A segurança pública é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento econômico de qualquer estado. Em Sergipe, durante muito tempo, a violência impactou negativamente setores como comércio, turismo e serviços, afastando investimentos. Recentemente, com a redução dos índices criminais e a sensação de segurança consolidada — que faz Sergipe ser o estado mais seguro do Nordeste —, esse cenário começou a mudar.
Esse contexto nos leva a refletir sobre o modelo de atuação das forças policiais: Polícia de confronto ou de controle? A polícia de confronto, pautada na repressão ostensiva e militarização, pode produzir efeitos imediatos, mas, a longo prazo, tende a ampliar tensões sociais e perpetuar ciclos de violência. Já a polícia de controle, orientada por inteligência e integração com políticas sociais, gera resultados sustentáveis, reduz a criminalidade organizada e fortalece o ambiente econômico.
Em Sergipe, a Polícia Civil desempenha papel estratégico nesse modelo de controle, atuando no desmantelamento de organizações criminosas e promovendo uma segurança pública menos reativa e mais inteligente. A escolha entre os dois modelos impacta diretamente os rumos da segurança e da economia sergipana, pois estados que adotam políticas preventivas e planejadas alcançam melhores índices de desenvolvimento humano e crescimento econômico.
Para entender melhor essas duas abordagens, é importante recorrer a dois marcos históricos: a Blitzkrieg, estratégia militar alemã na Segunda Guerra, como exemplo de modelo de confronto, e as políticas de segurança pública implementadas por Rudolph Giuliani, prefeito de Nova York nos anos 1990, como exemplo de modelo de controle.
A Blitzkrieg (ou “guerra-relâmpago”) revolucionou a doutrina militar ao priorizar velocidade, surpresa e integração de forças, princípios que influenciaram também forças policiais, especialmente em ações táticas, como as unidades de choque e operações contra o terrorismo. Esse modelo reforça a intervenção rápida, o impacto psicológico e a doutrina de choque para impor controle e desarticular o “inimigo” ou criminosos.
Por outro lado, Giuliani aplicou a Teoria das Janelas Quebradas e a política de Tolerância Zero, utilizando o sistema CompStat para mapear crimes e gerir as ações policiais com base em dados. Essa estratégia buscou eliminar sinais de desordem, reduzir a sensação de impunidade e fortalecer o controle urbano, promovendo uma queda acentuada na criminalidade, mas gerando controvérsias relacionadas a abusos e violações de direitos civis.
Embora distintas, ambas as abordagens compartilham o objetivo de garantir o controle estratégico do território: a Blitzkrieg, de forma ofensiva e destrutiva; e a Broken Windows, de maneira preventiva e normativa. Ambas demonstram que ações rápidas, coordenadas e visíveis podem transformar comportamentos e reforçar a autoridade estatal, sendo fundamentais para o debate sobre o modelo ideal de segurança pública que impacta também a economia de Sergipe.
Neidázio Francisco Cruz Rabelo é professor, doutor em economia, empresário e autor do Livro “Fique Rico Enquanto é Tempo”.
Adriano Bandeira é Oficial da Polícia Civil de Sergipe, ex-presidente da Cobrapol, bacharel em Direito e Ciências Contábeis, especialista em Gestão Tributária e Planejamento Fiscal.
*Este é um artigo pessoal de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Hora News.
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