“Estou com medo de ver pessoas nas calçadas aguardando uma vaga”, desabafa intensivista

“Eu acabei de viver uma situação que é surreal. Eu tive que pedir ajuda aos colegas de UTI para entubar simultaneamente três pacientes, dois deles jovens, um de 31 anos e outro de 42 anos”. Com essas palavras, o médico intensivista Luiz Flávio Prado usou suas redes sociais para desabafar e chamar a atenção dos governantes e da população sobre a gravidade e o momento crítico em que o país está vivendo por causa da pandemia de coronavírus.

“Nunca passei por uma situação dessas. São pacientes que evoluem rápido e muito grave, e a gente não vai ter mais vaga porque quando a gente entuba um paciente em UTI, normalmente ele vai ficar de 7 a 20 dias ocupando esse leito”, observa o intensivista, que coordena mais 50 leitos no Hospital Cirurgia.

Ele se solidarizou com as famílias que perderam parentes para a doença e lamentou que bares e restaurantes estejam abertos, enquanto hospitais estão fechando suas portas por não terem a capacidade para atender o grande número de doentes.

“Eu estou verdadeiramente pasmo. O que está faltando para as pessoas entenderem o momento que estamos vivendo? Estamos com hospitais fechando as portas e bares, restaurante e shoppings abertos. Por mais que os hospitais queiram ampliar a estrutura, ela é finita! Não temos onde colocar mais pacientes e ventiladores não se constroem e nem se vende na feira. Não teremos com ampliar leitos de UTI com a velocidade que os casos estão acontecendo”, salienta Luiz Flávio, que tem mais de 20 anos de experiência em terapia intensiva.

“Estou verdadeiramente com medo de que a gente comece a ver a situação de pessoas nas calçadas aguardando uma vaga nos hospitais de portas fechadas. Será que teremos que ver as pessoas morrendo nas calçadas para tomar uma atitude?”, conclui.




Por Redação
Foto: Divulgação

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