quem clona celular, normalmente pede dinheiro. Por essas coisas, eu nem consegui acreditar assim que recebi a notícia”, relatou.
“Quando eu falei com o André, perguntei se ia fazer autópsia, mas ele disse que não tinha necessidade, pois já estava com o atestado de óbito em mãos, preparando a cremação que, segundo ele, seria um desejo dela. Muito estranho. A minha mulher, que tinha falado com ele, o achou tranquilo demais para quem perdeu a esposa”, afirmou Marco Aurélio.
Marco Aurélio saiu 12h30 de Uberaba e chegou por volta de 21h de sexta-feira em Belo Horizonte. No sábado, prestou depoimento por cerda de quatro horas. Após saber da morte da filha, ele teve dificuldades de falar com os netos.
“O André sempre fez de tudo para manter a Lorenza isolada. Ele conseguiu afastá-la da irmã gêmea, univitelina. Comigo, tentou muito também. Ele também fazia de tudo para evitar que eu tivesse proximidade com meus netos”, contou.
Os cinco filhos de Lorenza Maria Silva Pinto e de André Luis Garcia de Pinho, de 2, 7, 10, 15 e 17 anos, estavam em casa com o pai quando a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) o deteve, na manhã deste domingo (4).
Os avós maternos das crianças chegaram na casa por volta das 11h e, segundo a avó, a publicitária Andréa Florentino, 47, permanecerão no local com os netos por enquanto, já que Lorenza não tinha parentes que moram em Belo Horizonte
Os próprios avós vivem em Uberaba, no Triângulo Mineiro, e chegaram à capital no sábado (3).
De acordo com Andréa, madrasta de Lorenza, as crianças estavam tranquilas na casa durante a perícia policial e André não chegou a ser algemado.
Polícia leva computador e revira até colchão
Oficialmente, a PCMG não informou quais procedimentos realizou na casa de André e Lorenza e nem quais serão os próximos passos da investigação. Os policiais passaram pelo menos quatro horas no apartamento e levaram uma CPU e diversos papéis.
Da janela de um prédio defronte ao local, uma vizinha registrou a movimentação dentro da casa, em que a polícia parecia revirar até colchões.
Dez atiradores de elite acompanharam a equipe policial e passaram a maior parte do tempo do lado de fora. Segundo um deles, André não apresentou resistência quando os policiais entraram no apartamento. O homem saiu pela portaria sem algemas e entrou em um carro da PCMG rumo ao Instituto Médico Legal (IML).
Estado de Minas
A morte de Lorenza Maria Silva de Pinho, de 41 anos, foi reportada pelo marido à polícia na sexta-feira. O promotor, com quem ela tinha cinco filhos, alegou em depoimento que ela teria se engasgado. Na manhã deste domingo vários veículos da polícia cercaram a rua do prédio onde o promotor reside e o levaram. Os filhos foram levados por parentes da mãe.
Após a morte de Lorenza, a cremação do corpo chegou a ser marcada para ocorrer neste domingo, no Cemitério Parque Renascer, em Contagem, na Grande BH, mas a polícia teria demandado mais exames. O corpo seguiu então para exame de necropsia no Insituto Médico-Legal (IML), mas os resultados não foram divulgados. A Polícia Civil afirma, apenas, que tem prazo legal de 30 dias para chegar a um resultado.
Atentados
O casal tem um histórico de atentados e ataques sofridos nos últimos anos, sem responsabilização ou elucidação de quem seriam os responsáveis.
Marido e mulher foram vítimas de uma agressão por dois homens quando estavam próximos a uma igreja evangélica no Bairro Vale do Sereno, em Nova Lima, na Grande BH. Três anos antes, o veículo de propriedade do promotor foi incendiado na vaga em que estava estacionado em uma rua do Bairro serra, na Região Centro-Sul de BH.
Um ano antes do incêndio, o casal sofreu um atentado a tiros quando trafegavam de carro pelo Bairro Sagrada Família, na Região Leste de BH. Ninguém se feriu, mas mais uma vez ninguém foi detido pelo ataque.
Por meio de nota do Gabinete de Segurança e Inteligência (GSI) e do Centro de Apoio das Promotorias Criminais (Caocrim), o Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG), em conjunto com as polícias Civil e Militar, informam apenas que “realizaram diligências na manhã deste domingo, 4 de abril, dando seguimento às apurações relacionadas aos fatos ocorridos na sexta-feira, 2 de abril, envolvendo a morte da senhora Lorenza Maria Silva de Pinho, esposa do promotor de Justiça André Luis Garcia de Pinho”.
A prisão do promotor foi autorizada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, após solicitação feita Polícia Civil.
Fontes: O Tempo e Estado de Minas
Foto: Divulgação
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