Práticas para uma saúde integral

Na primeira metade do século XX, o físico Albert Einstein definiu o homem como sendo um conjunto de partículas regido pela consciência. Desde então, a visão mecanicista da ciência, em que se percebia o ser humano com uma simples reunião de peças, tem sido cada vez mais questionada.

De fato, a física quântica tem comprovado que a vida orgânica é resultado de padrões de energia integrados de forma dinâmica, harmônica e equilibrada que dão forma aos órgãos e estes ao corpo físico que se manifesta de diversas formas por determinado tempo, interagindo com outros sistemas e com o meio em que vivem.

O indivíduo humano, portanto, é um agrupamento de energias em diferentes níveis de vibração (corpo físico, mente e emoções). Não somos coisas estáticas: nossos corpos estão sempre crescendo e se modificando. Um bebê cresce e mesmo depois de se tornar um adulto, seu corpo continua em constante de renovação celular. Neste exato momento, as células do nosso corpo estão morrendo e se regenerando. Por exemplo, uma mão inteira é recriada no espaço de aproximadamente um ano através da renovação das células que a compõe.

De acordo com o biólogo Rupert Sheldrake, os seres vivos, dos mais simples aos mais complexos, existem graças a um campo que mantêm e organiza sua totalidade: o campo mórfico. Esse campo formativo do organismo cria os padrões de organização das células guiando-as na direção correta de suas ações. Num organismo recém-nascido, as células começam a se diferenciar à medida em que o organismo amadurece, se identificando com o meio ambiente imediato e se adaptando àquilo que é necessário para manter a saúde do organismo: umas serão células do olho, outras células do rim ou do coração. Para Sheldrake, quando o campo mórfico de uma célula se deteriora, sua percepção do todo maior se deteriora também. A célula perde sua identidade no sistema vivo e volta à divisão celular cega e indiferenciada o que pode ameaçar a vida do organismo. É o que conhecemos como câncer. Mas o que poderia causar a deterioração do campo mórfico das células?

A influência das emoções na saúde humana, que já  era apontada pelo médico e filósofo grego Hipócrates no século IV a.C., recebe atenção cada vez maior na área médica. A partir da década de 1960, ganhou força uma tendência, tanto na medicina quanto na psicologia, que define que não existe separação entre mente e corpo e que nossas emoções e sentimentos exercem influência sobre nosso corpo. Esta mudança de ênfase na compreensão e enfrentamento das doenças é destacada pelo antropólogo Cláudio Bertoll, autor do livro “A História da Saúde Pública”: “é preciso ver o ser humano como um todo, um resultado da interação de três dimensões de vida: a biológica, a psicológica e a social”.

Assim, a ciência interdisciplinar da psicossomática, que vê o ser humano de forma integral, tem estudado justamente os efeitos de fatores psicológicos sobre os processos orgânicos do corpo. De fato, várias pesquisas têm associado o estresse, as  relações afetivas e a atitude diante dos problemas às condições emocionais de pacientes e seu papel no aparecimento e tratamento das doenças. Carmen Neme, psicóloga e docente da Faculdade de Ciências na Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” apresentou em 2005, no II Congresso Brasileiro de Stress, estudos que enfatizaram como o câncer é determinado por complexas relações genéticas, psicológicas, imunológicas e ambientais. Seus dados advertem: um dos fatores mais significativos nesse processo é o chamado estresse crônico, provocado por um ritmo de vida desgastante com pequenas, mas frequentes frustrações, responsáveis por uma elevada excitação emocional que leva ao desequilíbrio fisiológico e psíquico.

Considerando os estudos em Neurociência que estimam que o ser humano tem de 50.000 a 70.000 pensamentos por dia, é preciso perguntar: quantos destes pensamentos são negativos ou pessimistas? Quais são nossos estados mentais predominantes? Quais são nossas crenças em relação a nós mesmos? Qual nosso grau de contentamento com a vida?

