Decididamente, abril é o mês de Ilma Fontes. Mal acabou de colocar em circulação seu primeiro livro de poemas reunidos “Nervuras-Poesia em Carne Viva”, agora, prepara-se para o lançamento da autobiografia “Tempo Bom, Tempo Ruim”, marcado para o dia 25 (próxima quinta-feira), a partir das 17h, na Vila Manuel (Rua Dr. Leonardo Leite, 130), ao lado da Semear.
As parcas economias, que até 2017, eram suficientes para colocar o jornal O Capital em circulação, minguaram e Ilma Fontes desistiu do impresso de 28 anos de vida e canalizou suas energias para a feitura da autobiografia, inspirada em “Rita Lee-Uma Autobiografia”.
Bastou, praticamente, um semestre para a escritora rememorar suas principais lembranças e colocar no papel, aquilo que achava mais importante e interessante para compor o que viria chamar de “Tempo Bom, Tempo Ruim”. Porque a vida é assim: coisas boas e ruins se embrincando.
Com quase 160 páginas e com um belo projeto gráfico assinado por Germana Araújo, a primeira parte da autobiografia que já nasce incompleta, “necessitando de um segundo volume”, explica a própria autora, traz histórias pitorescas que só Ilma (poderia) e saberia relatar.
Os primeiros capítulos são dedicados às suas origens, com Ilma demonstrando seu amor incondicional pelos pais Aderbal e Jenny; sua relação com os irmãos, Ilza e Carlinhos; sua admiração pelo tio Carnera (professor de violão de João Gilberto) e sua vida escolar e o primeiro emprego.
Já o miolo do livro, situado entre os capítulos ‘Toda Mulher que me Abraça é Minha Mãe” e “Cara Quebrada” reúne passagens hilárias, vividas em Aracaju e no Rio de Janeiro, mas também perrengues, principalmente, ligados à vida profissional da médica, escritora, cineasta, roteirista e agitadora cultural. Ilma experimentou várias possibilidades laborais, mas terminou aposentada como técnica da prefeitura municipal de Aracaju.
Não se arrepende de nada do que fez. Gozou muito da vida na companhia dos amigos como Joubert Moraes, Mario Jorge, Guga Viana, Lu Spinelli, entre outros e enveredou primeiro pelo teatro, depois pelo cinema, TV (chegou a ser uma das fundadoras da TV Aperipê). Mas talvez por acreditar muito nas pessoas, tenha se decepcionado com uns e sofrido com outros.
O terreno amoroso é explorado un passant, mas ela revela que, nesse primeiro momento, o que foi publicado “é só para deixar um gostinho de quero mais no leitor”. Modestamente ilustrado (senti falta de mais fotos de arquivo pessoal), o livro termina com um painel, elencando sua produção artística nas mais diferentes vertentes. Ilma não “dormiu no ponto” nessas sete décadas de vida. Produziu muito e ainda produzirá mais, já que desconhece a preguiça e o tédio.
Tenho apenas “um porém”, com relação a essa publicação: a revisão gramatical. Aqui e acolá, deparamo-nos com a falta de algumas letras ou mesmo expressões e nomes grafados equivocadamente.
Agora, é esperar o lançamento de “Tempo Bom, Tempo Ruim” e curtir a tarde de autógrafos regada a muita música de qualidade, com apresentação de Joubert Moraes e o gaitista Julinho Rego, além do trio Café Pequeno. Com certeza, será um encontro entre amigos memorável.
Suyene Correia é graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe, especialista em Jornalismo Cultural pela Universidade Tiradentes, crítica de cinema e mestre em Comunicação pela UFS, além de graduada em Medicina. Atualmente, comanda o Bangalô Cult (bangalocult.com.br).
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