Um contrato de número 017/2023-UFS, em que a Universidade Federal de Sergipe terá centenas de pessoas contratadas para o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), com previsão de orçamento milionário e altos salários a serem pagos a um grupo de professores, está provocando uma onda de indignação e desconfiança por parte de docentes da universidade.
De acordo com reportagem da Gazeta do Povo, o projeto do Ministério da Educação (MEC) firmado com a UFS tem valor total estimado em R$ 12,2 milhões, mas cerca de R$ 5,5 milhões serão destinados para bancar o salário de 454 pessoas selecionadas para trabalharem no projeto, no período de janeiro deste ano a maio de 2025.
O que tem provocado estranheza é o valor dos salários de um grupo seletivo de 10 pessoas, responsável por quase metade do valor total destinado à folha de pagamento.
Segundo a matéria do jornal paranaense, o maior salário previsto é da coordenadora do projeto, que é doutora em Biotecnologia, e receberá o total de R$ 430 mil por duas horas semanais que dedicará ao trabalho até maio de 2025, o equivalente a pouco mais de R$ 1.700,00 por cada hora de trabalho.
“Se pegarmos esse valor e dividirmos pelas 125 semanas de duração do projeto, a coordenadora receberá R$ 1.723,35 para cada hora trabalhada”, calcula o professor Alan Almeida Santos, do Departamento de Matemática da UFS, em entrevista ao jornal sediado em Curitiba.
A professora Denise Albano, titular do curso de Direito da Universidade Federal de Sergipe, que já concorreu ao cargo de reitora da instituição federal de ensino, faz vários questionamentos sobre os exorbitantes salários que serão recebidos por um grupo específico de docentes da universidade, e salienta que este deve ser o maior valor de hora de trabalho pago no serviço público brasileiro.
“O que há por trás desse projeto de 12,2 milhões de reais? O que justifica a coordenadora receber, o que acredito ser, o maior valor de hora de trabalho pago no serviço público brasileiro? Como explicar o gasto de 600 mil reais com reuniões online? Por que contratar um instituto de pesquisa por quase 1,5 milhão se o projeto já é para execução de uma pesquisa com previsão de cerca de 500 pessoas envolvidas e tem o diretor de estatística da UFS recebendo 60 mil reais para fazer análise dos dados levantados?”, indaga a professora.
Ainda, segundo Denise Albano, a universidade vai desembolsar R$ 60 mil para a chefe de Comunicação da UFS realizar assessoria publicitário do projeto, sendo que tanto a universidade como o Ministério da Educação já possuem equipes de assessoria de comunicação.
“Por que pagar à chefe de comunicação da UFS, e recém empossada conselheira da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) em Brasília, R$ 60 mil reais por assessoria publicitária do projeto, sendo que tanto a UFS como o MEC já possuem equipes de assessoria de comunicação? É razoável a fundação de apoio ligada à universidade levar R$ 1,6 milhão para gerir esse projeto se esse valor já seria, por si só, suficiente para executar o projeto inteiro segundo especialistas em PNLD?”, questiona a professora universitária.
“Por que dois membros da cúpula da Reitoria vão faturar, cada um, R$ 60 mil reais nesse projeto, além do salário e acréscimo da função comissionada exercida que já recebem e não houve um edital sequer para selecionar professores participantes, sendo que a UFS conta com centenas de professores nas áreas de Educação, Pedagogia e Letras? Quem são os os outros “premiados secretos” com esses pagamentos polpudíssimos, em especial o que vai faturar R$ 430 mil reais?”, acrescenta Denise Albano.
O Hora News encaminhou à universidade questionamentos para melhor esclarecer o assunto, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.
Por Redação
Foto: Divulgação
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