Em crise, UNIMED Sergipe rescinde contratos e prejudica milhares de usuários do plano de saúde

Milhares de usuários do plano de saúde UNIMED em Sergipe foram surpreendidos nesta segunda-feira com uma decisão unilateral da Unidade Médica de Saúde em cancelar inesperadamente o atendimento do plano de saúde para alguns hospitais e clientes históricos do plano empresarial.

Em documento encaminhado aos seus clientes e colaboradores, a Diretoria Executiva da UNIMED em Sergipe atribui à crise financeira da Cooperetaiva Médica para rescindir contratos ou reduzir em 30% alguns serviços prestados. De acordo com relatório encaminhado aos cooperados, tudo que está sendo arrecadado pelo plano de saúde tem sido insuficiente para pagar os custos com a assistência à saúde.

“Mantendo o compromisso de transparência com nossos cooperados, diante do grave momento que atravessa, vem informar algumas das medidas que estão sendo colocadas em prática de forma a recuperar o equilíbrio financeiro. Conforme apresentado e discutido em assembleia geral extraordinária em 14 de dezembro de 2021 e ordinária, em 21 de março último, a Unimed Sergipe, assim como a maioria das operadoras de planos de saúde, atingiu índice de sinistralidade muito superior a 90% em média, por vezes, em alguns meses, acima de 110%, o que significa que ao atingir este nível, tudo que arrecadou, foi insuficiente para pagar os custos com a assistência”, explica o documento que o Hora News teve acesso.

Ainda, segundo o documento, as despesas médicas aumentaram 24% em média quando comparadas ao ano anterior e 19% acima dos níveis pré-pandêmicos em 2019, persistindo o aumento do número de procedimentos e exames e os altos custos de insumos no mesmo patamar, mesmo após o pico da pandemia de Covid-19.

“Em 2021, as despesas médicas subiram 24% quando comparadas ao ano anterior e 19% acima dos níveis pré-pandêmicos em 2019. A causa é multifatorial, tendo como base os altos custos de assistência provocados pelo segundo pico da pandemia por COVID-19, sejam eles assistenciais diretos (internações prolongadas em UTI) e/ou por aumento de custo de insumos (materiais e medicamentos) muito além da inflação em saúde. Passado o pico da pandemia, persistem o aumento do número de procedimentos e exames e os altos custos de insumos no mesmo patamar. A variação dos custos médicos hospitalares (VCHM) manteve-se superior a 27%, enquanto a nossa despesa assistencial do ano passado superou 570 milhões dos quais, somente a despesa com COVID, correspondeu a 12% do total, representando mais de 72 milhões de reais”, justifica Carlos Alberto Barreto de Mendonça, diretor-presidente da UNIMED Sergipe.

“Esta redução de receita impacta negativamente em 68% dos contratos de nossa carteira, predominantemente composta de planos individuais, sendo um agravante da situação em relação às demais operadoras, posto que a média nacional de planos individuais é 18%”, completa.

Um dos clientes empresariais afetados pela medida é o Grupo Tiradentes, que critica a decisão inesperada da Cooperativa UNIMED em rescindir o plano de assistência à saúde sem oferecer alternativas aos seus colaboradores.

“Prezando pela transparência de informações com seus colaboradores, o Grupo Tiradentes informa aos usuários do Plano de Saúde UNIMED o recebimento inesperado de um comunicado sobre a rescisão do plano empresarial de assistência à saúde da UNIMED. É importante esclarecer que diversas empresas do Estado também estão recebendo este comunicado de rescisão via Operadora Unimed. A diretoria do Grupo Tiradentes demonstrou à UNIMED a importância dessa negociação, já que possuímos diversos colaboradores que fazem uso desse plano de saúde, com uma história de reciprocidade e confiança ao longo desses 22 anos de parceria. No entanto, a UNIMED não aguardou a finalização da negociação e, no dia 31 de maio de 2022, enviou uma notificação comunicando o prazo de 30 dias para a rescisão do contrato”, lamenta Luciano Klima, presidente do Grupo Tiradentes.

O Hospital São Lucas também comunicou nesta terça-feira (22) que cancelou o atendimento pelo plano UNIMED. De acordo com a direção da unidade hospitalar, a decisão se dá pelo fato da UNIMED ter deixado de cumprir com algumas cláusulas do contrato, matendo sistematicamente o atraso no pagamento dos serviços prestados pelo hospital.

Preocupado com a situação, o Ministério Público do Estado de Sergipe (MP-SE) convocou uma reunião emergencial com a diretoria da UNIMED e do Hospital São Lucas para discutir o assunto.

“O Ministério Público de Sergipe, por meio da Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor de Aracaju, realizará nesta quarta-feira, 22, a partir das 11h, uma Audiência Pública Emergencial Virtual para reverter a situação da decisão do Hospital São Lucas de suspensão do atendimento aos usuários do plano de assistência à saúde da Unimed Sergipe, por causa de problemas no contrato com a Cooperativa Médica. A situação apresentada poderá gerar graves prejuízos aos consumidores, diante de eventual desassistência”, diz nota encaminhada ao Hora News.

O Ministério Público de Sergipe instaurou inquérito civil e notificou as partes para a audiência. O órgão ministerial quer apurar o que realmente motivou o cancelamento da prestação dos serviços ambulatorial e hospitalar e, com isso, tentar reverter a decisão.

Por Redação
Foto: Agência Senado


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