Neste 1º de abril, data em que se comemora o “Dia da Mentira”, o papa Francisco criticou setores da Justiça por se apoiarem na mentira para condenar pessoas sem provas contundentes. O Pontífice citou o processo da Lava Jato em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado e preso, numa articulação política feita por Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato, e Deltan Dallagnol, ex-procurador e coordenador da operação.
Em entrevista ao canal argentino C5N, o papa Francisco afirma que Lula foi vítima de perseguição política e que a ex-presidente Dilma Rousseff sofreu um processo de impeachment injusto.
“O lawfare abre caminho nos meios de comunicação. Deve-se impedir que determinada pessoa chegue a um cargo. Então, o pessoal o desqualifica e metem a suspeita de um crime. Então, faz-se todo um sumário, um sumário enorme, onde não se encontra [a prova do delito], mas para condenar basta o tamanho desse sumário. ‘Onde está o crime aqui?’ ‘Mas, sim, parece que sim…’ Assim condenaram Lula”, lembrou o papa, que também citou outros casos de lawfare na América Latina, como no Equador, na Argentina e na Bolívia.
O papa Francisco também criticou o golpe político, travestido de impeachment, contra a ex-presidente Dilma Rousseff. A classificando de honesta, Francisco diz que a primeira mulher presidente do Brasil foi injustiçada, e que o mandato dela foi cassado por um “ato administrativo menor” e que ela é “uma mulher de mãos limpas, uma mulher excelente”.
Francisco também citou o “fumus delicti”, termo jurídico em latim para conceituar a comprovação de um crime por meio de indícios suficientes de autoria, e que “às vezes, a fumaça do crime te leva ao fogo, outras vezes é uma fumaça que se perde porque não há fundamento”.
Se referindo a Lula e Dilma, o papa afirmou que “inocentes são condenados”, e que “no Brasil, isso aconteceu nos dois casos”. Na opinião dele, “os políticos têm a missão de desmascarar uma Justiça injusta”.
No final do ano passado, o papa Francisco criticou o processo que condenou e prendeu Lula, salientando que tudo começou com uma falsa notícia.
“Um julgamento tem que ser o mais limpo possível, com tribunais que não têm outro interesse senão fazer justiça”, afirmou Francisco á época.
Sergio Moro e Deltan Dallagnol, que usaram setores do Poder Judiciário e do Ministério Público para alcançar objetivos políticos, ocupam hoje os cargos de senador e deputado federal, respectivamente.
Por Redação
Foto: Vaticano
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