Em defesa da vida e contra a flexibilização do isolamento social, defende CSP-Conlutas

Entidades do movimento sindical emitiram uma nota pública nesta quinta-feira, véspera do dia 1º de maio, data em que se comemora o Dia do Trabalhador, para protestar contra a possível flexibilização do isolamento social. As entidades sindicais avaliam que a flexibilização aumenta o risco de contaminação por coronavírus e coloca em risco a saúde da população.

Na nota, as entidades apontam estudos feitos por diversos países que comprovam a eficácia do isolamento social como forma de evitar a proliferação da doença.

“Diversos estudos têm demonstrado que, diferente de outros países, em que a curva de infecção começa a diminuir, a pandemia da Covid-19 ainda não atingiu o seu ápice aqui no Brasil. O país encerra o mês de abril com aproximadamente 80 mil casos confirmados e quase 6 mil mortes registradas”, observa a nota, lamentando Decretos do Governo do Estado e da Prefeitura de Aracaju que flexibilizam a quarentena.

“Mas, para preocupação e espanto generalizados, o Governo de Sergipe e a Prefeitura de Aracaju publicaram decretos que permitem a abertura de inúmeros setores do comércio e, assim, contribuem objetivamente para a ampliação dos casos. O resultado dessas medidas pode ser observado em fotografias verídicas que já circulam pela internet demonstrando grandes circulações de pessoas nas áreas centrais da cidade”, critica.

Confira na íntegra a nota pública da CSP-Conlutas.


Nota Pública da CSP-CONLUTAS e sindicatos filiados

Os movimentos sociais, sindicatos e entidades populares que integram a CSP-Conlutas em Sergipe vêm, através desta nota pública, prestar solidariedade a todas as trabalhadoras e trabalhadores – em especial das áreas da saúde e assistência social – que têm dedicado os seus esforços no enfrentamento à COVID-19, contribuindo decisivamente para a preservação de vidas de mulheres e homens do nosso estado, do país e do mundo. A pandemia do novo coronavírus têm demonstrado o papel fundamental dos serviços e servidores/as públicos para o povo brasileiro.

Também por meio desta nota expressamos o nosso repúdio às recentes medidas de flexibilização do isolamento social adotadas pelo Governo do Estado e pela Prefeitura de Aracaju.

Diversos estudos têm demonstrado que, diferente de outros países, em que a curva de infecção começa a diminuir, a pandemia da Covid-19 ainda não atingiu o seu ápice aqui no Brasil. O país encerra o mês de abril com aproximadamente 80 mil casos confirmados e quase 6 mil mortes registradas.

O crescimento semana a semana do número de infectados e óbitos que se verifica em nível nacional, ocorre também aqui em nosso estado. Já são cerca de 400 sergipanas e sergipanos contaminados e 12 mortes. Para que se tenha ideia da gravidade do atual momento, há um mês, em 31 de março, não havia nenhum óbito causado pela Covid-19 e eram 22 os casos confirmados em Sergipe.

Nesse cenário de ampliação exponencial, as ações do poder público deveriam ser: reforço às medidas de isolamento social, garantia de direitos trabalhistas às pessoas que trabalham nos serviços essenciais, redução dos setores em funcionamento e maior proteção aos setores mais vulnerabilizados da população.

Mas, para preocupação e espanto generalizados, o Governo de Sergipe e a Prefeitura de Aracaju publicaram decretos que permitem a abertura de inúmeros setores do comércio e, assim, contribuem objetivamente para a ampliação dos casos. Estão em funcionamento lojas de perfumaria, eletrodomésticos, produtos de climatização, papelarias, livrarias, armarinhos, dentre outras.

O resultado dessas medidas pode ser observado em fotografias verídicas que já circulam pela internet demonstrando grandes circulações de pessoas nas áreas centrais da cidade.

Assim, os pedidos dos gestores públicos para que as pessoas fiquem em casa não parecem passar de discursos vazios, já que as suas ações concretas estimulam as pessoas a voltarem às ruas, como se vivêssemos em tempos de normalidade.

Para nós, da CSP-Conlutas e entidades filiadas, não restam dúvidas que as medidas do Governo de Sergipe e da Prefeitura de Aracaju são um gesto de afago ao empresariado do estado, que tem como preocupação principal o lucro e não as vidas das pessoas.

Essa realidade é ainda mais perversa considerando a estrutura precária de saúde do estado e a profunda desigualdade econômica, social, racial e de gênero que caracteriza Sergipe e o Brasil. Isso fica visível quando os números confirmam que é nas populações das periferias e bairros populares que o coronavírus mais tem sido transmitido nesse momento.

É fundamental, nesse sentido, que o Governo de Sergipe e a Prefeitura de Aracaju: a) revertam os últimos decretos, determinando o fechamento de todo o comércio; b) reforcem as medidas de isolamento social; c) garantam estrutura para todas as trabalhadoras e trabalhadores da saúde, assistência social e demais serviços essenciais; d) e promovam, em caráter emergencial, políticas públicas de destinação de renda, alimentos e equipamentos de proteção individual às famílias mais pobres do estado.

Entendemos que caminho semelhante deve ser adotado pelas demais administrações públicas municipais.

Aos agrupamentos políticos que integram e apoiam as gestões estadual e municipais, conclamamos a importância de se posicionarem no sentido aqui defendido.

A hora exige uma única saída: de defender as vidas do povo sergipano e brasileiro.

Aracaju (SE), 30 de abril de 2020.

  • CSP Conlutas – Central Sindical e Popular
  • ADUFS – Associação dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe
  • SINDICAGESE – Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Cimento, Cal e Gesso do Estado de Sergipe
  • SINDIPETRO – Sindicato Unificado dos Trabalhadores Petroleiros, Petroquímicos, Químicos e Plásticos nos Estados de Alagoas e Sergipe
  • SINDISCOSE – Sindicato dos Servidores em Conselhos e Ordens de Fiscalização Profissional e Entidades Coligadas e Afins do Estado de Sergipe
  • SINDMARKETING – Sindicato dos Trabalhadores em Telemarketing e Empregados de Empresas de Telemarketing do Estado de Sergipe

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