Fim de ano sempre traz uma mistura de sentimentos. Alguns se empolgam com novas possibilidades, são otimistas. Os pessimistas se preocupam, esperam o pior e acham uma bobagem esperar que algo vá mudar.
O Ano Novo está na nossa cultura, na nossa mente e existem diferentes “Anos Novos” por aí: o Ano Novo Chinês será celebrado no dia 25 de janeiro de 2020. Estaremos entrando no ano do Rato de Metal. O Ano Novo Judaico foi comemorado em 29 de setembro de 2019. Para os judeus, já estamos no ano 5.780. Cada um de acordo com sua cultura e tradição celebra um novo tempo.
Todos querem conquistar muito no Ano Novo: dinheiro, saúde, alegrias, talvez um amor. Coisas importantes, não há dúvida. Em seu livro “Budismo Essencial: A Arte de Viver o Dia-a-Dia”, o monge budista Gyomay Kubose ensina que não importam os desejos, o primeiro compromisso que devemos assumir para fazer um ano novo é deixar ir o ano que se encerra, se desapegar dele.
“As pessoas se agarram demais a muitas coisas. Precisamos aprender a deixar as coisas e as pessoas irem. Não quer dizer que vamos ser descuidados, negligentes com nossos bens materiais. Não quer dizer que agora vamos ser frios com os amigos ou vamos nos tornar distantes deles ou de nossa família, mas precisamos nos libertar dos apegos e da possessividade. Criamos dificuldades, problemas e situações de tensão porque somos muito, muito apegados”, ensina sensei Kubose.
Se nos agarramos às palavras e ações que os outros disseram e fizeram no passado criamos problemas. Um amor que transforma o objeto amado em propriedade, está arruinado. O dinheiro é ótimo, é importante, mas quando nos agarramos a ele nos tornamos avarentos. Quando o dinheiro nos possui não vivemos de verdade. O sábio Salomão há cerca de 3.000 anos ensinou: “tudo o que chegar até as suas mãos para realizar, dê o seu melhor”. Dar o seu melhor é fazer com todas as suas forças, com atenção e dedicação, sem desleixo, mas com equilíbrio e responsabilidade: no trabalho, nos estudos, nas relações, no próprio desenvolvimento. Dar o melhor é pôr a vida naquilo, mas não se deixar possuir ou se consumir por nada, não possuir nada, nem ninguém. Portanto, precisamos nos desapegar de 2019. Esquecer e perdoar para que 2020 realmente seja novo e diferente em todos os sentidos. Mas também precisamos estar atentos ao momento presente.
Eckhart Tolle, pesquisador e supervisor de pesquisas da Universidade de Cambridge, explica em seu livro “O Poder do Agora” que o passado é apenas uma série de lembranças e o futuro apenas uma série de expectativas. Tolle, que aos 29 anos sofria de depressão, mas passou por uma profunda mudança espiritual que transformou sua vida, ensina que viver no passado é negligenciar o momento presente que é tudo que temos. Se preocupar com um futuro que ainda não existe, algo que ainda está por vir, também é ignorar o presente que deve ser vivido ao máximo.
E como está o nosso presente? Olhamos ao nosso redor e percebemos que mais do que um momento de mudanças, estamos vivendo uma mudança de era: na política, na economia, nos costumes e comportamentos, no meio ambiente. Um número cada vez maior de pessoas está questionando o estilo de vida predominante nas sociedades. Cada vez mais pessoas estão questionando o culto a aparência física e a tecnologia, repensando o sentido do acúmulo de bens materiais, identificando e questionando visões de mundo que só nos dividem, questionando e pressionando autoridades que não estão sintonizadas com os anseios da sociedade. Em todo o mundo ressentimentos entre povos e raças e conceitos absurdos de superioridade e inferioridade estão sendo questionados e combatidos. Ainda há chance de criar um novo mundo. Mais evoluído, mais pleno de amor, compaixão, respeito e sanidade.
Todos queremos uma vida melhor em todos os sentidos em 2020 para nós e para o mundo. Mas nada vai mudar lá fora até sermos capazes de mudarmos aqui dentro. Precisamos abandonar padrões mentais destrutivos, estarmos conscientes de aspectos nocivos de nosso ego, encarar, reconhecer, aceitar e transmutar nossas sombras. Conhecer e aceitar nossas verdades é o princípio da liberdade. “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, ensinou o mestre Jesus de Nazaré.
Em seu livro “Feliz Oportunidade para uma Profunda Reflexão” o Curador Espiritual do Instituto Luciano Barreto Junior, Jácome Góes, alerta: “quem não consulta o mapa da consciência antes de traçar o roteiro que deve ser seguido com absoluta segurança, desvia-se dos caminhos da luz e perde-se no árido e hostil plano onde imperam as sombras. Essa atitude insana amplia os problemas e bloqueia as soluções”. Então, eu convido você a refletir sobre este ano que está se encerrando: Quem foi você em 2019 e quem você quer ser em 2020? Que verdades você aprendeu sobre si mesmo e sobre sua vida? Não pense que o Ano Novo é mera formalidade. Ele só chega para quem lhe dá as boas-vindas, não vai existir enquanto não decidirmos criá-lo, porque somos nós que fazemos as mudanças acontecerem, planejando e colocando em prática ações que nos levem na direção de nossos objetivos e metas.
Um novo ano se abre para nós. No dia 31, faça da oportunidade de estar recebendo 2020 um momento realmente importante. Que você possa construir um novo mundo para si e viver em harmonia com todos, que você realize grandes mudanças, conquiste muito, evolua em todos os sentidos, ame e seja amado. Ouse Ser Melhor! Feliz 2020!
Murilo Lima é analista comportamental, coach e especialista em gestão de empresas e empreendedorismo. Possui também formações em desenvolvimento de líderes, desenvolvimento estratégico e gestão da criatividade e inovação. Atualmente é gerente comercial da Jovem Pan Aracaju e mentor voluntário da ONG Projeto Gauss. Desde 2012, conduz processos de desenvolvimento pessoal e profissional para empresários, líderes e jovens promissores, visando a expansão de competências, incremento de resultados e aprimoramento do ser.
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