Informações científicas e orientações médicas dão conta de que o isolamento social é a forma mais eficaz para evitar o aumento do índice de contaminação em massa, consequentemente, de internação hospitalar e morte. Entretanto, para que o isolamento efetivamente aconteça é preciso se pensar em inúmeras variáveis, a exemplo da posição dos governos a respeito, a colaboração dos empresários, as desigualdades que existem, entre outras.
Segundo a psicóloga Camila Calaça, Conselheira e coordenadora do GT de Gênero e Diversidade Sexual do Conselho Regional de Psicologia de Sergipe, a partir disso, é possível perguntarmos, como lidar com a possibilidade do risco de ser infectado.
“Ao abrirmos diariamente nossas redes sociais ou ligarmos a televisão somos bombardeados por notícias em relação à pandemia causada pelo Covid-19. Tais informações são úteis, tendo em vista o atual cenário de saúde pública, porém devemos acionar nosso “filtro cognitivo” com o objetivo de não absorver tudo que é dito, afim de não aumentar a possibilidade de suscitar sentimentos de ansiedade, medos, tensão e estresse”, salienta.
A educadora popular em saúde pela Fio Cruz, com residência em Saúde Mental (UFS), diz ainda que para estabelecer filtros é importante buscar informações seguras em meios de comunicação sérios ou ainda de artigos científicos para minimizar o bombardeio de histórias e auxiliar no processo de “colocar os pés no chão”.
“Se faz necessário se informar o suficiente e não em excesso. Definir os reais riscos, pois evita a possibilidade desse imaginário popular produzir de que não exista a doença ou que ela nunca chegará em nossos ambientes, fazendo com que muitas pessoas não deem a devida seriedade ao fato. Uma coisa que fez muito sentido foi quando os números de infectados e mortos deixaram de ser um gráfico estatístico e ganharam nomes e rostos. Esse foi um ponto que nos faz repensar a forma de nos posicionarmos diante da crise, que é real e que pode, em certa medida, trazer a ansiedade, mas que nos leva a tomar atitude assertivas”, explica.
O psicólogo Plácido Lúcio Rodrigues Medrado, servidor público municipal, atuando na Assistência Social no Estado do Tocantins (TO), aponta para um outro cenário dessa pandemia. Segundo ele, é preciso pensar nos contrastes e similaridades regionais que influenciam no comportamento nos territórios do Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-oeste.
“Na região Norte, temos visto o fechamento de locais de lazer públicos, com fiscalização intensa. Por outro lado, percebemos a presença de muitos carros na rua e pessoas em atividade como caminhada”, observa.
De acordo com Medrado, especialista em docência do ensino superior, a nova dinâmica dos dias de isolamento condiciona a uma mudança de comportamento.
“No norte e no nordeste, assim como em outras regiões do País, têm aumentado o ritmo de entregar por delivery, o que pode indicar o comportamento de “fique em casa”, mas apesar desse movimento para isolar e conter o vírus, é necessário criar condições reais, como política de incentivo, movimento de educação popular, criação de rendas alternativas e criar outros ritmos dentro do ambiente de casa, pois somos incentivados a estar em movimentos fora dela com trabalho, lazer, religião. Com isso, se faz importante reinvenções perante o que de fato vivemos no agora”, finaliza.
Por Amália Roeder
Fotos: Divulgação/YouTube
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