Nesta segunda-feira, a Câmara Federal e o Senado Federal, com votos de deputados sergipanos e do senador Rogério Carvalho, elegeram os dois nomes que vão presidir as duas casas legislativas: Arthur Lira (PP), na Câmara, e Rodrigo Pacheco (DEM), no Senado.
A eleição dos dois parlamentares, que foram candidatos do governo, não é nenhuma novidade. A novidade mesmo está no presidente Bolsonaro se aliar ao Centrão na Câmara, pivô dos piores escândalos políticos que este país já conheceu, e que Bolsonaro tanto criticou e jurou de mãos juntas jamais se render a este grupo por todo seu histórico de corrupção, e no fato de o senador petista Rogério Carvalho apoiar e articular a candidatura do bolsonarista Rodrigo Pacheco para o Senado.
O apoio do governo Bolsonaro ao Centrão, mesmo conhecendo a forma chantagista desse grupo trabalhar, não chega a ser muita novidade, até porque só inocente acreditou naquele discurso moralista de Bolsonaro. Mas, o que nos estranha é um senador petista se aliar a um candidato declaradamente bolsonarista, por mais que este seja competente e preparado para o cargo.
Rogério Carvalho, principalmente, vai ter que se esforçar muito para convencer a população sergipana, especialmente a militância petista, de que o seu voto em Rodrigo Pacheco foi pela estabilidade das instituições democráticas.
A classe política hoje, praticamente sem exceção, está desmoralizada. O grupo bolsonarista que se apresentava como uma espécie de joia rara em matéria de moralidade na política, cai no descrédito ao se aliar ao Centrão, aquele grupo político em que o general Augusto Heleno, um dos homens mais fortes do governo Bolsonaro, afirmou em um vídeo que circula nas redes sociais, ser sinônimo de impunidade, inclusive fazendo uma “música” para homenagear o grupo do toma lá, dá cá.
O que dizer agora Bolsonaro? E Rogério Carvalho, qual a real explicação para se aliar a um candidato de um governo tão criticado pelo Partido dos Trabalhadores? Era tudo jogo de cena? Hipocrisia?
Assim como ocorreu em outros governos, não duvide que um acordão esteja por traz dessa engenharia política, para salvar deputados e senadores, como Flávio Bolsonaro, da degola.
Todos nós sabemos que nenhum presidente governa sem o apoio do Congresso, e o Centrão é decisivo nos cálculos dos votos. Todos sabem também o que aconteceu com Dilma Rousseff, quando ela resolveu confrontar o Centrão.
Bolsonaro que tenha cuidado, pois este grupo não costuma levar desaforo para casa. Pelo contrário, adora vantagens. A primeira negativa do governo pode lhe custar o mandato.
A República se derrete e a moralidade política pede passagem.
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