Edvaldo finge não notar o perigo que o espreita

Em entrevista concedida a uma emissora de rádio, na última quinta-feira, 6, a pré-candidata a prefeita Danielle Garcia (Cidadania) afirmou que “Katarina Feitosa aceitou a proposta de Jackson Barreto para que o Deotap fosse desmontado e que sua cúpula fosse mudada”.

Em resposta, Katarina Feitoza asseverou que a delegada Danielle Garcia se mostra como alguém insubstituível e que o discurso de perseguição não tem justificativa. “O cemitério está cheio de insubstituíveis. Ninguém é insubstituível. Ela fala que foi perseguida, que eu liderei o desmonte do Deotap. A instituição só presta se ela estiver lá? Esse discurso de perseguição está cansativo. Não tem justificativa”.

De fato, ninguém é insubstituível. Mas essa não é a questão central, e sim se o Deotap sofreu ingerência política para deixar de atuar da forma como vinha atuando desde sua fundação. Se tal interferência existiu, quem quer que tenha concorrido para o desmonte do departamento não tem legitimidade nem estatura moral para ocupar um cargo público eletivo, aliás, cargo público nenhum.

Eu tenho repetido à exaustão que a Operação Babel foi um divisor de águas na forma de atuação do Deotap. A Polícia Civil foi longe demais naquela investigação, decidiram os donos do poder político e econômico. É indiscutível que, a partir daquela operação e das consequentes mudanças de comando, o departamento se retraiu, perdeu o protagonismo de outrora, virou um puxadinho do GAECO. Logo, a depender de quem esteja com a razão sobre os motivos que levaram à mudança no comando e na forma de atuação do Deotap, Edvaldo Nogueira, mais do que qualquer outro pré-candidato, deve colocar as barbas de molho na hora de escolher o seu vice.

Explico: quem tem poder para puxar o freio de mão do Deotap, sejam quais forem os motivos, também tem força (e a chancela de muita gente graúda) para acionar o modo turbo de atuação do departamento se isso for conveniente. Entenda-se como conveniente, por outro lado, aquilo que for mais adequado aos interesses de um grupo de pessoas que está muitos degraus acima de nós no que diz respeito à capacidade de influenciar e movimentar os bastidores da política.

Não é preciso recorrer aos Protocolos dos Sábios de Sião para deduzir que Edvaldo Nogueira está na iminência de ser esmagado brutalmente pelo rolo compressor do sistema, independentemente de ter ou não culpa no cartório das demandas reprimidas. Forças titânicas, movidas por interesses nada republicanos, já decidiram que a sua função, nessas eleições, será a mesma do sapo que, na fábula, aceita levar o escorpião nas costas para o outro lado do rio.

Paulo Márcio é delegado de polícia, ex-presidente da Adepol e pré-candidato a prefeito de Aracaju pelo Democracia Cristã.

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