Livro do promotor Peterson Almeida questiona o abuso do poder religioso nas eleições

O promotor de Justiça do Ministério Público de Sergipe (MPSE), Peterson Almeida, lança nesta semana o seu livro “Abuso do Poder Religioso nas Eleições – A Atuação Política das Igrejas Evangélicas”. Os lançamentos ocorrem nesta quinta-feira, 29, a partir das 17h30, no Museu da Gente Sergipana, e na sexta-feira, 30, a partir das 8h30, no hall do auditório do MPSE.

A obra se dedica com exclusividade ao tema da influência das igrejas evangélicas no processo eleitoral, considerado o mais palpitante deste ano no cenário eleitoral nacional. O autor faz uma análise dos aparente conflitos existentes entre os princípios da liberdade religiosa e o da legitimidade e normalidade do processo eleitoral, ambos de matriz constitucional, e promove uma digressão histórica para demonstrar como não há nada de original nesta aliança Igreja/Estado, havendo apenas uma mudança nos oprimidos, vulneráveis sob os pontos de vista econômico e intelectual.

“Em minhas pesquisas, encontrei 68 julgados que tratam do abuso do poder religioso e, em todos, apenas pastores evangélicos, especialmente neopentecostais, figuram como réus. Não existe a ‘cristofobia’ sempre alegada em suas defesas. Os fiéis são vulneráveis econômica e intelectualmente, já que o público das igrejas evangélicas é, em sua imensa maioria, mulheres, negras, pobres e moradoras da periferia, com escolaridade fundamental e renda de até dois salários-mínimos. Estas igrejas chegam aonde o Estado some. Nas confissões religiosas encontram assistência, pertencimento. Fragilizados, inclusive emocionalmente, vão aos templos em busca de alento, e, é neste momento, que tem suas consciências ultrajadas com pedidos de votos”, contextualiza o promotor de Justiça e autor do livro, Peterson Almeida.

Ainda de acordo com o autor, o interesse destas confissões na política é explicado a partir das teologias adotadas pelas igrejas neopentecostais, e conclui que a “democracia pode estar ameaçada por este pós secularismo com ares de teocracia, caso medidas de contenção (sugeridas) não sejam imediatamente adotadas pelo Parlamento”.

Antes mesmo de ser lançado oficialmente, o livro foi recentemente citado em julgamento inédito do Tribunal Superior Eleitoral sobre o tema, já tendo o autor participado de diversos encontros virtuais (lives) por todo o Brasil, tendo a mídia nacional despertado o interesse através de matérias publicadas em grandes veículos de comunicação.








Fonte: MPSE
Foto: ASMP/Divulgação

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