Nossas rotinas ganham a presença permanente de celulares, notebooks e tantos outros gadgets que tomam o nosso tempo.
A Constituição incorpora o Direito a Saúde, e logo produtores de aplicativos e periféricos são confrontados com os valores da nossa Magna Carta, bem como o desafio de manter a saúde em meio a tantas horas dedicadas a esse universo tecnológico. A desconexão, logo se traduz como uma necessidade imperial.
A desconexão digital é evidentemente um dos grandes resultados a que muitos chamam de minimalismo digital, ou seja, a maneira que diminua a presença da vida digital no dia a dia.
No livro Minimalismo Digital, de Cal Newport ele lembra se de um importante artigo de 2010, publicado no American Journal of Thought, onde se conclui que cada vez mais as evidências sugerem que os vícios comportamentais se assemelham aos vícios químicos em muitas esferas. O artigo aponta o jogo patológico e o vício em internet como dois exemplos precisos desses distúrbios.
Quando a Associação de Psiquiatras norte americana publicou a sua quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, feito em 2013, incluiu pela primeira vez a dependência comportamental como uma patologia diagnosticada. Isso claro, nos leva de volta ao autor que depois de revisar os principais títulos da literatura psicológica e entrevistar inúmeras pessoas influentes no mundo da tecnologia, percebeu que dois fatores ficavam evidenciados. Primeiro, as novas tecnologias são desenvolvidas com ênfase a promover vícios comportamentais ligados à tecnologia, que tendem a ser moderados em comparação com as fortes dependências químicas causadas por drogas e cigarro. Não à toa que as pessoas costumam dizer que o celular é a nova nicotina.
Logo, lança-se um desafio: Se eu forçar você a sair do Facebook é provável que você não sofra sintomas muito graves de abstinência ou saia escondido para ir até uma lan house e poder logar no seu perfil. Por outro lado, esses vícios ainda são bastantes prejudiciais ao seu bem estar. Você pode não sair de casa para acessar o Facebook, mas se o aplicativo estiver a apenas um toque de distância no smartphone no seu bolso, um vício comportamental moderado dificultará muito mais para você resistir às famosas e constantes espiadas na sua conta.
Durante seu dia a dia verifique hoje o Facebook, que traz dispositivos que permitem controlar o uso, uma inovação dos últimos anos para o Facebook justamente para fazer sua mea culpa de quem oferta uma arquitetura viciante.
O Facebook é feito tem uma arquitetura estudada para que as pessoas passem o maior tempo possível. E assim funciona com todas as redes sociais, elas precisam que você fique muito tempo, quanto mais tempo e quanto mais participação e interação nessa rede social, mais dados ela vai poder ter e com isso identificar seus hábitos e construir e ofertar produtos que melhor caibam no seu bolso ou gosto.
Logo, acima desses estudos, surge um grande questionamento: Até que ponto nós devemos ou conseguimos ter uma vida saudável diante de todos esses celulares?
Famosos como Madonna, por exemplo, já fazem parte da tendência chamada de FOMO – Theory of Missing Out ou medo de estar perdendo alguma coisa, que já é responsável por um novo segmento de negócio em que hotéis, bares, restaurantes, casas noturnas e outros negócios que bloqueiam o uso da Internet para estimular o contato pessoal entre os clientes. Isso é assustador, imaginar que surge um novo negócio focado exclusivamente em reter a atenção das pessoas para que elas se desliguem do celular é assustador.
Os celulares passaram a se portar como um vício, logo, é fundamental fazer uma faxina digital. Por isso que é cada vez mais presente o movimento pela desconexão.
Comece por limpar a tela do seu celular dos aplicativos que você não usa, anote no lado qual foi a última vez que você utilizou cada um desses aplicativos, é bem fácil limitar horários para entrar no celular, o que pode deixar você com muito mais tempo para coisas importantes na vida como olhar para a mulher amada, abraçar um filho, caminhar com esse filho e aproveitar as boas coisas que a vida nos oferece mesmo que em tempos de pandemia.
Charles M. Machado é advogado formado pela Universidade Federal de Santa Catarina, consultor jurídico no Brasil e no Exterior, nas áreas de Direito Tributário, Mercado de Capitais e Direito Digital. Foi professor nos Cursos de Pós Graduação e Extensão no IBET, nas disciplinas de Tributação Internacional e Imposto de Renda e também Professor da ESPM/SP em Compliance e Direito das Marcas. Pós Graduado em Direito Tributário Internacional pela Universidade de Salamanca na Espanha.
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