Focando na saúde mental de alunos e professores, CRP realiza o projeto Psicólogo na Escola

“O trabalho da(o) psicóloga(o) escolar não se restringe à mediação de problemas, mas também no desenvolvimento de trabalhos para melhoria na qualidade e eficiência do processo educacional com foco na  promoção da saúde mental de alunos, educadores e funcionários”. A afirmação é de Anesângela de Vasconcelos Vieira, psicóloga clínica e do trânsito que atua, há três anos, na área escolar em uma instituição particular, no município de Lagarto, região centro sul de Sergipe.

Com a experiência de quem já atuou em Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), Instituição de Abrigo e Núcleo Ampliado de Saúde da Família (Nasf),  Anesângela de Vasconcelos conta que alguns educadores criam os estereótipos do “aluno problema” que não aprende e do “aluno calmo” que assimila conteúdo.

“O psicólogo dentro desse ambiente consegue mostrar aos educadores que por trás de cada comportamento existe uma história de vida. O trabalho de humanização auxilia na possibilidade de um novo olhar do educador para com o educando, evitando assim a exclusão”, explicou. 

Apesar disso, a psicóloga conta que, na prática, esse trabalho ainda é limitante.

“As pessoas e a comunidade escolar ainda enxergam a(o) psicóloga(o) como o profissional que atua diagnosticando o aluno problema. Essa prática restingue nossa atuação que vai além da análise comportamental. Podemos trabalhar com a prevenção e a promoção da saúde mental dentro do ambiente escolar”, ratificou.

Na abrangência do trabalho desenvolvido em ambiente escolar a(o) profissional pode ainda empreender na orientação aos pais, elaboração e coordenação de projetos educativos específicos, em conjunto com outros profissionais, participar da construção, acompanhamento e avaliação da proposta pedagógica da escola, participar do processo de seleção dos membros da equipe pedagógica.

“Também é papel da(o) psicólogo escolar realizar orientação profissional utilizando um espaço promotor de autoconhecimento, reflexão e elaboração de planos e projetos profissionais, baseada na utilização de testes que avaliam habilidades e interesses dos alunos e, em função dos resultados, analisar quais as melhores opções de curso ou atividades laborais”, falou

Com uma carga horária reduzida, o maior desafio para muitas(os) profissionais inseridas(os) nessa área é conseguir mostrar a importância do serviço em um período curto para implementação de novas rotinas. 

“A (o)  psicóloga (o) que está no ambiente escolar, atuando em todas essas áreas, mostra que pode, e deve, estar ali porque a sua contribuição será ainda maior.  As escolas reduzem muito a carga horária e limitam o trabalho. Algumas vezes focam na questão pedagógica e esquecem do autoconhecimento e da valorização da saúde mental que é fundamental para o rendimento escolar. A (o) psicóloga (o) pode fazer a diferença”.

Atuação em Sergipe

A psicóloga relata ainda que no contexto escolar existe a necessidade da (o) profissional de Psicologia, principalmente, quando se leva em consideração a condição de vulnerabilidade social como link direto com os problemas na várias frentes. 

“É de suma importância que haja uma elaboração de políticas públicas que incluam a (o) psicóloga(o) na equipe educativa porque hoje as escolas trazem uma proposta cada vez mais ampliada de trabalhar o universo do aluno, de acordo com as competências socioemocionais que refletem no aprendizado”.

Em Sergipe, a inserção  da (o)  psicóloga (o) nas unidades de ensino, está prevista em lei desde 19 de setembro de 2007 (Lei 6.204). Entretanto, assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Educação informou que não há psicólogas (os) nas escolas da rede, mas adiantou que mantêm um núcleo que desenvolve atividades de prevenção à violência nas escolas desse 2015. 

O trabalho é feito por uma equipe multidisciplinar de psicólogos, assistentes sociais e pedagogos que trabalham com a cultura da não violência, através do Sistema de Aviso Legal por Violação e Exploração de Crianças e Adolescentes (SALVE), do programa Estadual de Combate à Intimidação Sistêmica (Precise), do Programa Acolher.

Em 2019,  o foco do Núcleo é a ação de prevenção às violências, habilitando os educadores como possíveis técnicos referências, agentes e multiplicadores da mediação de conflito, a fim de que tenham autonomia para mediar e conciliar no ambiente escolar.

Com o objetivo de combater a evasão escolar, a violência e aproximar as famílias da escola, a regulamentação da inserção da (o) psicóloga (o) e assistente social, no município de Aracaju aconteceu em agosto de 2016 com a lei 4.825, depois de três anos de tramitação na Câmara de Vereadores.

Segundo Manuel Prado, diretor de ensino da Secretaria de Educação de Aracaju, apesar da lei não houve concurso público para ingresso de profissionais na rede, nem contratação de temporários, mas confirmou que a SEMED mantêm um núcleo de atendimento que é coordenado por uma psicóloga e que na identificação de um caso, o aluno é acolhido e  encaminhado para avaliação  no serviço de acolhimento em instituição de abrigo.


Por Amália Roeder
Foto: CRP/SE

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