Durante a pandemia de Covid-19 se tornou um grande desafio barrar o alto contágio da doença em presídios. Em Sergipe, farmacêuticos aceitaram a missão de rastrear esse cenário nos estabelecimentos prisionais no estado. A solicitação partiu da Secretaria de Justiça interessada num mapeamento sobre a prevalência do vírus nesses locais.
Segundo o farmacêutico e doutor em bioquímica, Lysandro Borges, o trabalho foi feito por cinco professores e dez alunos de Farmácia da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Para avaliar esse cenário, o grupo percorreu 10 unidades que abrigavam juntas cerca de 5 mil detentos.
“Nós visitamos todos esses presídios e sistemas prisionais e de saúde, fazendo um N amostral, pegando um pequeno quantitativo em cada presídio. Então nós fomos com todo apoio para que adentrássemos o sistema prisional com a nossa equipe e engajados no propósito de ajudar o próximo sem olhar a quem. Sentimos medo, aflição, mais força de vontade de trabalhar e entregar o que foi solicitado”, destaca Lysandro.
O grupo teve como foco verificar se as visitas aos presos poderiam interferir no aumento de casos de Covid-19 nessa população. Testes de antígenos e de anticorpos foram aplicados nos participantes no dia da visita e 15 dias após o contato. Além dos internos, servidores do sistema também foram testados.
“Como as visitas eram feitas com todo cuidado, com toda cautela, certificando-se que a pessoa não tinham sintomas gripais, as visitas não interferiram no aumento de casos. Esse projeto é um estudo pioneiro no Brasil e no mundo mostrando que a visitação por si não era o grande fator de risco no setor prisional”, frisou o farmacêutico.
A partir do estudo, a Secretaria de Justiça decidiu manter os protocolos de segurança de controle da Covid-19 para as visitas aos presídios, medidas que, antes disso, cogitou flexibilizar.O resultado do trabalho da pesquisa brasileira foi publicado na revista LIFE, publicação de renome e alto conceito internacional.
Por Denise Cecília Souza Coelho/CFF
Foto: CFF/Divulgação
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