Saúde nas Entrelinhas – Foi publicado hoje no site do Sindicato dos Professores de Escolas Públicas de Sergipe artigo onde ratificam a decisão de permanecer no que chamaram de “Greve pela Vida”.
De fato, não vemos desde o início da pandemia ações estratégicas do governo para criar protocolos de segurança para o trabalho de professores em sala de aula no serviço público. Não é e nunca foi prioridade o retorno em segurança nas escolas.
A escola é realmente um local de aglomeração de crianças que vem de núcleos familiares distintos onde cada membro possui um grau de exposição e risco de contaminação diferente.
Não dá para simplesmente abrir o portão e mandar todos entrarem outra vez. Medidas de afastamento, protocolos de limpeza, provisões de máscaras, sabão e álcool gel são alguns itens básicos para o retorno seguro.
Prioridades
O que parece que também foi esquecido é a importância da educação e dos professores, não esquecido só pela gestão.
Quando falamos em suspensão de aulas no sistema púbico, estamos falando de crianças vulneráveis deixando de receber talvez a melhor refeição do dia, estamos falando em deixá-las expostas a ambientes insalubres e a relacionamentos conturbados. Estamos falando em tirar delas a oportunidade de sair da ignorância e conseguir rumar para uma vida melhor.
A Educação Privada conseguiu uma alternativa, que também possui impacto negativo, que são as aulas online. Crianças ansiosas, cansadas, tendendo cada vez mais a aumento de peso e sedentarismo multiplicam-se pelos lares do nosso Estado, mas não deixam de ter aulas e de serem provocadas a aprender e a pensar. Longe de ser o método ideal, alunos de escolas particulares têm acesso a diretrizes no aprendizado, o que está sendo omitido completamente aos alunos da rede pública que não conseguiram acesso a este tipo de abordagem educacional.
Responsabilidade
Como médica lembro-me do desespero de todos os profissionais da saúde no início da pandemia onde estavam e permaneceram expostos por muito tempo a contaminação pela Covid-19 sem ter equipamentos de proteção adequados. Foram inúmeras reuniões e atos solicitando ao governo condições adequadas para a assistência a pacientes infectados. A batalha foi dura, mas sempre havia um médico lá. Também havia enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas e uma grande equipe de apoio se expondo em equipamentos públicos sucateados e sem condições de higiene adequados para realizar atividades assistenciais em segurança. Quem era grupo de risco se realocou ou se afastou, mas nenhum hospital fechou o portão e disse para ninguém entrar. Na época, nem se falava de vacina.
Essencial
Mais uma confusão de definição causada pela pandemia. O que é ser essencial? Pelo dicionário essencial é: “O que é inerente a algo ou alguém, que constitui o mais básico ou mais importante em algo; fundamental”.
Educação é fundamental. Tantas são as batalhas pela valorização da educação e dos professores, batalhas essas que nem deveriam ser lutadas, porquê tratam de um assunto essencial. Nosso país enfrenta tantos desafios como a enorme desigualdade social pela falta de valorização da educação. Escolas são tão essenciais como ter um hospital para cuidar, um emprego para sustentar e uma casa para viver.
Até semana que vem!
Paula Saab é mastologista pelo Hospital Sírio Libanês, especialista em Gestão de Atenção a Saúde pela Fundação Dom Cabral e Judge Business School (Universidade de Cambridge), membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia e articulista colaboradora do Hora News.
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