Rogério Carvalho destaca falta de avanços na saúde pública de Sergipe em programa do Sindmed

“Eu acho quase impossível fazer uma coisa de qualidade no serviço público se você não tiver um corpo de servidores públicos”. Essa foi uma das afirmações feitas pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE) durante a entrevista para o podcast “A Voz do Médico”, um programa realizado pelo Sindicato dos Médicos de Sergipe (Sindmed).

A entrevista foi conduzida por Helton Monteiro, presidente do Sindimed, e Argemiro Macedo, vice-presidente do sindicato. Diversos temas relacionados a saúde no Estado foram debatidos, entre eles a falta de avanços na qualidade do serviço.
 
“Quando eu cheguei na prefeitura, a convite de Marcelo Déda, a gente tinha 300 servidores públicos, fizemos um concurso público e contratamos aproximadamente 3 mil funcionários. Então, a base dos servidores da prefeitura ainda são os profissionais, foram 54 entre especialidades e outras profissões da saúde que foram concursadas em 2003. Então, não acho que seja possível fazer atenção básica, não acho que seja possível fazer algumas áreas de atendimento como vigilância sanitária, vigilância epidemiológica, profissionais que fazem cuidado horizontal em hospital, é preciso ter um corpo estável e permanente ainda que seja no hospital. Eu acho quase impossível fazer uma coisa de qualidade no serviço público se você não tiver um corpo de servidores públicos”, enfatizou Rogério Carvalho.
 
Como se não bastasse o concurso público, o investimento no profissional da saúde com qualificação, também era uma constante, enquanto foi Secretário de saúde municipal e estadual.

“Não quer dizer que todas as especialidades e áreas devam ser preenchidas através do concurso público por causa da natureza do trabalho dessas especialidades, mas uma parte significativa é fundamental que sejam servidores públicos pela estabilidade, pela qualidade, pelo envolvimento. Mas não basta também você fazer o concurso e largar lá o profissional, você precisa ter o investimento nesses profissionais como nós fazíamos, nós tínhamos um centro de educação permanente e a cada seis meses a gente fazia especialização ou do protocolo clínico, ou de organização de funcionamento do serviço, mas a gente envolvia toda a equipe, todos os profissionais nesses treinamentos e o estado quando eu cheguei a situação era tão ou mais grave quanto o município”, declarou o senador.
 
Carvalho disse ainda que foi encontrado um descontrole e caos em toda a rede hospitalar.

“Sem contar a defasagem tecnológica dos equipamentos, da estrutura física de todos os hospitais e da rede de atenção básica de todos os municípios do Estado de Sergipe. A gente chegou a encontrar esterilização de instrumental e de curativo sendo feito em cuscuzeiro, o pessoal imaginava que o vapor da água ia matar as bactérias e nós fizemos o concurso, criamos a Fundação Hospitalar de Saúde por ser um instrumento público de direito privado, e a gente concursou e colocou pra dentro mais de 5 mil servidores naquele ano”, relembrou.
 
Enquanto deputado federal, Rogério Carvalho foi relator da medida provisória que criou a EBSERH e explicou porque ela vem evoluindo e a Fundação não.

“As Fundações foram mal geridas. Se você colocar uma OS mal gerida o resultado vai ser catastrófico. Se você fizer a administração direta mal feita você vai ter o mesmo resultado. Se for fundação, empresa de serviços, empresa pública mal gerida vai ser o mesmo problema, veja que a EBSERH fui presidente da comissão e relator do plenário da medida provisória que criou a EBSERH. E essa empresa de serviços hospitalares que cuida hoje do Hospital Universitário daqui e de Lagarto, não tem questionamento por quê ela tem um sistema de gestão que vem evoluindo e olha que hoje é um dos lugares melhor para trabalhar é a EBSERH e tem a mesma natureza, o modelo e que fez concurso público, a mesma estrutura jurídica, o mesmo texto praticamente de definição do modelo de organização era o das fundações, porque foi o exemplo que nós pegamos e a experiência que a gente tinha que nós levamos pro texto que criou a EBSERH”, comentou.
 
Carvalho foi questionado também sobre a mortalidade infantil em Sergipe que pode chegar ao primeiro lugar. O senador foi enfático.

“Tem desinvestimento em UTI neonatal porque tem desinvestimento profundo, desestruturação do programa de saúde da família e o acompanhamento de gestantes de baixo, médio e alto risco. Em 2005, na Secretaria Municipal de Saúde, Sergipe foi o estado que teve uma mortalidade materna menor das mulheres atendidas pelo setor público que as mulheres atendidas pelo setor privado, pra gente foi uma vitória. A vitória do médico esperar pela gestante e não da gestante esperar pelo seu médico. Que é urgência e o médico tem que tá na maternidade esperando a urgência obstétrica acontecer. Então a gente conseguiu esse conceito, a gente conseguiu reduzir a mortalidade materna, mas a gente conseguiu sair de 32 por mil nascidos vivos para 22 em 2004 e chegamos a 16, era pra gente está hoje com 12 se houvesse o processo evolutivo. Infelizmente nós retrocedemos e eu não vejo nenhuma ação de investimento”, afirmou.





Por Katiane Menezes
Foto: Janaína Santos

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