Presidente do DC é acusado de chantagear, ameaçar e sabotar candidatura de Paulo Márcio

O delegado Paulo Márcio, candidato a prefeito de Aracaju pelo Democracia Cristã (DC), rompeu as relações políticas com o presidente do partido, Airton Costa. Em relato encaminhado ao Hora News, Paulo Márcio afirma que foi chantageado, ameaçado e sabotado pelo presidente do Diretório Estadual do DC.

Paulo Márcio lamenta que os principais dirigentes do partido tenham o abandonado na hora que mais precisa do apoio do partido na campanha. Os dirigentes partidários, segundo o candidato, se mostraram desinteressados e totalmente descomprometidos com o projeto coletivo.

“Não é segredo que venho fazendo, até aqui, uma campanha franciscana, modesta, todavia bastante respeitada e reconhecida. Tanto isso é verdade que nas sondagens realizadas até o mês de agosto, sempre figurei entre os cinco primeiros colocados. Mas estávamos cientes de que, com o início do período eleitoral, teríamos dificuldades adicionais decorrentes da falta de participação no horário eleitoral gratuito de rádio e televisão. Daí a nossa estratégia, chancelada pelo partido (leia-se presidentes estadual e municipal de Aracaju) de intensificar nossa campanha nas ruas e redes sociais. Lamentavelmente, na hora em que os candidatos a prefeito e vereador mais precisaram, os dirigentes partidários mostraram-se relapsos, desinteressados e totalmente descomprometidos com o projeto coletivo”, critica Paulo Márcio, acrescentando que Giovanna Rocha, esposa de Airton Costa, indicada pelo marido para coordenar a campanha, não adotou nenhuma providência para melhorar a comunicação junto à população aracajuana.

“Indicada pelo esposo para coordenar a campanha majoritária, a presidente do diretório municipal de Aracaju, Giovanna Rocha, mostrou-se inapta até para a simples tarefa de organizar um cronograma, além de ter pecado no dever de providenciar o material gráfico e de comunicação visual, entregue no 15° dia campanha com erros de impressão”, diz o candidato.

Ainda, segundo Paulo Márcio, dos R$ 75 mil que o partido teve direito do Fundo Eleitoral, R$ 25 mil foram utilizados para pagar o contador da campanha, gerando desconfiança de superfaturamento.

“Dos recursos destinados para Sergipe a título de fundo eleitoral, um terço foi gasto apenas com assessoria contábil. Em razão dessa decisão estranha e polêmica, o partido forneceu apenas cinco mil santinhos para os candidatos a vereador e vinte mil santinhos para a chapa majoritária, além de alguns adesivos em formato circular de péssima qualidade. Não foram disponibilizados carro de som, bandeiras, praguinhas, pragões, adesivos vaquejada, perfurados ou quaisquer materiais imprescindíveis para uma disputa eleitoral, deixando muda e sem brilho a campanha de rua. Também não foram contratados profissionais como assessor de imprensa, fotógrafo, publicitário, gerenciador de tráfego na internet, editor de vídeo, etc. Mas gastou-se um terço dos recursos com assessoria contábil, como que para confirmar aquele ditado segundo o qual, na nossa campanha, é o rabo que balança o cachorro”, denuncia o delegado.

Mesmo o partido tendo repassado para o contador um terço do total recebido, deixando a campanha de Paulo Márcio desamparada, ao ser cobrado pelos candidatos a vereador por recursos e material para as campanhas proporcionais, o presidente do DC teve a cara de pau de mandar os candidatos pedirem ajuda financeira ao candidato a prefeito, inclusive salientando que Paulo Márcio, como delegado de polícia, recebe um bom salário mensal.

Airton Costa no lançamento da candidatura de Paulo Márcio

“Cobrado pelos candidatos a vereador por recursos e material de campanha, o presidente Airton Costa teve o desplante de orientá-los a pedir ajuda financeira a mim, sob a justificativa de que eu percebo um bom salário e, na condição de candidato a prefeito, teria a obrigação de ajudar financeiramente os candidatos ao cargo de vereador’, relata Paulo Márcio, observando ainda que Airton Martins teria sido procurado por um candidato a vereador para pedir seu apoio ao prefeito Edvaldo Nogueira, que disputa a reeleição, em caso de um eventual segundo turno.

“Mostrando uma total falta de respeito não só a mim como ao próprio partido que preside, no dia 23 de setembro próximo passado, isto é, a menos de 5 dias do início da campanha eleitoral, Airton Costa me ligou dizendo ter sido sondado por um candidato a vereador pelo PDT sobre um eventual apoio do nosso grupo a Edvaldo Nogueira no segundo turno. Eu lhe respondi que aquela conversa não só era descabida e inoportuna, pois o primeiro turno sequer havia iniciado, como totalmente desrespeitosa, pois mostrava desapareço e menoscabo pela nossa candidatura. O presidente insistiu no assunto, alegando a necessidade de uma estrutura para o partido em um eventual segundo mandato de Edvaldo, mas eu pedi para encerrarmos a conversa e cuidarmos do nosso próprio projeto”, explica Paulo Márcio.

“Não sei se foi a minha sinceridade e clareza ao reduzir a zero as chances de qualquer acordo com Edvaldo que fez o partido abandonar minha campanha, que   segue lastreada no apoio da família e dos amigos, principalmente os bolsonaristas de Aracaju, que têm se mostrado os mais fiéis, solidários e esperançosos entre todos os apoiadores”, completa.

O presidente do DC ainda tentou afastar da campanha de Paulo Márcio o apoio de candidatos bolsonaristas, o que contribuiu ainda mais para o rompimento do candidato com Airton Costa.

“Foi por isso que, na noite deste domingo, 19, ao tentar pela enésima vez afastar da minha campanha uma crítica e combativa bolsonarista, eu tive que fazer uma escolha: entre a cúpula do partido e meus apoiadores bolsonaristas, optei pelos segundos, não cedendo às chantagens e ameaças do presidente Airton Costa, que, inconformado, disse-me que doravante o partido estará oficialmente fora de minha campanha e não fornecerá nenhum material gráfico. Uma piada, tendo em vista a sabotagem de há muito percebida até pelos mais ingênuos”, avalia.

Apesar das chantagens, ameaças e sabotagens, Paulo Márcio confirma a permanência de sua candidatura a prefeito de Aracaju e faz uma advertência ao presidente do partido, caso queira “derrotá-lo no tapetão”.

“Alheio a chantagens, ameacas e sabotagens, seguirei firme em minha candidatura, com o apoio dos mototaxistas, policiais civis e militares, empresários, comerciários, professores, profissionais da saúde, desportistas, servidores públicos, aposentados e pensionistas, católicos e evangélicos e dos movimentos bolsonaristas autênticos. Se quiserem me derrotar no tapetão, fiquem absolutamente à vontade. Mas lembrem-se da frase do moleiro de Sans-Souci, endereçada ao déspota esclarecido Frederico II da Prússia: “Ainda há juízes em Berlim”, conclui Paulo Márcio.

Em relação ao candidato a vereador que teria procurado Airton Costa para se aliar ao projeto de Edvaldo Nogueira no segundo turno, o Hora News apurou que Mendonça Prado, que faz parte do mesmo partido do prefeito, foi o responsável pelo convite feito aos dirigentes do Democracia Cristã.

O Hora News tentou ouvir o presidente estadual do Democracia Cristã, Airton Costa, mas não conseguiu localizá-lo.



Por Redação
Foto: Divulgação

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