“Ai que saudade, quando eu tinha uma estrutura de verdade”, essa foi uma das frases entoadas pelos estudantes do Centro de Excelência Professor Gonçalo Rollemberg no ato realizado em frente à escola no Bairro Grageru, na manhã desta quarta, dia 31.
“Estamos aqui pelos nossos direitos, por dignidade, queremos o prédio original do Gonçalo de volta”, diz a estudante Alana, do terceiro ano do Ensino Médio.
A comunidade escolar já tinha buscado outras alternativas, como diálogos, ofícios, para saber porque a obra estava parada, mas a falta de respostas fez com que todos se organizassem para realizar um ato em frente à escola cobrando providências da Seduc.
O prédio original do Gonçalo é um retrato do desalento, pois a empresa responsável abandonou a obra e agora o que estava previsto para ser entregue em março de 2022 não tem perspectiva de término nos próximos meses.
Desde 2020 quando a obra foi iniciada, estudantes, professoras, professores e as demais trabalhadoras e trabalhadores da escola vivem de forma nômade primeiro foram para um prédio no Bairro Coroa do Meio que era inadequado, ao ponto de a escola fazer revezamento de estudantes.
Depois de muita luta foram transferidos para o antigo prédio da Universidade Tiradentes no centro comercial de Aracaju, mas o que parecia ser a solução enquanto a obra continuava, se transformou em mais problemas.
Prédio a beira da insalubridade
Não há ventilação adequada nas salas, a acústica é horrível, há sérios problemas de acessibilidade, não há banheiros adequados.
“Estudamos em tempo integral e não temos chuveiro, não há sequer um banheiro decente, não podemos escovar os dentes, as salas são calorentas, as escadas não tem corrimão. É tudo muito ruim. A atual condição que o Gonçalo vive não abarca os nossos sonhos”, afirma Aline Menezes, estudante do terceiro ano do Ensino Médio e integrante do Grêmio Estudantil.
Ana Paula é mãe de Ingrid, estudante do primeiro ano e contou a angústia que vive todos os dias quando a filha chega da escola e conta quão precária é a situação do prédio onde estão hoje.
“Como mãe, fico preocupada. É muito angustiante ver o que minha filha passa todos os dias. Queremos que essa obra termine, que minha filha estude numa escola decente”, observa.
Caminhada para a Seduc
A proximidade com a Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc) levou os estudantes, professoras e professores em caminhada até a secretaria e buscar dialogar com o secretário. Os estudantes e professores puderam colocar todo o desespero que passam todos os dias.
Além da precariedade do prédio, ainda há a questão de segurança. Mesmo localizado no centro comercial de Aracaju, o horário de chegada dos estudantes, entre 6h30 e 7h30, é perigoso, pois a região está deserta. Estudantes já foram vítimas de assaltos e ameaças.
Todos esses problemas fizeram com que as matrículas da escola caíssem de aproximadamente 800 estudantes em 2021 para pouco mais de 300 em 2023.
“Estamos no Gonçalo por que amamos o trabalho que é feito pelos professores e professoras. São eles que fazem que nos fiquemos lá mesmo com as péssimas condições”, salienta Aline.
O secretário de Educação, Zezinho Sobral, informou que o contrato com a empresa foi rompido e será necessário um novo processo licitatório, que a Seduc irá informar aos professores e estudantes todas as informações relativas à obra e que o setor de engenharia da secretaria ficará responsável. A partir dessa informação, professores e estudantes solicitaram a mudança de prédio.
A solução apresentada pelo secretário é que no momento sejam feitas melhorias no prédio onde a escola está funcionando e que sejam estudadas outras alternativas.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Educação Básica do Estado de Sergipe (Sintese), Roberto Silva, o ato realizado pelos estudantes e professores foi importante para colocar não só para a Seduc, mas também para a sociedade sergipana as angústias vivenciadas por essa comunidade escolar.
“Esperamos que a partir de agora haja o diálogo permanente com a comunidade escolar para que a obra seja retomada o mais rápido possível e que também seja concluída com celeridade para que todos possam voltar ao prédio original”, afirma o dirigente sindical.
Por Caroline Santos
Fotos: Divulgação
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