O clima continua tenso entre policiais civis, escrivães e auxiliares e os delegados de Polícia Civil, após a Associação dos Delegados de Polícia Civil (Adepol) preparar um projeto que interfere na carreira e nos vencimentos dos policiais civis, rebaixando-os para categoria de nível médio.
O Sindicato dos Policiais Civis de Sergipe (Sinpol) discorda da Adepol e defende o projeto construído pelo sindicato, que unifica a carreira dos policiais civis em Oficial de Polícia Civil, diminuindo a burocracia na Polícia Civil e beneficiando a sociedade sergipana. Caso o projeto do Sinpol seja aprovado, a medida permitirá que o Oficial de Polícia Civil tenha autoridade para fazer o boletim de ocorrência e adotar as providências iniciais sem a necessidade de passar pelo delegado.
“Numa atitude egocêntrica e arbitrária apresentou um projeto que fere frontalmente a sociedade sergipana, desrespeita a SSP, reduzindo inclusive a atividade daquele que está ao lado dele. A atividade de investigação, por exemplo, do agente e do escrivão a um cargo de nível médio retrocedendo há mais de 10 anos atrás, reduzindo os salários, não bastassem os nove anos que estamos sem a revisão salarial anual. O Sinpol representa os policiais civis – agentes, escrivães e auxiliares -, já a Associação dos Delegados representa os delegados. Então, não tinha nada a ver os delegados de polícia se envolverem numa situação como esta, desrespeitando frontalmente a Secretaria da Segurança Pública e quem está ao seu lado. Criou um clima ruim que realmente poderia chegar a um clima incontrolável, por que ninguém trabalha com alguém que não tenha o mínimo de respeito. Mas a gente chamou o feito a ordem após a manifestação pública da delegada geral que se manifestou totalmente avessa a essa arbitrariedade apresentada pela Adepol”, explica, Adriano Bandeira, presidente do Sinpol, ressaltando que o projeto dos policiais civis não interfere nas funções e atribuições dos delegados.
“Eu quero dizer que os delegados e delegadas fiquem tranquilos por que suas funções e atribuições estão previstas na Constituição Federal. A sua função de dirigente e de autoridade policial está prevista no Código de Processo Penal. É preciso entender que a Polícia Judiciária, que é composta por delegados, agentes e escrivães, são todos autoridades policiais dentro da sua competência. Os delegados acreditam, por conta do ser dirigente da Polícia Civil, que o conceito de autoridade policial não cabe a nem uma outra força de segurança pública que não seja o delegado de polícia. Acho que é uma vaidade pontual descabida que em Sergipe está partindo da Adepol, que não representa a totalidade dos delegados de polícia.
O presidente salienta que atitudes de delegados que prejudiquem a carreira dos policiais civis terão respostas e poderão implicar na boa convivência dos delegados e policiais dentro das delegacias.
“Eu vou lutar até a morte para que ele (presidente da Adepol) continue falando aquilo que ele acredita, agora eu também não posso garantir nem para a Secretaria de Segurança Pública, nem ao governador Belivaldo Chagas, nem a sociedade sergipana que essas atitudes arbitrárias não terão respostas, não terão revoltas, não terão indignação, não atrapalharão a boa convivência dentro das delegacias. Isso eu não posso garantir”, observa o policial.
Adriano Bandeira relembra que no ano passado enquanto o secretário de Estado da Segurança Pública, João Eloy, e alguns delegados se preocupavam em preparar um projeto de segurança pública para Sergipe a Adepol chamava o governo Belivaldo de corrupto.
“Foi um start esse desrespeito pela Adepol aos policiais civis, porém quem precisa pegar a caneta e chamar o feito a ordem e dizer: olhe, o governador aqui sou eu. Não invente para a sociedade sergipana que este projeto foi gestado em Brasília, mas um projeto gestado no governo Belivaldo Chagas. Que inclusive, no ano passado, essa mesma associação de delegados chamando-o de um governo corrupto. Enquanto isso, o secretário de Segurança Pública com os delegados de respeito no estado de Sergipe, Jonatas Evangelista, Fábio Pereira, Wanderson e Catarina estavam se debruçando para fazer um plano de governo que envolvia segurança pública séria para apresentar ao governador Belivaldo Chagas. Enquanto isso, essa associação de delegados chamava o governo de um governo corrupto. Nós não coadunamos com esse tipo de comportamento”, conclui Adriano.
A entrevista do presidente do Sinpol foi concedida aos jornalistas Paulo Sousa, Rosalvo Nogueira e Lomes Nascimento, na sexta-feira, no Jornal da Manhã (Jovem Pan).
Foto: Rosalvo Nogueira
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