A promessa de diálogo da atual gestão municipal de Nossa Senhora do Socorro parece não resistir à realidade enfrentada pelos servidores públicos do município. Em um pronunciamento que soou mais como justificativa do que como compromisso, o prefeito Samuel Carvalho confirmou que não haverá reajuste salarial em 2025, citando um imprevisto de R$ 14 milhões em retenções no mês de maio. O corte, segundo ele, inviabilizou qualquer possibilidade de recomposição salarial.
“Para esse ano a gente encerrou por uma questão financeira. Tivemos um imprevisto no mês de maio com mais de 14 milhões de retenção. Mostramos as finanças do município, com relatórios, as retenções. Então, infelizmente, para esse ano nós não vamos conseguir o reajuste”, justificou o prefeito.
O que ele não disse, no entanto, é que a categoria acumula perdas inflacionárias há décadas. O índice solicitado pelas representações sindicais, de 32%, é fruto de 30 anos sem reposições reais, segundo os próprios servidores. Ao invés de reconhecer a gravidade da situação e buscar alternativas, o prefeito optou por encerrar as negociações sob o argumento da “responsabilidade fiscal”.
Os sindicatos das categorias apresentaram uma proposta de reajuste salarial de 7%, mas a gestão municipal rejeitou e apresentou uma contraproposta de 4,2%, abaixo da inflação, mas recuou posteriormente, após os servidores públicos realizarem manifestação na Câmara e na Prefeitura.
Discurso pacificador, realidade dura
Embora o discurso do chefe do Executivo fale em “disposição” e “diálogo aberto”, o resultado prático foi nenhuma proposta de recomposição salarial para 2025. A fala de que “não existe quebra de braço” soa contraditória diante de um processo que simplesmente foi encerrado unilateralmente, sem contraproposta concreta.
“É uma gestão que tem feito um trabalho extraordinário nessa negociação”, afirmou, tentando transmitir tranquilidade à população. “Estamos dando o nosso melhor para que a gente possa, quem sabe no próximo ano, dar os reajustes necessários”, prometeu Samuel.
A crítica que ecoa entre servidores é que o “melhor” que está sendo feito ainda não chegou aos contracheques de quem mantém os serviços públicos funcionando. Professores, agentes de saúde, administrativos e demais categorias esperavam uma sinalização de valorização, mas receberam apenas números negativos e promessas vagas.
Transparência
A gestão municipal alega que o impacto das retenções inviabiliza qualquer avanço, mas não detalha quais medidas estão sendo tomadas para recuperar a arrecadação nem quais áreas sofrerão cortes. Servidores apontam falta de transparência, lembrando que mesmo com dificuldades, a Prefeitura manteve gastos com comissionados e eventos.
“O prefeito diz que não há disputa, mas foi ele quem decidiu que a pauta está encerrada. Isso não é diálogo, é imposição”, criticou o servidor Wellington Araújo, que tem 28 anos de serviços prestados à Prefeitura de Nossa Senhora do Socorro.
Sem reajuste, a defasagem salarial só se aprofunda. A inflação já consome parte considerável da renda dos servidores, muitos dos quais precisaram buscar empregos complementares. A perspectiva agora é de mobilização: sindicatos devem organizar atos públicos e campanhas de pressão política para reabrir a discussão e exigir respeito aos profissionais.
Por Redação
Foto: Jovem Pan
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