Apadrinhamento político e desrespeito com o dinheiro público. Essa é a avaliação que fazem vereadores de Rosário do Catete sobre o comportamento, no mínimo, antiético, do presidente da Câmara Municipal, Elton Lima (PSD). Após exonerar os cargos comissionados dos demais vereadores, o presidente da casa legislativa promoveu um festival de reajustes de gratificações aos auxiliares da mesa diretora.
Em um dos casos, um assessor legislativo que tem o salário base de R$ 2 mil teve uma gratificação de verba de representação de gabinete de 200%, ou seja, o salário subiu “milagrosamente” de R$ 2 mil para R$ 6 mil.
O que chama a atenção dos moradores de Rosário do Catete, é que no dia e no horário das sessões, que acontecem as terças e quintas, um dos assessores do presidente, que recebeu salário de R$ 6 mil, vende carne na feira livre da quinta-feira, exercendo a profissão de marchante.
O presidente Elton Lima, também nomeou a sobrinha dele, como assessora legislativa de Gabinete do Presidente (CCA-3), com salário, também, de R$ 6 mil, sendo que o vencimento básico dela é de R$ 2 mil, mas com a gratificação de 200% foi multiplicado por três.
Comissão
Além desta anormalidade jurídica, o presidente também enfrenta dificuldades para explicar denúncias de uso irregular do combustível da casa legislativa. A acusação é feita e assinada pelo ex-funcionário da Câmara, José Denis Santos Rocha, que acusa o presidente da Câmara de usar o dinheiro público indevidamente para abastecer carros particulares.
Após a denúncia feita pelo cidadão rosarense, o assessor Jurídico da Câmara menosprezou a denúncia, chegando a dizer na tribuna que “aquele documento e papel higiênico eram a mesma coisa”. E por orientação dele, o presidente Elton Lima arquivou o pedido de instalação de uma Comissão de Sindicância Parlamentar (CSP). Graças a uma liminar concedida pela Justiça na semana passada, a solicitação da instalação da Sindicância deverá ir à pauta de votação, provavelmente nesta terça-feira.
A expectativa dos vereadores, principalmente os da base aliada ao governo municipal, é que o requerimento que pede a instalação da Comissão de Sindicância seja colocado para votação na sessão desta terça-feira. Porém, segundo o vereador Delson Leão (PSB), o presidente já avisou que não colocará o pedido em votação, mesmo uma liminar judicial o obrigando a adotar tal medida.
“Quem delibera o pedido ou não da denúncia é o plenário e ele não colocou o plenário para decidir. Como a denúncia é contra ele, pediu a mesa que arquivasse e a mesa arquivou. Nós entramos com uma liminar e ganhamos, ele entrou com agravo, perdeu, e hoje também avisou que não vai botar. Disse que só vai colocar quinta-feira, desobedecendo à ordem judicial. A justificativa é medo porque ele sabe que vai perder. E ele quer ganhar tempo”, explica Delson Leão, salientando que mesmo a denúncia sendo específica sobre o uso irregular do combustível nada impede que os vereadores investiguem o caso relacionado ao nepotismo.
“A denúncia é específica sobre combustível, mas tudo é um contesto, não é”, observa o parlamentar.
De acordo com Delson Leão, o presidente da Câmara é réu confesso, pois em entrevista a uma rádio da região admitiu ter usado o dinheiro público para abastecer dois carros particulares. O vereador também adverte que a ilegalidade praticada pelo presidente da Câmara pode custar seu cargo de presidente, bem como seu mandato.
“Ele disse numa entrevista que colocou combustível no carro particular dele e no carro particular do assessor dele. E não pode. Ai o que aconteceu: ele tirou duas notas no valor do combustível e colocou a placa do carro da Câmara, só que o carro da Câmara nesse tempo estava na Samam fazendo reparos, revisão. Nessa sindicância vai ser apurada a denúncia que pode até pedir o afastamento dele da mesa, como presidente. E se for o caso, até o mandato”, conclui o vereador.
A Redação tentou falar, por telefone, com o presidente da Câmara de Rosário do Catete, Elton Lima, mas não obteve êxito.
Por Redação Hora News
Foto: CMRC/Arquivo/Divulgação
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