Ex-candidato a vereador em São Cristóvão coloca sob suspeição patrimônio de Emília Correia

Ao disputar as eleições 2016, a defensora pública Emília Corrêa declarou à Justiça Eleitoral pouco mais de R$ 80 mil em bens. Na eleição seguinte, em 2018, quando disputou vaga na Câmara dos Deputados, já na condição de vereadora de Aracaju, Emília declarou ao TRE patrimônio de quase R$ 1 milhão

Quando foi empossada vereadora da capital, em 2017, Emília Corrêa (Patri) possuía apenas um apartamento financiado e um carro avaliado em R$ 60 mil. Do valor total do financiamento do imóvel, a parlamentar disse à Justiça Eleitoral ter pagado R$ 20.728,55, totalizando pouco mais de R$ 80 mil em bens declarados.

Como candidata a deputada federal, em 2018, Emília apresentou nova declaração de bens ao TRE/SE (Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe), na qual listou bens e aplicações financeiras, que, somados, totalizam R$ 991.109,031, ou seja, um salto de 1.127% em relação ao patrimônio declarado à Justiça Eleitoral dois anos antes.

Depois que assumiu o mandato de vereadora, a defensora pública Emília Corrêa se desfez do carro que dizia valer R$ 60 mil e adquiriu dois novos veículos, avaliados em exatos R$ 92 mil, cada, conforme declaração de bens apresentada pela parlamentar à Justiça Eleitoral.

Além dos carros novos, Emília agora é dona de um apartamento no valor de R$ 400 mil. Mas o salto patrimonial da parlamentar se deve, também, aos R$ 227 mil que afirma ter juntado a partir de um plano de previdência privada (VGLB), aos R$ 50 mil depositados que agora tem em sua conta corrente, e a mais outros R$ 20 mil em aplicações não especificadas, tudo isso conquistado em apenas dois anos.

Malversação

Em 2018, Emília pagou com recursos públicos por um serviço não executado. Então presidente do diretório estadual do Patriotas em Sergipe (PATRI/SE), o baiano Uezer Marquez foi contratado para atuar como coordenador geral da campanha de Emília a deputada federal, serviço este pago com dinheiro do contribuinte antes mesmo de ter sido executado, conforme prestação de contas entregue pela candidata à Justiça Eleitoral.

Em contrato de prestação de serviço assinado no dia 27 de agosto de 2018 com a candidata Emília Corrêa 5151 (PATRI), Uezer Marquez – pouco mais de um mês após reassumir o comando do partido – se obrigou a atuar como coordenador geral da campanha de sua correligionária em regime de dedicação exclusiva e sem vínculo empregatício pelo prazo determinado de 42 dias, ou seja, até 7 de outubro, dia do primeiro turno das eleições. Pela prestação desse serviço, a candidata Emília se comprometeu a pagar R$ 20 mil.

Às 10h15 da manhã do dia seguinte à celebração desse contrato, em 28 de agosto – no segundo dia de serviço, dos 42 dias contratados -, Uezer emitiu Nota Fiscal de Serviços Eletrônica – NFS-e Avulsa no valor de R$ 20 mil, referente ao serviço de coordenação da campanha da candidata Emília Corrêa, conforme o contrato firmado por ambas as partes. Poucas horas depois, às 14h41, restando ainda 40 dias de serviços a serem prestados, a candidata Emília transferiu eletronicamente para a conta de Uezer R$ 20 mil, a título de pagamento da nota fiscal recém-emitida.

Constituída como pessoa jurídica, a candidata Emília Corrêa 5151 abriu conta bancária no dia 16 de agosto para fins de movimentação de recursos financeiros na campanha eleitoral de 2018. A primeira movimentação registrada nessa conta foi um depósito de R$ 200 mil, doação do Patriotas à candidata Emília, feita no dia 21 de agosto, com verbas públicas, oriundas do FEFC – Fundo Especial de Financiamento de Campanha. Foi com esse saldo bancário que, sete dias mais tarde, Emília pagou a Uezer pelos serviços contratados, porém não executados.

A candidata Emília Corrêa 5151 arrecadou pouco mais de R$327 mil em recursos financeiros. Deste total, 91% foi oriundo de doação partidária feita pelo Patriotas com dinheiro público destinado ao financiamento de campanhas eleitorais, o FEFC. Por serviços prestados por terceiros, como o que fora contratado junto a Uezer, de difícil verificação de sua efetiva prestação, a candidata Emília Corrêa 5151 desembolsou R$ 161,3 mil, mais de 50% dos R$ 300 mil que recebeu de doação do partido.

Diante dos dados apresentados, o Imprensa 24h instiga o leitor a refletir sobre como se comportaria a riqueza da defensora pública se esta exercesse, numa hipótese remota, o cargo de prefeita da capital – haja vista a disposição da vereadora em disputar tal cargo -, considerando que, enquanto parlamentar, em apenas dois anos, Emília fez crescer em mais de 11 vezes o patrimônio pessoal.

Blog de Nélio Miguel, ex-candidato a vereador

Comente

Participe e interaja conosco!

Arquivos

/* ]]> */