Somos um país e um Estado mantidos pelos micro e pequenos negócios. São eles quem mais empregam, movimentam a economia e muitos deles estão impedidos de funcionar graças ao atual momento, causado pela pandemia mundial de Covid-19, o novo Coronavirus.
Não possuo amplo conhecimento sobre a questão de saúde pública, mas o momento é de lição para todos. Desde antes dessa crise, era necessária uma política voltada à manutenção de negócios, tendo como objetivo o fortalecimento de negócios e regulamentação de profissionais informais, principalmente levando em consideração que ainda sentíamos impactos da crise anterior e o desemprego ainda atingia mais de 12% da população.
Agora, esse planejamento se mostrou ainda mais necessário. E os riscos não são apenas locais ou nacionais, mas em todos os países que adotaram medidas restritivas.
Em um cenário levantado pelo JPMorgan Chase Institute envolvendo cerca de 597 mil pequenas empresas abertas ao menos desde 2015, foi constatado que metade desses negócios possuía caixa o suficiente para custear seu negócio por 27 dias. Menos de um mês. Um quarto dos negócios possuem menos de 13 dias de caixa de reserva. Uma incerteza paira sobre o futuro de negócios na atual conjuntura e o impacto disso na economia ainda não é previsto.
Isso é um problema sério. Estamos lutando contra um vírus, procurando manter a calma e a produtividade, mas sabemos que sem o tampão necessário para manter seu custeio, temo que muitos negócios fechem para sempre, gerando uma taxa de desemprego ainda maior nessas empresas e naquelas que prestam serviços a elas, como é o caso do setor que atuo.
Tememos também que os mais de 38 milhões de autônomos, segundo levantamento do Governo Federal, já impedidos de trabalhar no país, continuem sem uma perspectiva de negócio, emprego ou trabalho.
Os negócios são importantes, não apenas para a economia, mas para as pessoas. Não tratamos como alternativa suspender contratos, pois temos todas conhecimento de que é um momento difícil para todos, mas estamos cada vez mais preocupados com o risco não apenas de uma recessão, mas de um cenário desolador, maior que o visto em países como Argentina e Grécia, por exemplo.
Vemos com incerteza o futuro de muitos negócios, e diariamente dezenas de empresários têm nos procurado, querendo uma alternativa que garanta a ele a possibilidade de movimentar seu caixa para que possa manter seus negócios, pagar suas contas e garantir que seus funcionários continuem em seu quadro.
Queremos, sim, manter a saúde pública, resguardar os nossos, manter a calma, mas o Brasil e Sergipe precisa de objetividade para detalhar as ações que resguardem emprego, determine de forma efetiva o que realmente poderá funcionar e dentro de quais normas, pois estamos dispostos a trabalhar em conjunto para minimizar a curva de contágio, mas mantendo as linhas de produção e buscando estabelecer o pleno emprego à população, resguardando a saúde de negócios e pessoas.
Cuidemos dos negócios para cuidar do futuro das pessoas, pois da mesma forma que nos sacrificamos, é preciso haver outros sacrifícios para que nossos funcionários, seus familiares e toda a economia não sinta os efeitos deste momento.
Marco Aurélio Pinheiro é empresário do setor de segurança privada, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Sergipe (ACESE) e presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae em Sergipe.
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