O senador Rogério Carvalho (PT/SE) concedeu, nesta terça-feira, 28, uma entrevista ao vivo à TV PT, onde abordou diversos temas, com destaque para os alarmantes números de violência política registrados durante as eleições de 2024. Durante a conversa, o senador destacou casos específicos de agressões contra militantes e candidatos do PT, que refletem o crescente clima de hostilidade e abuso de poder durante o processo eleitoral.
Carvalho comentou sobre o inquérito conduzido pela Polícia Civil que classificou como tentativa de homicídio o crime cometido contra o militante petista Charles Belchior. O episódio ocorreu na noite de 2 de outubro, quando quatro pessoas foram indiciadas. Segundo o senador, o crime foi premeditado e demonstrou clara intenção de assassinato.
“Nós estávamos fazendo uma carreata, e ele ficou entrando e saindo. Depois, jogaram uma tornozeleira eletrônica no carro em que a candidata estava, junto com outros candidatos e candidatas a vereadores. Nossa equipe de moto, responsável pela organização da carreata, pediu para ele sair. Quando Charles chegou perto do carro, que passou na frente, ele foi arrastado por quase dois quilômetros e, intencionalmente, o motorista jogou o carro em cima de outro, com clara intenção de matar nosso companheiro”, explicou.
O senador ainda destacou a postura inicialmente hesitante da Polícia Civil ao registrar o caso, que foi, num primeiro momento, tratado como lesão corporal grave. “Inicialmente, fomos recebidos de forma estranha pela plantonista, que registrou o caso como lesão corporal grave, mas não como tentativa de homicídio. Não houve flagrante, o que mostra uma tendenciosidade por parte da estrutura do governo estadual, que tinha outro candidato”, pontuou.
“Apenas depois que demos visibilidade ao caso, reclamamos junto ao secretário de Segurança Pública, e nossos advogados intervieram, conseguimos transferir o caso para a delegacia de homicídios. No entanto, não conseguimos o flagrante. Conseguimos, ao menos, que os três elementos, incluindo um candidato a vereador, Flávio, da direita, fossem investigados por tentativa de homicídio”, revelou.
Além do caso de Charles Belchior, o senador relatou outras formas de violência ocorridas durante a campanha em Sergipe, como abordagens intimidatórias pela Polícia Militar contra candidatos de oposição e a proteção a esquemas de compra de votos, que contaram com a escolta de forças policiais. “Nos dias anteriores, a candidata, durante uma panfletagem à tarde, foi abordada pela polícia militar. Três policiais armados com fuzis e pistolas a intimidaram, tentando tirá-la da campanha de rua”, afirmou.
“Esta foi uma campanha violenta, e os números apontam essa violência, mas os registros não cobrem nem 5% dos casos que realmente ocorreram. Posso dizer isso com tranquilidade, pois em todos os municípios do estado de Sergipe, os candidatos de oposição ao governo sofreram violência, agressões e abordagens ostensivas e violentas por parte da polícia militar. Houve também outras formas de violência, como a polícia escoltando a distribuição de dinheiro e protegendo a compra de votos em frente a escolas onde estavam as seções eleitorais”, acrescentou.
Outro ponto abordado pelo senador Rogério tem relação com a inação das instituições públicas diante da violência generalizada. “A tolerância e a inação das instituições foram evidentes. Se as instituições tivessem cumprido seu papel de forma efetiva, essa violência teria sido menor, e não teríamos tantos casos. A leniência do poder público e dos órgãos que deveriam garantir um processo eleitoral tranquilo permitiu que isso acontecesse”, disparou.
Ele mencionou, ainda, outros casos graves, como o assassinato de uma militante em Nossa Senhora de Lourdes, cuja motivação política está sendo investigada pela Polícia Federal, e o abuso de poder por parte das forças de segurança em favor de candidaturas aliadas ao governo estadual, enfatizando a necessidade de medidas concretas para restaurar a integridade do processo eleitoral, propondo a elaboração de um documento a ser encaminhado à Procuradoria-Geral da República, com o objetivo de evitar que tais violências se repitam em futuras eleições.
“Precisamos rever o que está acontecendo para restaurar a integridade do processo eleitoral. Não questionamos as urnas eletrônicas, mas a compra de votos, o abuso do poder econômico e o assédio eleitoral são formas de violência que não podem continuar sendo ignoradas”, concluiu.
Por Assessoria de Imprensa
Foto: Janaína Santos
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