Na vida, no cotidiano e na política, pressa e perfeição, definitivamente, não são pares perfeitos. Então, por que a pressa, se o que o nos move é a direção? Há apenas cinco meses no comando administrativo do país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem pressa. Ele e todos os integrantes do governo têm foco e objetivos. É com essa premissa que desejamos avançar a cada dia. Mudar, melhorar, crescer e consolidar uma proposta que não permite retrocessos, requer trabalho diuturno, sério, em parceria, com conteúdo e, sobretudo, calcado na razão.
Foco não é apenas olhar o objetivo, esquecendo daquilo que está ao redor. Focar significa ver coisas que nunca foram vistas. É não desviar o olhar da meta a ser alcançada. Em síntese, é ter o pensamento além do que se almeja e buscar a perfeição no seu mais alto grau da escala de valores.
Enfim, no caminho dos primeiros seis meses de governo, Lula não está preocupado com perfeições, tampouco com comparações com gestões anteriores. A preocupação do presidente e, por consequência, de todos os que se elegeram pelo Partido dos Trabalhadores, é que nossos mandatos não sejam confundidos com um conto do vigário. O que se pede não é demais. Somos um governo em que todos os seus integrantes querem fazer o Brasil dar certo. Começamos pelo resgate da credibilidade internacional.
Disposto a exercer a plenitude do mandato em favor do país e da sociedade brasileira, Lula, como qualquer ser humano, deve ter posicionamentos divergentes daqueles que avaliam a Presidência da República como armazém de secos e molhados.
É natural que, parte do povo e do Congresso Nacional, discorde desse ou daquele projeto, dessa ou daquela atitude do chefe do Poder Executivo. Afinal, toda unanimidade tende a ser nociva. O que não se pode negar é que o governo petista está trabalhando para acertar. E trabalhando muito. Com foco, precisão e responsabilidade.
É preciso que a sociedade entenda que os tempos mudaram, que os ares estão menos rarefeitos e que os acordos, antes sob os panos, hoje são assinados a céu aberto. O Brasil de Lula quer fugir da ideologia exacerbada que levou o país ao imenso buraco que lutamos para fechar. Luiz Inácio, talvez, ainda não tenha alcançado índices tão positivos como o de seus dois primeiros governos. Nada alarmante, considerando a herança maldita e o fato de que ainda não atingimos a primeira metade do primeiro ano de seu terceiro governo.
Entretanto, a defesa inquestionável da democracia a qualquer custo já o coloca na seleta lista dos melhores presidentes que o Brasil já teve. A sonhada perfeição é uma questão de tempo.
Cobranças sobre articulações e articuladores, necessidade de cargos, ministérios e soluções parlamentares são importantes no dia a dia da política. Todavia, para o Partido dos Trabalhadores, o mais relevante é o Brasil e seu povo.
Portanto, o momento não é para antecipar reformas, alterar projetos já postos ou trocar ministros. Tudo a seu tempo. O primeiro passo já foi dado: recuperar para o Executivo a tarefa de governar. Resta destravar a pauta, esquecer o varejo político e negociar com a rapidez exigida pelo eleitorado as propostas verdadeiramente de interesse do país.
Rogério Carvalho é médico sanitarista, professor universitário, senador pelo PT de Sergipe e primeiro-secretário da Mesa Diretora do Senado Federal.
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