Na última semana, entre os dias 7 e 11 de agosto, a capital da Dinamarca foi palco da Semana de Moda mais sustentável de todas, a Copenhagen Fashion Week. O evento escandinavo vai além das passarelas. Aqui, também é discutido uma série de novas propostas e possíveis soluções para frear o impacto negativo da indústria têxtil no mundo.
Segundo o portal oficial do CPHFW, foi desenhado um plano de ação embasado por seis campos de atuação: design, direção estratégica, escolha dos materiais, apresentação, engajamento do consumidor e condições éticas de trabalho.
Como correspondente e colaboradora do Hora News, para mim, conhecer a cidade durante o evento foi uma experiência incomparável.
Além de ser considerada uma das cidades que mais investem em sustentabilidade, Copenhague é reconhecida pelo seu design inovador e vem ganhando visibilidade há algum tempo no quesito moda. São quase 20 anos de estrada que a CPHFW contabiliza, e a cada edição é possível notar o quão relevante e essencial ela vem se tornando para o circuito internacional da moda. Não perdendo nada para as tradicionais fashion weeks em Paris, NY, Londres ou Milão.

O pilar decisivo para essa ascensão aconteceu em 2018, quando Cecilie Thorsmark se tornou CEO do evento. A partir daí, com as novas normas sustentáveis, todas as marcas integrantes do line-up começaram a seguir um código de conduta rígido, abrangendo áreas como cadeia de suprimentos, diversidade e a vida útil das peças de roupa.
Ou seja, já não basta ser bonito, tem que ser responsável, consciente. Esse é o grande manifesto do evento. Se eu pudesse resumir a cidade em uma palavra, seria visionária.
Para essa edição, foram aprovadas 31 marcas, entre elas algumas já conhecidas, emergentes e novos designers, que participaram do programa New Talents – este último conta promover o talento nórdico emergente em escala global, por meio de apoio monetário, orientação, ofertas de parceria, integração na programação oficial, ativações de showroom e relações públicas abrangentes.
Ainda sobre esse último tópico, pude conhecer a “Our Shift”, uma marca de moda ativista e não convencional. No showroom deles, a Barbora, uma das idealizadoras, me apresentou a coleção e me contou como eles reaproveitam materiais e tecidos finos para criar estilos novos e conscientes.

“Nos esforçamos para reduzir a quantidade de roupas que vão parar nos aterros sanitários e são queimadas”, acrescentou Barbora.
Além dos desfiles (primavera/verão 24) apresentados a um público seleto, diversas atividades e ações aconteciam ao mesmo tempo na cidade. Em parceria com Vogue, Polestar, Snap, Zalando, Pandora, entre outros, o “Small talks – Big conversations” é exemplo disso. A rodada de palestras acontecia no início da tarde e trazia importantes temas e personalidades para o cenário.
Um dos talks que assisti, “Cultivando comunidades digitais dentro da moda”, trouxe Benjamin Wymer, diretor de experiência global da Snap Inc, e a Lucy Maguire, editora sênior de tendências da Vogue Business. O discurso aqui era como as plataformas digitais e metaversos podem conectar, inspirar e educar dentro da moda.
Como inovação foi outra palavra de lei, no talk “Métodos e Materiais: Inovação em Moda”, se discutiu como designers, fabricantes, fornecedores e educadores estão explorando novas fronteiras de fabricação na moda.

Os museus e parques são um show a parte. Com muita informação e inspiração. Havia diversas exposições e grandes instalações de diversos artistas-ativistas, como a “Beautiful Repair: Mending in Art and Fashion”, no Copenhagen Contemporary, e o Zalando Visionary Lab, instalado na galeria de arte moderna Nikolaj Kunsthal.
O street style celebrava a originalidade e a diversidade. O público era do mais diverso. Entre anônimos, convidados internacionais ou personalidades escandinavas da cena, o estilo ousado, divertido e boêmio era o que predominava durante os dias de evento.
A moda escandinava tem um DNA imponente e ao mesmo tempo comfy, e isso se nota de longe. Foi inspirador andar pelas ruas e simplesmente apreciar.






Por Tirzah Rezende
Fotos: Divulgação
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