A cultura global da comunicação instantânea tem gerado uma dependência tecnológica cada vez maior em adultos e crianças. Cada vez mais imersas nos conteúdos digitais que muitas vezes estimulam o culto ao individualismo, ao materialismo e ao consumismo e despertam sentimentos de ansiedade, inadequação e pensamentos negativos, as pessoas têm se desconectado de si mesmas e do momento presente gerando uma sensação de estar funcionando no automático, de não ter o controle da situação, do tempo, nem de si mesmo, causando uma insatisfação com a vida, com tudo e com nada, com ou sem motivo. Sinais de uma desconexão consigo mesmo que geram a ruptura do equilíbrio existente entre mente e o corpo e que contribuem para o surgimento de enfermidades nas dimensões físicas, emocionais, mentais e espirituais do ser humano.

Eckhart Tolle, pesquisador e supervisor de pesquisas da Universidade de Cambridge, ensina em seu livro “O Poder do Agora” que viver no passado e se preocupar com um futuro que ainda não existe é negligenciar o momento presente.  Somente quando se está conectado ao momento presente, atento e consciente, o campo mórfico do organismo se mantém em sintonia tanto com o ambiente interno quanto externo não permitindo que o indivíduo se perca nos medos, mágoas e arrependimentos do passado e que seja capaz de controlar impulsos, desejos e a ansiedade por um futuro que ainda não chegou. Mas como estar presente?

Para Divaldo Franco, médium e autor de mais 250 obras, na raiz de qualquer enfermidade se encontra o desequilíbrio do espírito que deixa de irradiar vibrações harmônicas e rítmicas. Para o fundador da Mansão do Caminho, cujo trabalho de assistência social tem auxiliado milhares de pessoas carentes da cidade de Salvador, a prática para uma saúde integral passa pela introspecção, alegria, cultivo de ideias superiores e oração que “constituem terapias avançadas, com seus efeitos vibracionais positivos, em favor de quem os mantenha, produzindo saúde pela recomposição do equilíbrio psicofísico”. Há dois mil anos o mestre Jesus de Nazaré já advertia: “vigiai e orai, para não cairdes em tentação, pois, de um lado, o espírito está pronto, mas, por outro lado, a carne é fraca” ou seja, o campo mórfico está pronto para atuar sobre nossa matéria promovendo saúde integral, mas para evitar a deterioração causada pela desconexão, pela ausência de si mesmo é preciso estar vigilante e atento ao momento presente.

Vigiar e orar é perceber que há muito mais motivos para ser grato que para se lamentar, é ouvir com intensidade o que o próximo tem a dizer, não apenas esperando a vez de falar sem prestar atenção ao que está sendo dito, é rejeitar os preconceitos e as velhas formas de classificar e julgar acontecimentos, pessoas e relações, é lutar diariamente para abandonar velhas identidades e a necessidade de controle, é abandonar o pessimismo e o medo, é manter o foco no positivo, é não viver dependente dos outros ou das circunstâncias, pois é preciso lembrar que somos os causadores de cada aspecto de nossas vidas e que devemos nos esforçar conscientemente para fazer escolhas que sirvam ao nosso crescimento em todos os sentidos. No livro “Autodescobrimento, uma busca interior”, Joanna de Ângelis, por intermédio da psicografia de Divaldo Franco, alerta: “nunca será demasiado propor-se elevação moral e renovação espiritual do ser humano, autor do próprio destino, considerando-se que, de acordo com aquilo que aspire e faça, proporcionará a si mesmo, hoje ou mais tarde, o resultado da sua escolha”.

Se queremos ter saúde integral em todas as dimensões de nosso ser e queremos mudar o mundo, devemos começar a mudar a nós mesmos buscando insistentemente e constantemente o equilíbrio de nossos padrões energéticos através da prática da compaixão e do amor a nós mesmos e ao próximo. Ouse ser melhor.


Murilo Lima é analista comportamental, coach e especialista em gestão de empresas e empreendedorismo. Possui também formações em desenvolvimento de líderes, desenvolvimento estratégico e gestão da criatividade e inovação. Atualmente é gerente comercial da Jovem Pan Aracaju e mentor voluntário da ONG Projeto Gauss. Desde 2012, conduz processos de desenvolvimento pessoal e profissional para empresários, líderes e jovens promissores, visando a expansão de competências, incremento de resultados e aprimoramento do ser.  

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