Polícia faz buscas e apreensão na casa de jornalista: profissional da imprensa diz que é vítima de perseguição política

A Polícia Civil, através do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri), por meio da Delegacia de Roubos e Furtos (Derof), cumpriu nesta quinta-feira (25) mandado de busca e apreensão em um apartamento localizado no Bairro Jabotiana, residência da jornalista Gleice Queiroz.

A jornalista está sendo investigada por suposto desaparecimento de equipamentos pertencentes à Secretaria Estadual de Educação, da qual a profissional de imprensa era diretora de Comunicação, à época do Governo Belivaldo Chagas. A jornalista diz que a ação policial é uma retaliação ao trabalho investigativo que realiza em secretarias e órgãos do governo do estado.

Além de fazer críticas ao Governo Fábio Mitidieri, a jornalista tem feito um trabalho de investigação, principalmente na Secretaria de Estado da Educação, apurando possíveis irregularidades na aplicação de recursos públicos.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirma que “a decisão judicial nada tem a ver com a função da jornalista, mas sim, estar relacionada à investigação sobre o desaparecimento de equipamentos na sede da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc), entre o fim de 2022 e início de 2023”.

“Com base em investigação técnica, profissional e com trabalho de inteligência, a Polícia Civil identificou que alguns equipamentos poderiam estar na residência da jornalista. Diante dessa informação, o Depatri solicitou mandado de busca e apreensão. Na ação de cumprimento de mandado de busca e apreensão, foram apreendidos três itens – um iPhone, um notebook e um fone de ouvido. Os equipamentos apreendidos tinham os mesmos números de série informados em boletim de ocorrência, após desaparecem”, justifica a SSP.

Ainda, segundo a Polícia Civil, “é falsa a informação de que um helicóptero teria sido utilizado na ação de cumprimento de mandado de busca e apreensão. A instituição reforça o comprometimento com a liberdade de imprensa, que é direito constitucional e defendida pela Polícia Civil. Acrescenta ainda que está à disposição de advogados para esclarecer qualquer ponto acerca da investigação que transcorre no Depatri”.

O inquérito contra a jornalista estava arquivado por falta de materialidade, mas foi reaberto recentemente pela Delegacia de Roubos e Furtos.

Solidariedade

Após a Polícia Civil desarquivar o inquérito para investigar a jornalista, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Sergipe (SINDIJOR-SE) e vários políticos lamentaram a ação policial e pediram prudência por parte dos responsáveis pela investigação.

O vereador Ricardo Marques e o deputado federal João Daniel prestaram solidariedade a jornalista Gleice Queiroz.

“Estive na delegacia que está investigando o caso e lamento muito toda essa situação. Irei acompanhar para que ela tenha todas as garantias de defesa”, afirmou o vereador Ricardo Marques, que é jornalista por formação.

“É lamentável que um inquérito, que já estava arquivado por falta de materialidade, agora tenha sido reaberto a partir de uma operação com tons midiáticos e sem qualquer chance de defesa da jornalista, já que esta teve seu principal instrumento de trabalho, o aparelho celular, apreendido pela polícia”, protestou o deputado federal João Daniel.

“Não podemos tolerar que profissionais da Comunicação sejam intimidados, sejam por ações policiais ou por processos judiciais, por estarem cumprindo o seu papel de denúncia e de crítica aos gestores. É preciso lembrar que o jornalismo livre é um dos pilares da democracia”, diz nota da Central Única dos Trabalhadores.

“Destacamos que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Sergipe prosseguirá em defesa das prerrogativas e dos direitos da profissão, zelando pela garantia dos direitos fundamentais e
constitucionais ao exercício da ampla defesa e ao contraditório, manifestando contrariedade a toda e qualquer antecipação de juízo de valor quanto à conduta de qualquer Jornalista”, relata nota do SINIDIJOR. 

Confira a nota na íntegra.

Nota

Diante dos fatos oficializados pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-SE), por intermédio da Superintendência da Polícia Civil, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Sergipe (SINDIJOR-SE), informa que desde o início da manhã desta quinta-feira, 25 de janeiro de 2024, está acompanhando todos os desdobramentos em torno da operação que resultou na abordagem de uma profissional do jornalismo, bem como a apreensão de três aparelhos eletrônicos apontados como pertencente ao patrimônio público.

No decorrer das últimas horas a nossa entidade sindical buscou dialogar com a colega de profissão, mas sem sucesso até a produção desta nota. Por iniciativa da Assessoria de Comunicação da SSP, o SINDIJOR foi comunicado que: a) a pasta administrativa respeita a classe jornalística; b) todo o trâmite de investigação é sigiloso e respeita os Direitos Humanos; c) apresentará detalhes gerais da operação ao final das investigações; e d) convida representantes do sindicato para conversar sobre o assunto caso seja do nosso interesse.

Em tempo, destacamos que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Sergipe prosseguirá em defesa das prerrogativas e dos direitos da profissão, zelando pela garantia dos direitos fundamentais e
constitucionais ao exercício da ampla defesa e ao contraditório, manifestando contrariedade a toda e qualquer antecipação de juízo de valor quanto à conduta de qualquer Jornalista.


Aracaju (SE), 25 de janeiro de 2024.
Diretoria do SINDIJOR


Por Redação
Foto: Divulgação

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