Morreu na noite desta terça-feira (17), em Aracaju, o militante político Milton Coelho. Ele nasceu em Salvador (BA), em 1942, e mudou-se com a família para Aracaju (SE) na década de 1950 por causa das perseguições políticas constantes que o seu pai sofria por ser comunista.
Milton Coelho estudou no Ateneu, era membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e foi preso duas vezes em 1964. Anos após sua prisão foi aprovado em concurso público para a Petrobrás, mas enfrentou dificuldades para tomar posse porque dependia de um atestado para ser emitido pela Secretaria de Segurança Pública e sempre lhe era negado este documento. Foi necessário ir até um cartório para obter o documento atestando que não havia nenhuma condenação contra ele na Justiça Criminal e Civil de Sergipe.
Em 1966, Milton Coelho passou a exercer a função de encarregado do almoxarifado na Petrobrás. Após 10 anos de sua posse, Milton foi vítima da Operação Cajueiro, ação da Ditadura civil-empresarial-militar, durante o Carnaval de 1976.
Em uma das mais violentas ações da história política brasileira, Milton Coelho e dezenas de sergipanos foram vítimas de tentativas de afogamento, golpes nas alturas dos rins, choques em várias partes do corpo, pancadas na cabeça, entre outras formas de tortura. Milton ficou cego dos dois olhos após as sessões de tortura.
Milton Coelho passou por cirurgias e tratamentos de saúde em Salvador (BA) e em Belo Horizonte (MG). Até que em 1º de novembro de 1977 foi aposentado por invalidez.
“Sua história de luta em defesa da democracia não pode ser esquecida, assim como o sofrimento de todos os demais companheiros e companheiras torturados no período ditatorial. Seguiremos em luta pela verdade, memória e justiça! Milton Coelho, presente!”, diz a Central Única dos Trabalhadores em Sergipe (CUT-SE), que manifesta o sentimento de pesar pela morte do militante político.
Por Iracema Corso
Foto: Divulgação
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