Quem assistiu o discurso do senador Alessandro Vieira na cerimônia de recebimento do seu título de Cidadão Sergipano percebeu claramente não ter havido qualquer motivo para a polêmica gerada na imprensa por ele não citar os nomes de todas as autoridades listadas pelo cerimonial.
O senador pediu licença para quebrar o protocolo, ressaltando o fato de que cada autoridade já teria sido citada algumas vezes e por ser justo homenagear a belíssima apresentação da cantora Amorosa, que interpretou de forma brilhante o Hino Nacional, e em nome da qual saudou todas as autoridades presentes.
As pessoas acharam normal e até sensata a atitude, tendo em vista o atraso no início do evento, o adiantar da hora, o fato de o senador ter sido o último a discursar, o evento ter se alongado, pois eram dois homenageados, e por que os dois oradores que o antecederam passaram longos minutos lendo fichas de nomes e instituições que cada autoridade representava, para finalmente conseguirem iniciar suas falas.
Agora, quem estava no local ou assitiu o vídeo do discurso percebeu que talvez o seu conteúdo tenha sido motivo de algumas pessoas saírem incomodadas.
Isso porque, em dado momento, mesmo sem se dirigir a ninguém, o senador Alessandro sustentou que discurso e palavras não resolvem nada e que o exemplo e a prática é que motivam a esperança de verdade capaz de resgatar Sergipe, Aracaju e o Brasil.
Em outro ponto de sua fala, lamentou por nos conformarmos em ser administrados por uma minoria que não nos representa. E mais adiante fez uma reflexão de que quantos dos presentes conheciam pessoas que começaram de forma decente e bem intencionada na política, mas se desvirtuaram no caminho. E para esses desejou a possibilidade de resgate, de redenção.
Em seu discurso também ressaltou que a maioria das pessoas são honestas, não vivem do compadrio, das vantagens e afirmou que era preciso trazer essas pessoas para as principais posições de comando do Estado, da nossa cidade e do Brasil.
Quem estava lá ou assistiu o vídeo percebeu que foi um discurso sereno, respeitoso e que claramente não tinha a intenção de constranger o prefeito de Aracaju, o governador e nenhum dos políticos presentes, apenas exprimia um sentimento sincero e verdadeiro do homenageado, mas que certamente pode ter incomodado alguém em quem a carapuça serviu.
Daí fico me perguntando: será que foi mesmo a quebra de protocolo que fez tanta gente sair reclamando?
Hebert Pereira é advogado e consultor político.
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