A sociedade tem cobrado muito dos poderes públicos, e com razão, maior fiscalização do cumprimento às normas de segurança no combate à Covid-19, mas o problema é que boa parte desta mesma população que critica os governos, seja ele municipal, estadual ou federal, não faz sua parte.
Neste final de semana, dois bares na Praia José Sarney foram flagrados e relatados ao Hora News, por leitores deste jornal digital, fazendo festas às escondidas com direito a música ao vivo, DJ tocando aquelas músicas eletrônicas para todo mundo dançar e espelhar o vírus a vontade.
A fiscalização não funciona para valer nessas casas de shows, mas funciona muito bem para prender trabalhadores do transporte coletivo por promoverem ato público para protestar contra o atraso no pagamento dos seus salários, por parte das empresas de ônibus, que estão faturando hoje mais do que nunca. É só ver os ônibus superlotados, parecendo mais uma lata de sardinha.
Enquanto isso, os trabalhadores sofrem com a falta de dinheiro para comprar o alimento da família. E por causa desse direito constitucional, negado por empresários do transporte público, trabalhadores são presos como se fossem marginais. Pela lógica, quem deveria estar preso não é o trabalhador que foi para a porta do sindicato reivindicar seus direitos, mas esses empresários gananciosos, sonegadores de direitos, ignorantes da lei trabalhista e que só pensam neles e nos lucros de suas empresas, que por sinal, prestam um péssimo serviço à população.
O trabalhador que reivindica por um direito sagrado, o da comida, não pode ser visto pelas autoridades como um criminoso. Pelo contrário, eles precisam do amparo e do apoio das instituições, a exemplo do Ministério Público, que fiscaliza o descumprimento da lei trabalhista por empresas de ônibus. E os usuários dos ônibus, que também são trabalhadores, precisam ter essa compreensão e não se deixar levar pelos argumentos falaciosos de alguns empresários do ramo de transporte, até por que a população usuária do transporte público também é massacrada pelo péssimo serviço oferecido.
Ao invés de buscar argumentos jurídicos para punir os trabalhadores, por que o Ministério Público não fiscaliza a qualidade do transporte público em Aracaju e região? Já observaram o desrespeito aos horários, por exemplo? Trabalhadores, muitas vezes, chegam ao local de trabalho atrasados por causa do descumprimento das empresas às normas que regulam o serviço de transporte público na Grande Aracaju. Quantas empresas foram punidas? E o desconto do salário do operário por ter chegado atrasado à empresa, quem vai repor? Ou seja, o trabalhador como sempre no prejuízo. E os donos das empresas de ônibus cada vez mais gananciosos e ricos às custas da exploração da classe trabalhador, infelizmente com a conivência e a inoperância de boa parte dos órgãos de fiscalização.
Foto: MP-SE/Divulgação
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