O senador Rogério Carvalho (PT/SE) concedeu, nesta segunda-feira, 24, entrevista à CNN Brasil e, na oportunidade, falou sobre as expectativas para a abertura da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar os atos terroristas de 8 de janeiro.
“Todo trabalho de investigação e identificação da maioria daqueles que participaram, financiaram ou ajudaram de forma política ou logística dos atos, já está sendo feito pelo Ministério da Justiça, pelo Ministério Público, pela Polícia Federal e até pelo STF. Contudo, diante dos fatos e das narrativas que estão sendo construídas pela oposição, a CPMI tornou-se inevitável e fundamental para que a gente traga à luz novos atores dessa investida golpista que nós vivemos no dia 08 de janeiro”, declarou logo no início da entrevista.
De acordo com o 1º Secretário do Senado, o processo investigativo, portanto, será primordial para elucidar quem seriam os responsáveis pelos crimes que chocaram o mundo, causando destruição às sedes dos três poderes do país. Ele destacou que todo e qualquer envolvido precisa ser punido, não descartando a possível participação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de membros de sua gestão no ocorrido.
Ele reforçou essa observação reiterando que, dentro do processo investigativo, alguns nomes devem ter prioridade nos depoimentos. “Precisamos ouvir o ex-presidente Bolsonaro, o general Heleno, precisamos ouvir o Torres, que está preso. É preciso ouvir os principais personagens, como também o comandante da Polícia Militar do Distrito Federal. Assim como também serão ouvidos membros do governo que estavam já no exercício das funções”, ressaltou.
Carvalho ainda comentou que “o ex-presidente vinha atacando, agredindo as instituições desde o primeiro dia de mandato. Eduardo Bolsonaro dizia que, para fechar o STF, bastava um jipe e quatro soldados. Então, essa sanha golpista vem da origem desse grupo que governou o Brasil ao longo desses quatro anos”, explicou.
“Portanto, a gente precisa colocar luz sobre os fatos, porque esse mundo de narrativa é um mundo que tenta destruir os fatos, destruir aquilo que dá sustentação concreta às versões e que fala sobre a realidade, sobre a história e a história se sustenta em fatos, objetivos, em coisas que ocorreram, em ações, em atitudes, em posições que foram assumidas por quem tinha poder de mando ao longo do processo anterior e durante a o fato ocorrido”, acrescentou.
Ex-ministro deve ser investigado
Questionado sobre a responsabilidade do ex-ministro Anderson Torres, que pediu o adiamento do novo depoimento que ele prestaria à Polícia Federal nesta segunda-feira alegando questões de saúde, Carvalho foi enfático: “ele é um ator importante, e era o secretário de segurança pública do Distrito Federal”.
“Ele era um homem forte do governo Bolsonaro e, na casa dele, foi encontrado uma minuta que autoriza o golpe, assim como todo o arcabouço jurídico para justificar a manutenção mesmo depois de uma eleição do Jair Bolsonaro na presidência da república. Portanto ele era guardião da estratégia do golpe”, afirmou.
Dessa forma, continuou Rogério, a inclusão do nome de Torres nas investigações independente de condições de saúde. “Pode durar uma semana, pode depor numa outra semana, mas a CPMI pode até ir ao hospital e fazer a oitiva. Ele não vai poder fugir eternamente de dar depoimento à polícia ou a CPMI quando ela for instalada”, garantiu.
“Ele é uma peça-chave, assim como Jair Bolsonaro e Carlos Bolsonaro são. E, dessa vez, Carlos Bolsonaro passa a ser também porque há indícios de que ele se comunicou no 8 de janeiro. E Jair Bolsonaro não é mais presidente, então agora pode ser convocado, sim, para depor na CPMI”, disse.
É preciso alinhamento com a defesa da democracia
Entre os pontos comentados sobre a CPMI, o senador Rogério falou sobre os pontos que devem ser definidos durante o processo investigativo. Ele adiantou que, antes de tudo, é preciso que os nomes para compor a Comissão precisam ser escolhidos e as diretrizes organizadas. “É preciso definir quem serão os representantes com condição de indicar membros. Então, a partir disso, será definido quem serão os parlamentares indicados por cada partido e, assim, quem serão os melhores nomes para a relatoria e presidência”, detalhou.
“É importante que todos tenham ciência que o crime que ocorreu no dia 8 de janeiro foi um crime contra a democracia, contra as instituições. Foi um crime contra os símbolos nacionais. Então, pouco importa qual o partido que vai estar no comando e na relatoria. Importa que seja quem tem, como base, a defesa da democracia”, esclareceu.
Com isso, Rogério complementou que “o partido vai estar alinhado com o esclarecimento e passar os fatos com a maior transparência possível”. “Isso será indispensável para que a sociedade forme uma opinião correta sobre o que ocorreu antes, durante e o pós 8 de janeiro. Isso é importante que a gente avalie”, concluiu.
Por Assessoria de Imprensa
Foto: Daniel Gomes
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