A partir de agora, você poderá escolher quem pode ou não te adicionar a grupos de WhatsApp. Além disso, você também vai poder impedir que te convidem para grupos. A novidade está valendo desde esta quarta, 3, e é uma boa notícia que pode combater a dispersão de atenção e a queda de produtividade causada pelo aplicativo. Para ter acesso à novidade, é preciso fazer a atualização do aplicativo. Aí você poderá escolher entre três opções:
Meus Contatos – apenas os usuários de sua lista de contatos poderão adicionar você a um grupo mediante convite, que você aceitará ou não, e que expira em três dias;
Todos – qualquer usuário do WhatsApp que tenha seu contato poderá adicioná-lo a um grupo;
Ninguém – nenhum usuário poderá colocar você em grupos sem você aprovar sua entrada.
Com 77 milhões de usuários brasileiros ativos, a ferramenta de mensagens instantâneas tem se tornado vício para várias pessoas. Já não é tão incomum encontrarmos pessoas que perdem horas de sono, atrasam ou esquecem de suas refeições, se isolam para estar conectadas e até mesmo sofrem ataques de ansiedade ou de pânico quando ficam sem acesso ao aplicativo. A necessidade de verificar constantemente as notificações e de responder imediatamente as mensagens é considerada um dos principais sintomas do vício no aplicativo.
Anna King, psicoterapeuta cognitivo-comportamental, autora e organizadora do livro “Nomofobia” que fala sobre dependência de celular e internet afirma: “grande parte da população brasileira usa a tecnologia de forma abusiva”. O perfil dos dependentes, segundo os psicólogos, é de jovens de 18 a 30 anos em época de estudos ou em direção ao ápice de suas carreiras profissionais que correm o risco de comprometer seu desempenho por conta do descontrole no uso do app.
As pessoas “deixam de dormir, faltam na escola e no trabalho”, afirma Ana Luiza Mano, psicóloga do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Para piorar a situação, muitas empresas e gestores ainda utilizam o WhatsApp como ferramenta de comunicação oficial para discutir projetos, delegar tarefas, cobrar resultados acreditando que a ferramenta aumenta a produtividade. Mas isso nem sempre é verdade. As constantes atualizações dos grupos e usuários tiram o foco. São muitas pessoas, muitos grupos e constante interrupções que causam distrações. Com o colaborador a alguns cliques das conversas paralelas, de memes e vídeos, de mensagens religiosas, piadas ou até mesmo nudes, lá se foram o foco e a produtividade.
Vivemos na era das multitarefas e esquecemos que resultados são mais eficazes quando mantemos nosso foco numa coisa ou outra e não numa coisa e outra. Sem foco fica difícil organizar tarefas, acompanhar progressos e atuar no que realmente é importante. “As pessoas não estão conscientes de que estão se tornando viciadas no WhatsApp”, afirma a psicóloga Dora Goés, especialista em Psicoterapia Cognitiva Comportamental do Programa de Dependências Tecnológicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Se você se identificou com as descrições feitas e leva o celular para lugares como o banheiro, mesa de refeições e para a cama antes de dormir, é hora de praticar a moderação, usar o bom senso e principalmente praticar a auto percepção.
Vício é quando uma coisa é feita de forma automática. O uso repetitivo e prioritário do WhatsApp que começa como um hábito aparentemente inofensivo pode se converter num comportamento viciante. Cada vez que você estiver prestes a verificar suas mensagens, pare e se pergunte: eu preciso mesmo fazer isso agora? Também fique atento a quantidade de vezes que você acessa o aplicativo. Procure deixar o celular longe de você e desafie-se a passar cada vez mais tempo longe dele. Saia dos grupos de WhatsApp e não deixe de usar o novo recurso para decidir se quer ou não fazer parte de novos grupos. Para ativar a funcionalidade, acesse Configurações, selecione Conta, Privacidade, Grupos (Recado) e escolha entre as opções. Liberte-se da coleira digital.
Murilo Lima é analista comportamental, coach e especialista em gestão de empresas e empreendedorismo. Possui também formações em desenvolvimento de líderes, desenvolvimento estratégico e gestão da criatividade e inovação. Atualmente é gerente comercial da Jovem Pan Aracaju e mentor voluntário da ONG Projeto Gauss. Desde 2012, conduz processos de desenvolvimento pessoal e profissional para empresários, líderes e jovens promissores, visando a expansão de competências, incremento de resultados e aprimoramento do ser.
Leia também:
Comente