Ex-ministro de Lula e Dilma condena a linguagem neutra “imposta” à sociedade por organizações

O ex-deputado federal pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Aldo Rebelo (sem partido), que foi ministro nos governos Lula e Dilma, criticou a linguagem neutra, que utiliza pronomes como “todes” e “todxs”, palavras inexistentes na gramática brasileira.

Para o ex-comunista, o identitarismo e a linguagem neutra representam a criação de um idioma não existente no Brasil, um atentado à sociedade e uma imposição inaceitável.

“É algo importado, inaceitável. Não é linguagem neutra, o que estão querendo impor é outra língua. O que estão querendo fazer não é o uso das palavras existentes. É a criação de uma outra língua, de um outro idioma, porque estão inventando palavras que não existem na língua portuguesa. Não é o problema do gênero, é a tradição, a cultura”, diz Rebelo, em reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, acrescentando que a cultura do woke só interessa às grandes corporações.

“Aqui no Brasil, essa agenda tomou conta do mercado, pelas corporações que estão nisso, da mídia, de certa forma o Legislativo vai entrando nisso e o Judiciário nem se fala”, afirmou, lamentando que a agenda do crescimento perdeu sentido diante da “agenda identitária e da guerra cultural”.

“Em 2011, 2012, 2013, 2014, o Brasil mergulhou naquele movimento ‘Não Vai Ter Copa’, de sabotagem contra o Brasil, com setores desorientados da política, de tudo quanto é tendência. Nas ruas, um movimento pesado, difícil, e o país mergulha em um certo processo de desorientação, a agenda do desenvolvimento e do crescimento perde um pouco sentido em função de outras agendas: a agenda identitária, a agenda da guerra cultural, a agenda da fragmentação”, declarou, ressaltando que o Brasil é uma nação “essencialmente mestiça” e que estão tentando transformá-lo em um país “de pretos e brancos”.

“Essa é a nossa marca, a miscigenação. Agora querem transformar em um país de pretos e brancos. Acho uma coisa criminosa, inaceitável, imposta de fora para dentro, financiada de fora. Porque se o Brasil chegar à conclusão de que somos um país dividido entre africanos e europeus, nós vamos ter que reconhecer que passamos 500 anos errados, equivocados. E que tudo aquilo que o Gilberto Freyre e o Darcy Ribeiro falaram do povo brasileiro, do mestiço que é bom, estava errado. É isso que querem nos impor”, argumentou Rabelo, em evento realizado no Instituto General Villas Bôas (IGVB).

A cultura do work é um conjunto de valores, símbolos, artefatos, regras explicitas ou implícitas, modelos e comportamentos compartilhados por membros de uma organização, em todos os níveis, que diferencia uma organização das demais.

O pronome “todes” é frequentemente usado, principalmente, por pessoas que se identificam ideologicamente de esquerda ou centro-esquerda.



Por Redação
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

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