“Precisamos libertar nosso Estado do atraso”: o discurso incoerente de Danielle Garcia

“Temos o objetivo de libertar o povo de Sergipe das mãos do atual grupo político. Juntos, nós somos oposição e vamos para a eleição contra o grupo de Belivaldo Chagas, Edvaldo Nogueira, Jackson Barreto e André Moura. Precisamos libertar nosso Estado do atraso”.

Essa foi a declaração da delegada Danielle Garcia (Podemos) em entrevista ao jornalista Jozailto Lima, editor do portal JL Política, no dia 24 de julho de 2021. Porém, nesta segunda-feira (16) ela surpreendeu a todos e declarou apoio ao candidato governista, Fábio Mitidieri, que além de reunir em seu palanque o governador Belivaldo Chagas (PSD), também conta com o apoio do prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT), dois políticos dos quais Danielle classifica como um atraso para o estado. Sem falar no ex-deputado federal André Moura, condenado a prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que a delegada também mencionou várias críticas a sua conduta política. Agora, todos num mesmo palanque pelo bem de Sergipe.

A decisão de Danielle Garcia, que surgiu na política como sendo um nome novo e que despertou esperança no povo sergipano, por ser uma combativa e destemida delegada de polícia, mas principalmente por se apresentar como uma mulher independente e opositora aos grupos que governam Sergipe há décadas, causou enorme estranheza, já que muitos esperavam dela uma posição de neutralidade por sempre ter contestado os dois grupos políticos que estão na disputa.

Diante a decisão adotada por ela, algumas perguntas são inevitáveis. O que fez Danielle Garcia mudar de opinião em tão pouco tempo? Porque não seguiu o exemplo da vereadora Emília Corrêa, que preferiu a neutralidade do que apoiar um dos candidatos e comprometer seu discurso de independência? Afinal, quem mudou, os governistas ou Danielle Garcia?

Pela receptividade que teve nas urnas e por reacender no povo a esperança de uma oposição de verdade, capaz de vencer uma eleição estadual e mudar a rota do governo sergipano, Danielle Garcia se contradiz ao abraçar o candidato governista neste segundo turno, podendo ter colocado em cheque o seu futuro político e a sua grande popularidade, alcançada devido a um discurso autônomo e de combate a “velha política” tão propagado pelos quatro cantos de Sergipe.

Danielle Garcia terá que se esforçar bastante para convencer o seu eleitorado a aceitar com naturalidade este seu apoio político contraditório, ainda mais por ela ser vista como uma novidade no mundo da política, sem vícios e conchaves. Não será fácil, mas como na política quase tudo é possível, ainda resta uma esperança para tamanha incoerência. Fábio não tem nada a perder. Já Danielle… O tempo dirá.

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